Teatros da Baixada Santista continuam fechados, mas buscam readequações para futuras reaberturas

Produtor cultural avalia cenário e defende reabertura dos teatros com produções menores

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  21/02/21  -  18:30
Rafael Leal cita os três casos de covid detectados na Osesp, após a volta às apresentações
Rafael Leal cita os três casos de covid detectados na Osesp, após a volta às apresentações   Foto: Vanessa Rodrigues

Ainda que o Plano São Paulo permita o funcionamento de teatros na fase amarela em que se encontra a Baixada Santista, deve demorar um pouco mais para que o público volte a assistir espetáculos e shows ao vivo e em cores.


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Dentro das regras estaduais já é possível, neste momento, assim como ocorre com os cinemas, que esses estabelecimentos funcionem com o limite de 40% de sua capacidade, durante dez horas por dia, com controle de acesso, distanciamento e público sentado em lugares marcados, seguindo todos os protocolos de higienização.


Mesmo assim, os equipamentos públicos da região permanecem fechados para apresentações com plateias.


Em Santos, que concentra o maior número desses espaços – teatros Municipal Braz Cubas, Rosinha Mastrangelo, Coliseu e Guarany –, a Prefeitura é taxativa: a reabertura destas salas só acontecerá depois que boa parte da população estiver vacinada.


“Temos esse entendimento de não voltar ainda. A humanidade tem batido cabeça com esse assunto, mas o distanciamento e o uso de máscara ainda são o que fazem mais efeito”, pontua o secretário de Cultura santista, Rafael Leal.


“Na tomada de decisão, estamos observando o que vem acontecendo em algumas cidades. A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de Sâo Paulo) voltou e três músicos tiveram covid. São coisas que a gente não pode brincar e aprendemos com esses erros”.


Ele afirma que apesar dos cinemas já estarem em funcionamento na Cidade, os teatros demandam mais cuidados. “Diferente do cinema, que é só plateia, teatro tem muita gente atrás do palco. Tem os artistas, a produção. Não podemos cometer o erro de voltar”, avalia ele. Em Santos, apenas o Cine Arte Posto 4, que pertence ao poder público, permanece fechado.


Enquanto os locais não abrem as portas, Leal afirma que aproveita esse período em que as atividades estão paradas há quase um ano para reformá-los e adequá-los. O Teatro de Arena Rosinha Mastrangelo foi entregue no final do ano, depois de quase 12 anos de obras paradas. O Municipal passa por obras no telhado e a Prefeitura acaba de assinar um contrato para algumas intervenções para obter o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O Guarany passou por obras internas. O principal problema atualmente é o Coliseu, cujas obras voltaram a ser paralisadas no início da pandemia e Estado e Prefeitura buscam um entendimento para dar continuidade aos trabalhos.


Outras cidades


Praia Grande é outra cidade que aproveitou o período de paralisação por conta da pandemia para fazer manutenção. O Teatro Municipal Serafim Gonzalez, localizado no Palácio das Artes, passa por adequações estruturais e tem data definida para a reabertura.


Em Guarujá, apesar do Teatro Procópio Ferreira não estar aberto ao público, vem agendando algumas atividades, sobretudo on-line, dos projetos contemplados pela Lei Aldir Blanc. A Prefeitura prepara uma agenda quadrimestral de espetáculos com projetos aprovados em edital, que deve ser lançado até o fim de março.


A Prefeitura de São Vicente informa, por nota, que está preparando os equipamentos culturais da Cidade para que, “o mais breve possível, eles possam receber os visitantes com total conforto e segurança” e destaca que a Estação Cidadania, no Humaitá, e o Espaço Multicultural, na Biquinha, já estão com apresentações agendadas dos projetos da Aldir Blanc.


Em Mongaguá, a Diretoria de Cultura está finalizando o plano de retomada, com base no Plano São Paulo. A estimativa é de que até o início de abril sejam retomados eventos e atividades formativas na cidade.


Cubatão informa apenas que segue “automaticamente” as definições do Plano São Paulo. Entre as propostas do orçamento municipal para este ano está o término do Teatro do Parque Anilinas. As prefeituras de Bertioga, Itanhaém e Peruíbe não possuem teatros municipais.


Shows menores poderiam ser alternativa, defende produtor


O produtor cultural Carlos Valente, que atua há quase 40 anos no setor, defende a reabertura dos teatros com produções menores, reformuladas para este período. “Não há atividade mais segura que as que acontecem em teatros. Não há risco de aglomeração, a arquitetura dos teatros garante isso: há distanciamento entre as fileiras e cadeiras, corredores largos, pé direito alto. E o público é diferenciado e tem o entendimento de que é importante cumprir os protocolos”, lembra ele, que cita o exemplo da Capital e de cidades do Interior que já retomaram as atividades.


Valente afirma que neste momento, produções menores, que exigem menos gente no palco, como monólogos, músicos solistas ou stand ups poderiam ser uma opção de reabertura.


“Essa retomada, ainda que pequena, com um lucro mínimo, onde todos – artistas, produtores, poder público – abririam mão de ganhar mais, seria um ganho maior que simboliza de fato o início da recuperação do setor, que tem uma cadeia produtiva enorme, que está parada há quase um ano”, avalia o produtor.


“Entendemos a cadeia que está parada. Neste período, lançamos o prêmio Mesquitinha e o Facult, que estão acontecendo. São mais de R$ 3 milhões apenas em Santos movimentando a cadeia", afirma o secretário de Cultura, Rafael Leal.


O produtor cultural Luiz Ventura, da Shows em Santos, pensou em retomar as agendas de espetáculos a partir de abril, mas recuou vendo o atraso nas campanhas de vacinação. “Para o tipo de evento que faço, de grandes shows, a conta não fecha em um formato menor. E só vou começar de fato com o público imunizado. Achei que isso fosse acontecer mais rápido e comecei a me programar, mas dei um breque na agenda porque me decepcionei com o ritmo da vacinação. Vou aguardar mais um pouco”, comenta.


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