Simone Simons, da Epica, fala sobre música, pandemia e empoderamento em entrevista

Ícone feminino no metal sinfônico, cantora reflete sobre o último lançamento da banda, Omega, bem como os reflexos do cenário atual na vida pessoal e profissional

Por: Bia Viana  -  10/03/21  -  12:01
Em duas décadas de estrada, a vocalista se reinventou constantemente
Em duas décadas de estrada, a vocalista se reinventou constantemente   Foto: Divulgação

Com quase 20 anos de história, a Epica é uma das bandas mais conhecidas na cena do metal sinfônico. Essa enorme popularidade se deve tanto às jornadas epopeicas traçadas entre seus oito álbuns de estúdio quanto à potência vocal majestosa de sua vocalista, Simone Simons, que eleva a energia da banda. Este ano, eles lançam Omega, o fim de uma trilogia épica que teria tudo para tomar os palcos com grandiosidade - não fosse pela pandemia.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Nessas duas décadas de estrada, a vocalista se reinventou constantemente. Simone também se encontrou como fotógrafa e influenciadora, sustentando um blog sobre moda, cosméticos, maternidade e tendências. Com a quarentena, essas reinvenções tornaram-se ainda mais necessárias. “Estive muito ocupada com meu blog, o lançamento do álbum, muita coisa. Meu filho também tem estado mais em casa, ou seja, tenho muito trabalho mas pouco tempo para trabalhar (risos)”.


Meio Ambiente


Uma das maiores preocupações que Simone transpõe em suas letras é o aquecimento global, tema presente no novo álbum. Mesmo finalizado antes da pandemia, o disco traz a mesma atmosfera de tormenta que vivenciamos nessa crise de saúde mundial. Para Simone, a pandemia é mais uma reação ao descaso ambiental. “É causa e efeito. Tenho escrito sobre aquecimento global e esse tema recorrente da vida oposta à escuridão”. 


A cantora  menciona o movimento Fridays for Future como um bom exemplo de iniciativa coletiva pela mudança desse cenário alarmante. “De certa forma, estamos melhorando. As pessoas estão buscando informações e soluções”. Para ela, os  incêndios da Amazônia, em 2019, foram uma “chamada para ação” global. “As pessoas precisam mudar essa mentalidade de que ‘só eu’ não faço mudanças; juntos, provocamos grandes efeitos”.


Maternidade e empoderamento


Na época de lançamento de The Quantum Enigma, em 2014, Simone se tornou mãe. Desde então, a maternidade tornou-se uma influência em sua música, alterando efetivamente a forma como concebe suas canções. “Eu escrevi esse álbum enquanto estava grávida. Gravamos quando meu filho tinha uns dois meses, e eu o levava para o estúdio comigo”, relata.


“Senti que minha voz mudou. Alcançamos um nível emocional diferente quando nos tornamos pais, é um raio totalmente novo de emoções. Te torna vulnerável, mas também traduz melhor seus sentimentos. Você vê novas perspectivas, entende certas coisas, e torna-se um exercício de onde colocar sua energia”.


Nessa nova fase, Simone se consolida como um modelo maduro para muitas mulheres que tentam uma carreira no rock. Por isso, reflete sobre a mensagem que deixa para as novas gerações. “Sempre busco encorajar as pessoas a serem únicas, serem elas mesmas. Continuem acreditando em vocês, trabalhem duro e sigam sua intuição. O sucesso tem altos e baixos, mas vocês podem ir longe”.


Protagonista em seu segmento, ela deixa um último alerta para o momento atual: “não desistam pelas coisas estarem difíceis. Fiquem seguros, se vacinem e vamos trazer a cena musical de volta à vida juntos”.


Omega


O último lançamento da Epica completa a trilogia mística iniciada com The Quantum Enigma, em 2014. Projetado junto à performance, que é um dos pontos fortes da banda holandesa, o álbum foi abafado pela impossibilidade de shows, devido à pandemia de covid-19. Nenhum dos membros da banda teve covid-19, mas a doença gerou medo. “O pânico é provavelmente mais contagioso que o vírus (risos), mas temos que manter a mente tranquila”, diz Simone.


Terminado pouco antes da pandemia atacar a Europa, o disco reúne cinco anos de novos aprendizados e reflexões, incluindo um breve hiato. Para Simone, é um trabalho que evoca muito da história da banda. “Acho que o álbum traz alguns antigos elementos da Epica, mesmo sendo bem diferente do começo da trilogia. Esta é a terceira e última parte, o nosso disco mais profundo. Estamos muito orgulhosos dele e da nossa evolução”. 


A jornada epopeica ainda não teve seu desfecho, pelo adiamento das turnês. No Brasil, a banda se articula para apresentar seu espetáculo no fim do ano. “A turnê brasileira foi adiada para dezembro, e torcemos para que as coisas estejam melhores para que possamos fazer os shows. Nós estamos prontos para voltar aos palcos, mas temos que ser cuidadosos, pacientes”.


A última experiência da banda no Brasil não foi tão positiva. Em 2019, entre as passagens pelo Tropical Butantã, em São Paulo, e pelo Circo Voador, no Rio, Simone enfrentou uma intoxicação alimentar após consumir um hambúrguer vegano. "O engraçado é que pensamos 'vamos fazer uma escolha saudável', e ficamos realmente doentes. Quando aterrissamos no Rio eu estava muito mal, vomitei no avião, foi muito legal (risos). Tivemos o melhor hotel de toda a turnê e eu não conseguia sair da cama. Mark também ficou muito mal. Foi um desafio, mas conseguimos, com muitos energéticos, barrinhas protéicas e muita água. Tive uma febre alta, mas sobrevivi (risos). A energia dos fãs me ajudou a recuperar". Resta torcer para que a próxima passagem da banda pelo país seja mais divertida - e bem segura, claro, assim que o mundo voltar ao normal. 


Logo A Tribuna
Newsletter