Santos Comic Expo voltará a ser realizado neste ano: 'Nem que seja virtual'

O anúncio foi feito por um dos integrantes de Os Guerreiros, grupo de amigos que organiza a conferência - não realizada em 2020 por conta da pandemia do novo coronavírus

Por: Canal 9 & Marcela Morone &  -  02/03/21  -  11:05
  Foto: Divulgação

Um dos mais tradicionais eventos de quadrinhos do Estado, o Santos Comic Expo voltará a ser realizado neste ano, mesmo diante das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Uma possível solução é que sua edição 2021 ocorra apenas virtualmente, com webinars. O formato definitivo, porém, só deve ser confirmado nos próximos meses.


O anúncio foi feito por um dos integrantes de Os Guerreiros (nome do grupo de amigos que organizam a conferência), José Renato Silva Santos Filho, o Renatinho, durante entrevista dada por parte da “equipe” ao Canal 9 (devido a problemas de agenda, nem todos puderam participar).


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Além dos planos para o Santos Comic Expo, Renatinho e os também guerreiros Fábio Gomes Ribeiro, Alexandre Fidélis Martuscelli e Cláudio Roberto Basílio ainda comentaram sobre seu mais novo projeto, o lançamento do selo editorial SCE Edições e de seu primeiro título, a coletânea trimestral Guerreiro, com histórias roteirizadas e ilustradas por quadrinistas de Santos e região. O número 1 da publicação acabou de sair e o 2 já está em produção. Na entrevista, eles também falaram sobre como se conheceram, a origem da Santos Comic Expo (que ocorreu pela última vez em 2019), o mercado de quadrinhos atual, inclusive na Baixada Santista, e as promessas do setor. Confira os principais trechos a seguir.


C9: Como surgiram Os Guerreiros? E como vocês tiveram a ideia de realizar uma conferência de quadrinhos em Santos, a Santos Comic Expo?


Fabio: Tudo começou com o advento da internet, em 2001, quando ia estrear o filme dos X-Men. Começamos a frequentar salas de bate-papo do UOL, da Editora Abril e fóruns de discussão (<sobre quadrinhos), que era o que tinha na época. Começamos a conhecer pessoas de todos os lugares que gostavam de quadrinhos. Depois de um tempo, a gente fazia alguns encontros mensais em São Paulo. A amizade se consolidou e a gente começou a se chamar Os Guerreiros por conta do filme Warriors 
- Os Selvagens da Noite, que é uma gangue eclética que ia pro centro de Nova Iorque, que é que nem a gente. Também íamos em encontros de quadrinhos, onde conhecemos muitos editores, desenhistas e lojistas. Estabelecemos uma rede de amigos nesse mercado. Aí, resolvemos fazer um encontro como esse em Santos. A ideia surge em 2013, um ano antes da CCXP fazer o seu primeiro evento e se encarar os eventos de quadrinhos como algo rentável. A gente começou como algo pra reunir amigos e a gente permanece nesse espírito ainda voltada a essas produções nacionais.


C9: Agora vocês resolveram entrar no ramo editorial e vão lançar um título próprio, a coletânea Guerreiro. O que tem nessa edição e como foi a seleção do material?


Renato: São quatro histórias. Temos em torno de oito artistas envolvidos e o corpo editorial, que é o nosso, com 10 pessoas, e o artista que fez a capa. Para montar essa edição, fomos em pessoas com histórias prontas, mas não publicadas. Porque eu já conhecia, já tinha lido informalmente, em conversa, trocando ideia. A gente quer que a revista seja plural. Vai ter uma história de aventura e na sequência uma de terror, comédia, volta para aventura, depois vai pra romance, sci-fi. A revista vai ser trimestral e a proposta dela vai ser essa, ser plural. 


C9: Como está o lançamento da revista Guerreiro?


Renato: A gente vai fazer campanha no Catarse, mas vamos usar a plataforma como pré-venda, não como financiamento. A revista já está financiada, então a gente vai usar um outro modelo do Catarse, que é a pré-venda. Para revistas independentes, nós entendemos que o site é a melhor vitrine. 


C9: Quais são os planos de vocês para a segunda edição?


Renato: A próxima edição provavelmente já vai ser no modelo de financiamento coletivo. Vai existir continuação de histórias. Tem uma história que não se encerra nessa edição, vai continuar. Aí nós estamos estudando mais algumas, com alguns contatos que já falaram com a gente pra mandar material. A única coisa que a gente pode garantir é a continuação do Angoleiro, que é o carro-chefe da primeira edição e vai continuar na segunda. 


C9: Como um ilustrador ou um roteirista pode mostrar seu trabalho a vocês?


Renato: O Facebook e o Instagram são os melhores canais, além do email. O email é contato@santoscomicon.com.br. 


C9: O grupo tem outros projetos em vista? Passando a pandemia, vamos ter outra edição da Santos Comic Expo?


Renato: Falando exclusivamente do evento, este ano não sabemos se vai ter presencial, isso é fato. 
Porém, é fato que vai ter Santos Comic Expo, nem que seja virtual. A gente tá esperando mais um pouco pra ver como as coisas vão se desenrolar. 


C9: E como seria a Santos Comic Expo virtual?


Renato: Eu acompanhei alguns eventos que aconteceram na pandemia, o Festival Internacional 
de Quadrinhos de Belo Horizonte, a Butantã Gibi Con e a CCXP, que tiveram eventos on-line. Existe uma ideia, mas é algo ainda muito cru. A única coisa que posso dizer é que vai acontecer. 


C9: Para vocês, hoje é mais fácil trabalhar com quadrinhos?


Cláudio: De certa forma, hoje é mais fácil, pelo menos, publicar. Existe a modalidade 
de webcomic – em tese, qualquer um que tenha um perfil no Instagram consegue publicar seu quadrinho através de sequência de imagens. Existem projetos de crowdfunding via Catarse, via Apoia.se. Existem também as leis de incentivo estatal, como o ProAC (Programa de Ação Cultural, do Governo do Estado). Historicamente, a gente vive num país que não dá, exatamente, um incentivo à leitura, não só de quadrinhos. Hoje, mostrar a sua cara está mais fácil. Agora, você publicar, conseguir colocar uma tiragem de 5 mil cópias nas livrarias e eventualmente ser conhecido no mundo inteiro, sobre isso eu acho que o nível de dificuldade é o mesmo que o de antigamente. 


C9: Quem são as grandes promessas do mercado de quadrinhos brasileiro?


Renato: Sou fã de alguns, mas não sei se ainda são promessas, já os vejo como consolidados. Quem acompanha o mercado independente vai conhecer os nomes, mas ainda não chegaram ao grande público. Tem o Eduardo Medeiros, o Thiago Souto. Jazz Miranda, que é uma pessoa em cujo potencial acredito muito, sou muito fã de seu trabalho. Jazz tem chances reais de conseguir virar uma referência nos quadrinhos, não só aqui no Brasil. Eu acho que seu tipo de arte casa muito com o mercado independente.


C9: Qual a avaliação de vocês sobre o mercado de quadrinhos de Santos e os profissionais da região?


Renato: A gente tem um bom número de artistas aqui, pessoas que têm lançado material anualmente. Temos o André Bernardino, que tem sido bastante celebrado. Ele tem lançado títulos direto por editora – é difícil o independente não recorrer ao Catarse, à autopublicação. Tem a dupla Bruno Bispo e Victor Froes, que estão batalhando já tem um tempo. Eles são os expoentes dos anos 2000 pra cá. Tem o Hector Lima, o Paulo Crumbim. A gente tem uma proliferação de escolas focadas em arte. <QA0>
A própria Gibiteca de Santos tem um trabalho legal. Quando era possível ter aula presencial, sempre tinha aula de desenho, aula de roteiro. Eu vejo a cidade numa crescente. Vejo Santos trabalhando forte na Cultura. Podemos citar que fomos pioneiros, mas a própria Prefeitura enxergou potencial no público geek. Eu vejo toda a cidade abraçando esse movimento. Vejo nomes interessantes surgindo a todo momento. Na última edição da Santos Comic Expo, se não me engano, tivemos perto de 200 inscritos, 200 pessoas querendo estar no evento com sua mesa mostrando seu material. Desses 200, no mínimo metade era de Santos. 


Alexandre: E vale destacar que a espinha dorsal do nosso evento é esse estímulo ao trabalho dos artistas nacionais, inclusive em início de carreira, antes de ser reconhecido. Vale muito ressaltar que, na genética do evento, nós sempre fomos premiados por uma ascensão no mercado editorial e na atenção do público voltada a essas produções nacionais. E isso é reconhecido. (...) Quando nós fomos nesses eventos maiores eventos e nos encontramos com artistas, uma das maiores satisfações é ver esse pessoal nos tratar com carinho, porque o Santos Comic Expo sempre foi isso: “toma um café aqui com a gente”. 


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