Pocah fala sobre a repercussão ao participar do BBB21

Feliz e empoderada, a cantora conta, em entrevista, sobre a carreira, relação abusiva que viveu, e muito mais

Por: Stevens Standke  -  16/05/21  -  08:09
  Pocha falou, também, sobre as ameaças que sua filha viveu
Pocha falou, também, sobre as ameaças que sua filha viveu   Foto: Divulgação

No Big Brother Brasil (BBB) deste ano, pudemos conhecer melhor Pocah, ou melhor, a Viviane de Queiróz Pereira, cantora de funk que, inspirada pelos pais e pelo irmão, lutou para conquistar o seu espaço na música e proporcionar melhores condições de vida à filha, Vitória, de 5 anos, e à família.


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Natural de Queimados (RJ), Pocah passou a infância em Duque de Caxias, antes de se mudar para o Rio, e no BBB, não só teve as suas fraquezas expostas como ganhou a fama de dorminhoca. Mas a cantora de 26 anos, além de se divertir com os memes, tem aproveitado isso a seu favor, ao fechar conteúdos publicitários para as suas redes sociais. Na entrevista a seguir, a quinta colocada do BBB 21 fala ainda dos planos para a carreira internacional, do relacionamento abusivo que teve antes de conhecer o noivo, o empresário Ronan Souza, e das ameaças racistas à filha.


Reality


O que tem achado de toda a repercussão do BBB 21?


Lá dentro, a gente não tem noção nenhuma de como estão as coisas fora da casa. Às vezes, esquecemos até que estamos sendo gravados. O que mais me surpreendeu foi ver o quanto essa edição foi gigantesca. A galera realmente acompanhou o programa. Também fiquei chocada com os índices de eliminação, principalmente no começo.


Qual é o balanço que faz da sua participação no programa?


O meu maior problema foi ver todos os participantes como amigos. Por um tempo, fiquei sem saber quais critérios iria usar para votar nos outros, mas, conforme as pessoas foram votando em mim, elas se tornaram as minhas opções. Lá dentro, eu não conseguia enxergar com maus olhos quem não foi tão querido aqui fora.


Na reta inicial do Big Brother, você teve, inclusive, uma crise por não saber lidar com o jogo.


Você só entende o BBB de verdade quando está lá dentro. Eu sou libriana, normalmente sou indecisa pra caramba. Mas, quando recebi o convite para o programa, aceitei de cara. Foi a primeira decisão que tomei na vida sem titubear. Entrei na casa com o intuito de fortalecer a minha marca Pocah, como artista, influencer e tudo mais. Eu não me preparei em absolutamente nada, mergulhei de cabeça no Big Brother. Acabei entrando em pânico no começo do programa, porque, quando pensava que alguém ia sair, outra pessoa era eliminada. E eu falava comigo mesma: “Não sei jogar isso”.


Que mais passava pela cabeça?


Sou o tipo de pessoa que gosta de ouvir todo mundo. No BBB, eu acabava acreditando em todos os participantes. O meu lado empático não me deixava escolher um ou outro e me fazia ficar em cima do muro. Mas entendi que precisava me posicionar. É muito difícil você conviver com a pessoa e, depois, ter de votar nela. Aqui fora, quando você briga com alguém, não precisa manter o contato; já no Big Brother, você é obrigado a conviver com a pessoa. Eu não consegui manter as minhas discussões por mais de 24 horas. Não sei ignorar o outro, logo estou abraçando e fazendo as pazes. Não tem um participante de quem eu não queira ser amiga.


Em compensação, se decepcionou com alguns amigos que tinha antes de entrar no BBB 21 e os cancelou.


Eu fiquei muito triste com os comentários de algumas pessoas aqui fora. Teve gente que pesou demais a mão. Não esperava que certos amigos fossem tão agressivos, a ponto de incitar a violência. Repudiei essas atitudes.


Mãe


Como reagiu ao descobrir que a sua filha sofreu ataques racistas enquanto você estava confinada?


Foi um baque muito grande, uma facada no coração! Me contaram isso no hotel assim que saí do BBB. Perdi o controle na hora, fiquei sem chão. Mas o fato de a minha família e a minha equipe terem protegido a Vitória, não deixando que tivesse acesso ao que estava acontecendo, me trouxe um certo alívio. Sempre fiz tudo para proteger a minha filha; se pudesse, a colocaria numa bolha de oxigênio. As pessoas foram maldosas, usaram palavras cruéis. Sem dúvida, elas já morreram por dentro, senão não teriam falado coisas tão absurdas sobre uma criança. Não dá para dimensionar exatamente o que senti como mãe diante dessa situação...


Vai tomar medidas legais?


Já tem uma pessoa cuidando disso. Não vou deixar passar em branco. Vou lutar muito por essa causa e por todo mundo que sofre racismo. Vi alguns dos posts que fizeram sem querer, ao rolar a timeline da minha rede social. Preferia nem ter visto... Mas, graças a Deus, as ameaças pararam.


No BBB, você dizia que não queria decepcionar a Vitória. O que ela achou de suas atitudes no reality?


A minha filha sempre foi a minha fã número um. Ela torce por mim e me prestigia em tudo. Sinto que hoje, depois do BBB, ela está dez vezes mais orgulhosa de mim. Não tem preço saber que o respeito e a admiração dela estão intactos.


Insônia


Levou numa boa os memes sobre você dormir demais?


(risos) Eu achei o máximo! Sempre tive insônia. No BBB, geralmente eu e o Fiuk éramos os últimos a ir para a cama. Por isso, acabávamos sendo os que mais dormiam de dia, ainda mais no comecinho, quando estávamos nos adaptando à casa. Só que cismaram apenas comigo e a fama de dorminhoca pegou. Estou conseguindo reverter essa situação em bons publis, em money, money.


Origens


É verdade que entrou no mundo da música pelo rock?


Sim. O meu irmão tinha uma banda de rock com o filho da Vera Fischer e eu os acompanhava nos shows. Amava aquilo e pensava: “Quero ser cantora”. Na época, inclusive, tentei ter uma banda apenas de mulheres, mas não deu certo. Em seguida, fiz covers do The Pussycat Dolls e do RBD, só que isso também não foi adiante. Aí, veio o funk. Um dia, eu estava no estúdio e pediram para colocar a minha voz numa música. Os produtores soltaram na internet e não saí mais desse universo.


Quais os planos daqui para frente?


Quero fazer valer todo o período que fiquei no BBB. O programa aumentou os meus seguidores nas redes sociais, e o público abraçou a música que acabei de lançar, Nem On Nem Off. O clipe sai na sexta e promete! Ele terá bastante dança e looks incríveis. Vou te falar que me apeguei a um dos cabelos que usei. Vou levá-lo para a vida. As pessoas me verão bem loira nos próximos dias, pois me senti belíssima.


Global


Cogita investir de novo na carreira internacional?


O meu Instagram está bombando com mensagens de cantores tanto nacionais quanto internacionais para feats (colaborações). Antes de entrar no BBB, gravei algumas músicas com artistas latinos. Agora, é só dar continuidade a isso.


Como foram as experiências que teve fora do Brasil?


Quando recebi o primeiro convite para cantar no exterior, recusei, porque não imaginava que o funk fosse tão forte fora do País. Aí, fiz shows na Europa e nos EUA e me surpreendi com o retorno que tive. Nestes meus 11 anos de carreira, vi muita coisa mudar e o funk conquistar seu espaço. Fazer parte disso é gratificante. O movimento mudou não apenas a minha vida como a de diversas pessoas.


Poderosa


O empoderamento feminino é um tema frequente no seu trabalho. Qual é a sua maior preocupação ao abordar a questão?


Desde 2012, quando lancei Mulher do Poder, o empoderamento feminino é um assunto recorrente nas minhas músicas, pois, quando comecei, fui muito criticada e sofri bastante com o machismo na indústria e na vida. Quero ajudar a mostrar que as mulheres não devem baixar a cabeça e que precisam seguir seus corações e correr atrás dos seus sonhos e da independência financeira. Também quero contribuir para que as mulheres entendam que, por mais que sejam poderosas, não precisam ser fortes o tempo todo. As pessoas viram no Big Brother que, quando necessário, choro, fico triste... Todo mundo passa por altos e baixos; a vida é uma montanha-russa.


Em nenhum momento, escondi as minhas fraquezas no programa e isso não me fez menos poderosa.


Você também não escondeu que já viveu um relacionamento abusivo.


Sou uma prova de que existe uma saída na relação abusiva, de que tem como dar a volta por cima. Esse relacionamento não me parou, só me fortaleceu. Tentaram me diminuir ao máximo na relação e, hoje, estou aqui para mostrar, com o meu trabalho, que não é o homem que define a mulher. O que ocorre é que, quando a pessoa está numa relação abusiva, ela não costuma ter noção disso e não consegue sair da situação, pois acredita que o parceiro vai mudar, que é uma fase... O que eu gostaria de dizer para as mulheres é: se você está chorando mais do que sorrindo, se o companheiro te afasta das pessoas e das coisas de que gosta, caia fora. Ninguém merece passar por isso. O parceiro certo é aquele que vai querer o seu bem e que vai cuidar de você e te fazer feliz. Hoje, tenho ao meu lado um homem que sonha comigo e, acima de tudo, é meu amigo. Mas houve um período em que parei de acreditar no amor e em que perdi a esperança de que iria realizar o sonho de me casar.


Dinheiro


No Big Brother, você falou das dificuldades financeiras que encarou antes da fama. O que foi decisivo para ser quem é hoje?


Meus pais são muito batalhadores. Eles e meu irmão são as minhas maiores inspirações. A gente nunca passou fome, mas, em diversos momentos, a nossa comida era basicamente fígado e arroz com ovo. Nos meus 15 anos, minha mãe deixou de trabalhar na casa da Vera Fischer e abriu um salão. Fiquei como recepcionista a princípio. Com o tempo, virei manicure. Aí, iniciei a carreira de cantora e tudo deu certo rapidamente. Hoje, posso proporcionar coisas boas à família.


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