'O abrigo de Kulê' reflete sobre sororidade e liberdade em primeiro romance de Juliana Valentim

Ambientada nos anos 1940, obra atravessa a escravidão no Brasil e a luta da mulher negra por seus direitos

Por: Bia Viana  -  18/05/21  -  10:16
   Juliana Valentim é a responsável pelo romance 'O Abrigo de Kulê'
Juliana Valentim é a responsável pelo romance 'O Abrigo de Kulê'   Foto: Divulgação

Liberdade é a palavra que inspira a escritora brasiliense Juliana Valentim a compartilhar seus versos com o mundo. A luta por essa liberdade permeia vários espectros, desde a liberdade de expressão até causas raciais e direitos humanos. Foi com essa proposta que escreveu seu primeiro romance, O Abrigo de Kulê, onde sua protagonista busca incansavelmente obter o controle de sua própria vida.


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Kulê é uma moça negra que nasceu escravizada em uma fazenda, no interior do Brasil. Mesmo sendo uma ficção, a obra traz cenários reais do interior do País na década de 1940. O estudo para a obra, segundo Juliana, teve uma forte inspiração familiar. “Minha pesquisa vem de livros, da internet e dos relatos de pessoas que viveram aquela época, como a minha avó, que é uma grande fonte de inspiração”. Com 93 anos, a avó de Juliana ajudou na ambientação do livro.


“Uma boa parte dos cenários que apresento no livro vem das histórias que ela conta. Ela nasceu em 1928, imagina quantas memórias traz pela vida? Penso que os avós são uma costura bonita que nos liga ao passado, à nossa história. É um privilégio aprender com eles”, diz a escritora, celebrando que ambos estão vacinados.


Embora a história aconteça nos anos 1940, o tema é tão atual que reflete as lutas da atualidade. “O livro também fala muito sobre sororidade, a solidariedade entre mulheres, que também é um assunto muito atual. Era assim que eu queria construir essa história, abordando coisas que precisam ser debatidas e fortalecendo movimentos sociais importantes”. Mesmo abordando a luta pela igualdade racial, o livro não se resume a esta única perspectiva.


“Falo da batalha contra todos os preconceitos. Falo de uma transformação muito profunda para que a liberdade realmente exista. Ainda temos um longo caminho pela frente”.


De início, Juliana não tinha certeza do encaminhamento da obra, mas estava certa de que inspirava bondade conforme foi se aproximando de seus personagens, com sensibilidade e muita dedicação.


“Comecei a escrever sem saber exatamente aonde a história iria me levar. Fui construindo, me apaixonando pelos personagens, mudando rumos. Eu queria falar de assuntos muito sérios, mas de uma forma leve e gostosa de acompanhar. Então, misturei uma história de amor com elementos de fantasia. E acho que foram os ingredientes ideais”, diz a autora.


Futuro


O próximo passo para Juliana é um novo livro - desta vez, imerso na poesia. “A ideia é lançar uma coletânea de 365 textos curtos, deliciosamente selecionados para cada dia do ano. Até lá, sigo escrevendo diariamente no perfil, interagindo com os leitores e trabalhando muito para que O Abrigo de Kulê voe longe”. A obra deve sair no final do ano, mas ainda não tem data marcada. Além desse projeto, não descarta ir além em outros formatos no futuro. “Ver minha história adaptada para as telas, por exemplo, seria um sonho realizado”, conclui.


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