Mistério sobre exílio de Belchior e outras histórias em 'Viver é melhor que sonhar'

Em busca de respostas, os jornalistas Christina Fuscaldo e Marcelo Bortoloti fizeram um mapeamento das cidades por onde Belchior passou e ganharam a estrada, para relatar essa viagem

Por: Egle Cisterna  -  26/01/21  -  11:12
Christina Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem locais por onde o artista passou os últimos anos
Christina Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem locais por onde o artista passou os últimos anos   Foto: Divulgação

O que teria levado o cantor e compositor Belchior a se exilar nos últimos dez anos, abandonando a vida de ídolo, conhecido do grande público por sucessos como Apenas um Rapaz Latino-Americano. Paralelas e Como nossos pais?
Esse é o ponto de partida do livro Viver é melhor que sonhar – Os últimos caminhos de Belchior (Sonora Editora), onde os jornalistas Christina Fuscaldo e Marcelo Bortoloti percorrem os locais por onde o artista passou seus últimos anos em companhia da produtora e mulher, Edna Assunção de Araujo, deixando seu patrimônio ir embora, caçado pela justiça e pela imprensa, dormindo em locais abandonados, dependendo da caridade de desconhecidos, expulso de casas por pessoas que o abrigavam.


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Para isso, em 2017, eles fizeram um mapeamento das cidades pelas quais o cantor passou e foram para a estrada para relatar essa viagem, no estilo que eles chamam de road book (uma referência aos road movies – filmes feitos na estrada). “Ele não sumiu. Tomamos esse cuidado na hora de fazer o livro para não dar essa impressão. Ele foi para um exílio, fez uma viagem e acabou não voltando”, destaca Christina.


A ideia inicial era chegar a Belchior e tentar uma entrevista com o ídolo recluso para descobrir o motivo da mudança de vida, mas isso não foi possível. Isto porque ele morreu em abril daquele ano, na cidade de Santa Cruz do Sul (RS), aos 70 anos, antes que os jornalistas pudessem encontrá-lo.

E foi neste local que a dupla começou a jornada, fazendo o caminho inverso ao da vida do músico, passando pelo Rio Grande do Sul, Uruguai, São Paulo e, finalmente, chegando ao Ceará, onde ele nasceu. No trajeto, eles encontraram pessoas que tiveram contato com Belchior e que inclusive o hospedaram, malas que foram deixadas para traz e até anotações pessoais dele.


Mas a pergunta que é feita pelos fãs do cantor – por que Belchior passou os últimos dez anos de sua vida recluso? – segue sem uma resposta definitiva. “Talvez nem ele saberia responder. Nosso livro traz hipóteses. Numa delas é de que ele vai para uma temporada de período sabático, porque estava com problemas financeiros, de família, com shows diminuindo. Neste processo, uma matéria de TV o expõe demais e ele vai para outro lugar e acaba não conseguindo voltar”, conta a autora.

Chris fala que uma das coisas que mais chamou sua atenção durante a pesquisa foi descobrir que mesmo passando por dificuldades, como não ter onde passar uma noite, e tendo propostas para resolver a situação, ele não aceitou as ofertas. “Ele teve a oportunidade de voltar, recebendo desde um cachê para propaganda, até advogado que se propôs a ajudá-lo nos problemas jurídicos e fazer um show para pagar suas dívidas, mas ele não quis.”


O livro encontra-se em pré-venda por financiamento coletivo através do site Benfeitoria e quem participar da campanha, que deve ir até o dia 23 de fevereiro, recebe, além do livro, algumas recompensas, dependendo do valor que colaborar, como camiseta, bag, pôster e até uma reedição do LP Alucinação.


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