'Minha Vida em Marte' não convence e tem roteiro arrastado

Falta ritmo à nova comédia de Mônica Martelli e Paulo Gustavo

Por: Lucas Krempel  -  27/12/18  -  10:22

Difícil encontrar alguém que não admire o trabalho de Mônica Martelli ou se divirta com os improvisos de Paulo Gustavo. Continuação de 'Os Homens São de Marte...E É Pra Lá Que Eu Vou' (2014), 'Minha Vida em Marte' tinha tudo na mão para ser mais um sucesso da dupla. Mas não é isso que vemos na telona. O roteiro é arrastado, a protagonista não convence (mesmo sendo a responsável por quase tudo do filme) e Paulo Gustavo é o único que se salva, com suas falas bem divertidas.


O que mudou do primeiro para o segundo filme? Marcus Baldini não está mais na direção. Quem assume, ou melhor, dá sequência, é Susana Garcia, que dividiu a função com ele em Os Homens São de Marte. Susana, por sinal, conhece Mônica muito bem. Afinal, as duas estão juntas no teatro também.


Marcos Palmeira é um desperdício no filme. Novamente como Tom, o marido de Fernanda (Mônica Martelli), está apagado e com um papel de cônjuge frouxo. É estranho ver um ator talentoso se colocando nessa condição. Nem de longe lembra os seus desempenhos em novelas da Globo (Belíssima, Celebridade, Pantanal) e na série Mandrake.


Gravado no Rio de Janeiro e Angra dos Reis, o longa também tem cenas rodadas em Nova Iorque. Me incomoda um pouco isso. Quase toda comédia nacional, nos últimos anos, apela para a metrópole norte-americana, como se não houvesse outras opções no mundo. Central Park, Times Square, os clichês de sempre.


Quero acreditar que exista um grande incentivo local para levar nossas produções para lá. Só isso explica e justifica.


Em Minha Vida em Marte, Fernanda e Tom estão em crise e vivem os desgastes e intolerâncias da rotina do casamento. Mas Fernanda conta com o apoio incondicional de Aníbal (Paulo Gustavo), seu sócio e companheiro inseparável, que está ao seu lado durante toda a jornada para resgatar seu casamento ou acabar de vez com ele.


Do início ao fim, a sensação é que Fernanda deveria ter terminado o casamento antes mesmo de começar o filme. Mas, ela prefere arrastar essa crise, tal como o roteiro, até o término da história.


É justamente aí que entra Paulo Gustavo para roubar a cena. Não tivesse o ator e comediante em cena, o filme, provavelmente, seria usado apenas para levantar a moral para quem está passando por um processo de divórcio. Afinal, a ideia é justamente essa: ninguém precisa de um marido ou mulher para ser feliz. Ok, mas não precisava de um filme tão devagar para lembrar isso.


Ainda não assisti ao espetáculo teatral que originou o filme, mas quem viu os dois garante que no palco funciona muito melhor. Apontam Mônica como uma grande atriz de teatro. Confesso que fiquei curioso para assistir. E não tem Paulo Gustavo no espetáculo.


No elenco do filme, ainda tem Anitta, que surge como ela mesma cantando e fazendo amizade com a protagonista. Para os santistas, uma representante nos enche de orgulho: a atriz mirim Marianna Santos, de 7 anos, que chamou atenção no programa Raul Gil (2015).


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