Livro sobre assassino de crianças de Rio Claro está próximo de virar filme em Hollywood

Com passagem por Santos, escritor Reginaldo Carlota terá livro sobre serial killer retratado nos cinemas

Por: Beatriz Viana  -  02/03/21  -  10:56
Filme baseado no livro entrará em produção após a pandemia
Filme baseado no livro entrará em produção após a pandemia   Foto: Divulgação

Em 29 de maio de 1984, Silvia Aparecida do Espírito Santo, de 9 anos, saiu de casa por volta das 12h40 para ir até a escola Cesário Mota, em Itu, no Interior, onde cursava a terceira série do primário. Ela nunca mais voltou para casa. Silvia foi brutalmente assassinada em um crime que chocou a cidade, levou policiais à depressão e acabou encerrado sem solução.


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Nesse mesmo dia, outra criança também teve sua vida mudada para sempre. Hoje jornalista policial, Reginaldo Carlota estudava na mesma escola que Silvia e tinha 10 anos na época do caso. Quinze anos depois, não conseguia parar de pensar naquela história, que continuava sem desfecho. Motivado em descobrir o que aconteceu com a menina, ele embarcou numa investigação de dez anos, que culminou na obra O Matador de Crianças, que já possui 16 mil exemplares vendidos e está no caminho para virar filme em Hollywood (EUA).


As décadas de estudo ajudaram na captura do assassino serial Laerte Patrocínio Orpinelli, responsável pelo abuso sexual e assassinato de dezenas de crianças no Interior do Estado até 1999. Após basear episódios das séries Instinto Assassino (Discovery Channel) e Investigação Criminal, a história se prepara para encarar as telonas.


Tanto livro como filme são formas de alertar sobre os perigos da pedofilia. “É um tema pesado, mas é importante para entender a facilidade com que criminosos podem seduzir uma criança”. Pai de três, Carlota argumenta que é importante mostrar a realidade para filhos e pais protegerem-se de armadilhas. Lançado originalmente com 78 páginas, o livro ganhará uma nova edição em breve. O filme entrará em produção após a pandemia.


Missão 


Carlota dedicou sua vida à captura de Orpinelli e, posteriormente, a vários outros assassinos. “Eu fiz um juramento: 'se a polícia não pegar esse cara, quando eu crescer eu vou pegar'. Era coisa de criança, mas eu nunca mais esqueci”, conta. Nascido em Itu, o escritor morou em Santos e Praia Grande por um tempo. Ele descreve como ficou “obcecado” por crimes e traçou uma rota de assassinatos com mesmo modus operandi entre os anos de 1970 e 1999, uma pesquisa que auxiliou na captura do “monstro de Rio Claro”, como Orpinelli ficou conhecido, em 2000. “Ele correspondia completamente com tudo que eu tinha, até o desenho que fiz na época. Ele confessou naturalmente todos os crimes”, revela.


O jornalista absorveu todos os detalhes da rotina de Orpinelli, traçando um perfil psicológico completo do criminoso. A pesquisa levou Carlota aos mesmos bares que Orpinelli frequentou e até a dormir na mesma cama que o assassino, em um albergue no Interior. Mesmo trabalhando em dezenas de casos, ele nunca superou o primeiro. “Isso aconteceu em 1984, ele foi preso em 2000, nós estamos em 2021 e não tem um dia que eu não pense nesse cara”, desabafa.


Mesmo fazendo todo esse trabalho, Carlota conta que nunca conheceu Orpinelli pessoalmente. “Virei uma autoridade sobre ele, mas ele morreu sem falar comigo”. O criminoso faleceu na prisão, em 2013, vítima de causas naturais. Para o autor, não houve justiça: “Ele fez toda essa maldade e morreu como a maioria das pessoas”.


Atualmente, o autor está escrevendo uma biografia de Chico Picadinho, encomendado pela Editora Noir; no fim do dia, o sendo de buscar justiça sempre bate mais forte. "Sempre fui jornalista, repórter policial, cobrindo crimes. Você descobre que eles são previsíveis, deixam um monte de pistas. Hoje eu tô meio afastado, mas se acontecer algum crime, na hora eu vou ajudar a solucionar", comenta.


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