Helga Nemeczyk conta sobre carreira e sonho de fazer um musical da Broadway

Atriz participou do "Zorra Total" por dez anos e agora segue por novos caminhos na televisão e teatro

Por: Matheus Müller  -  04/12/18  -  11:50
  Foto: Alexsander Ferraz

A atriz Helga Nemeczyk, de 37 anos (completa 38 na quarta-feira, dia 5), vive um momento de bastante evidência na carreira. Mesmo tendo trabalhado por dez anos no humorístico Zorra Total, da Globo, foi nos últimos anos que seu nome e figura se tornaram mais comuns aos olhos do público. Muito disso se explica pelos últimos trabalhos na emissora, onde interpretou a personagem Glenda, na novela Rock Story, além de ter participado dos programas Super Chef Celebridades, comandado por Ana Maria Braga, e do Show dos Famosos, no Domingão do Faustão. Para A Tribuna, ela falou sobre suas origens, nome, a vida artística, projetos, sonhos e a relação com a Baixada Santista, onde tem familiares.


Seu sobrenome é incomum no Brasil. Qual a sua origem?


Meu avô (paterno) veio da República Tcheca na época da guerra. Chegou ao Brasil no Rio de Janeiro e foi parar no Morro da Mangueira, onde conheceu minha avó. Eles se casaram e tiveram seis filhos, o mais velho meu pai. Vim dessa mistura: Brasil, República Tcheca, favela e Europa.


Como foi a escolha do seu nome artístico? De alguma forma, por ser diferente, ele te atrapalha com o público?


Meu outro nome é Cardoso e acho que não combina com Helga (o agá tem som de érre) por também ser europeu. Resolvi colocar o Nemeczyk porque não queria inventar outro nome. Na época, eu era jovem e não pensei na dificuldade da pronúncia. Já cogitei mudar a escrita, mas mantenho o original. Poxa, vou mudar o nome para ter seguidor (nas redes sociais)? Acho besteira! Embora, hoje, muitas coisas girem em torno disso. Chamam para fazer personagens (em novelas) quem tem mais seguidores. Acredito, porém, que o talento consegue superar isso.


Antes de ter um nome artístico, surgiu o interesse por ser atriz. Como foi para você?


Sempre tive o sonho de ser artista. Gostava de cantar e fazer peças em casa, no Natal e Ano-Novo com os meus primos. Na escola, também, sempre foi um desejo muito latente e, quando terminei o 2º grau, pensei em arranjar um emprego em uma loja de roupas para poder pagar um curso de teatro. Assim fiz o Tablado (1999), no Rio de Janeiro, um curso de improvisação bastante conhecido. Passei um ano e percebi: era o que queria para a minha vida.


Depois de concluir o Tablado você deixou o País rumo à Europa. Como foi a experiência?


Fui para Londres (Inglaterra), um ano depois de ter entrado no Tablado, para um curso de teatro e musical, porque eu já cantava desde os 13 anos na igreja (família é evangélica). Morei um ano em Londres e, quando voltei ao Brasil, pensei: Caramba, preciso fazer uma faculdade. Queria estudar algo que tivesse a ver com arte, para ampliar meu campo de trabalho e conhecimento.


Foi quando resolveu estudar Cinema?


Sim. Tem tudo a ver com a minha área e estava muito interessada na parte de direção de atores. O cinema usa um método muito disciplinado e toda a minha escola tinha sido de improviso.


É verdade que chegou a pensar em largar a carreira de atriz para se dedicar à telona?


Cheguei a cogitar a possibilidade de ser diretora. Mas, quando estava dirigindo meu último filme, do trabalho final do curso, olhei o set (de gravação) e pensei: estou atrás da câmera, mas queria estar lá na frente. O roteiro que escrevi era para eu atuar, e concluí: sou mesmo atriz.


Você passou dez anos no elenco do Zorra Total. Como surgiu essa oportunidade?


Fazia um musical no Rio de Janeiro sobre a vida da Evita Perón e o Maurício Sherman, então diretor do Zorra Total, estava presente. Ele é muito apaixonado pela Evita e foi o primeiro a dirigir o Evita original da Broadway no Brasil, em 1980. Ao final da peça, esperou para me conhecer e convidar para o Zorra Total. Eu perguntei: o senhor me viu fazendo Evita Perón, que é um papel dramático, em que choro, morro e vai me chamar para fazer um papel de humor? Será que minha interpretação foi tão risível assim? Ele riu e o ganhei. Disse: ‘não mulher, vou te apresentar nos quadros musicais’.


Você teve ao seu lado grandes nomes do humor. Como foi conviver com esses artistas?


Ali aprendi a fazer televisão, o humor linha de show, de teatro de revista, um humor mais popular. Foram tantos humoristas maravilhosos que trabalharam no Zorra nestes dez anos, como o Chico Anysio, com quem contracenei no finalzinho (da carreira), quando voltou ao programa. Foi um aprendizado incrível, mas dez anos é muita coisa e queria alçar novos voos. Queria sair do humor e mostrar que era capaz de outras coisas.


Quando resolveu deixar o programa e como se deu esse momento?


Quando o Sherman saiu. Ele se aposentou e o programa sofreu uma repaginada. Eu saí e fiquei somente no teatro para descansar a minha imagem (do humor) e conseguir um papel em novela, o que aconteceu um ano depois, quando fiz Rock Story.


Após o Zorra, teve medo de ficar marcada como atriz apenas de humor?


Fiquei com muito medo e por isso tive que sair. Aquele era o momento (aposentadoria de Sherman). Fiz teatro até que surgiu a oportunidade da novela. Tudo bem, não era uma personagem de drama, era voltada ao humor, mas era um humor mais naturalista, cotidiano, não algo tão caricato, popularesco de show.


Mesmo assim, após descansar a imagem, você conquistou seu primeiro papel como vilã...


Graças a Deus! Estou fazendo a minha primeira personagem vilã em Chaplin, um musical da Broadway, que está em cartaz em São Paulo.


Você ganhou visibilidade após a novela e o Show dos Famosos, do Domingão?


Com certeza! Foi um divisor de águas. A gente vê pela internet, pelo número de seguidores. Pós Show dos Famosos ainda mais. O Faustão tem um alcance inacreditável. Quando entrei na novela, dobrou o número de seguidores, mas, no Faustão, triplicou.


Especificamente sobre o Show dos Famosos. Você se redescobriu como atriz?


Não, sabia que era possível (realizar as apresentações). Antes de escolher os homenageados, vi se tinha capacidade de interpretá-los. Além disso, fui cautelosa na escolha e treinei. Estava segura de que conseguiria. Surpresa ficava com a caracterização, pois era tão parecido que entrávamos ainda mais na personagem. Era uma magia que acontecia.


Hoje, diante de um maior reconhecimento do público. Você se considera famosa?


Não me acho famosa. Tanto que, quando acabou o programa, eu disse às pessoas: gente, não sou famosa o suficiente para ganhar o Show dos Famosos. Os outros participantes eram muito mais conhecidos e tinham mais seguidores. No final das contas, quem decidiu foi o público. Os jurados deram 10 a todos. Mas, tudo bem, após as apresentações, fiquei um pouco mais famosa.


Você já fez teatro, novela, programa humorístico, curta-metragem, série, mas ainda não um longa-metragem. Trabalha com esse objetivo?


Queria muito fazer um longa-metragem como atriz, até porque Cinema é uma casa que conheço, vivi e morei. Queria muito ter a oportunidade de fazer um filme. E, com certeza, a hora vai chegar. É um sonho.


Tem algum outro sonho que espera realizar?


Tenho um sonho de fazer um musical da Broadway chamado Chicago. Gostaria de protagonizá-lo.


Quais os próximos projetos profissionais?


Farei um musical, no Rio de Janeiro, chamado Meu Destino é Ser Star, que contará com músicas do Lulu Santos para embalar a história, assim como as canções do Abba embalaram o filme Mamma Mia. A minha personagem não será de comédia e estou feliz, porque tenho a oportunidade de mostrar meu lado mais dramático. Também gravei a segunda temporada da série Ilha de Ferro, da Globo (a primeira acabou de entrar no ar) e estou com o projeto de um programa de culinária para a internet. Depois que eu fiz o Super Chef Celebridades, da Ana Maria Braga, tomei muito gosto pela cozinha. Eu quase ganhei, fui vice-campeã.


Do que se trata o musical embalado pelo som de Lulu Santos e quando estreará?


É uma história de ficção. Trata-se de uma peça dentro da peça sobre o mundo e o cenário do teatro musical. Interpreto uma diretora de sucesso que precisa fazer teste de elenco, conseguir um patrocínio, encontrar um casal com boa voz para uma história de amor. Estrearemos dia 19 de janeiro, no Teatro Riachuelo, no Rio. Depois o espetáculo vem para São Paulo.


Qual a sua relação com a Baixada Santista?


Já tinha visitado Santos porque tenho uma comadre e um compadre na Cidade. Eles estudaram comigo no colégio interno, casaram e hoje têm dois filhos. A mais velha é minha afilhada. Em 2015, estive com a peça Noviças Rebeldes, no Teatro Municipal Braz Cubas. O espetáculo da Broadway tinha direção de Wolf Maia.


Logo A Tribuna
Newsletter