Filhos lançam biografia de Werner Bokermann, que descobriu 80 espécies de anfíbios
Ele foi um dos mais respeitados biólogos brasileiros, especialista em anuros
Considerado um dos maiores especialistas em anuros (sapos, rãs e pererecas) do Brasil, a vida e a obra do biólogo Werner Bokermann foram eternizadas no livro Werner Carlos Augusto Bokermann, uma Vida de Descobertas, escrito por seus filhos, Marcelo e Sergio Bokermann. O livro já está em pré-venda pela internet.
Nascido em Botucatu, no Interior de São Paulo, em 1929, o biólogo foi responsável pela descoberta de 80 espécies válidas de anfíbios, 40 espécies de besouros e também foi o autor de mais de 114 trabalhos científicos. O biólogo passou por instituições como o Museu de Zoologia e o Zoológico de São Paulo, além de ter feito pesquisas com coleções de anfíbios nos Estados Unidos, Colômbia e Equador.
Seu filho mais novo, Marcelo, ressalta que o trabalho de cientistas é pouco difundido hoje em dia e que as pessoas não têm conhecimento de como se faz ciência. “A gente teve a ideia de mostrar para as pessoas o trabalho de um naturalista, de uma pessoa que trabalhou e que deu a vida para enriquecer o conhecimento da história natural do nosso País”. Inclusive, mais de 12 espécies descobertas por outros biólogos levam o nome de Bokermann como homenagem.
O livro foi o resultado da compilação de inúmeras cartas, diários de campo, estudos, trabalhos científicos e entrevistas com pessoas que conviveram com Bokermann, que faleceu em 1995. “Ele falava que tinha alma de escriba, escrevia muito”, relembra Marcelo.
Infância
Marcelo e Sergio contam que a infância com o pai foi, no mínimo, diferente. “Quando a gente era pequeno, nosso pai viajava. Numa família tradicional, o pai costuma trazer de lembrança um bichinho de pelúcia, um jogo, um brinquedo. Nosso pai trazia uma caranguejeira, uma jiboia”, lembram.
Desde pequenos, os irmãos já eram levados para expedições e pesquisas, cujas histórias são contadas no livro. “Nós nascemos praticamente dentro do mundo da Biologia. A gente respirava esse universo. Essa relação da Biologia com a nossa infância é muito grande”, diz Marcelo.
Legado
Levando em conta a infância cercada de natureza que Marcelo e Sergio tiveram, seguir os passos do pai foi inevitável para os irmãos.
Marcelo trabalha com educação ambiental há 22 anos no Sesc Bertioga. Já Sergio, após lidar muitos anos com aranhas-caranguejeiras, se encontrou na microbiologia e hoje trabalha com bactérias causadoras de doenças do trato respiratório, no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
“A forma como ele trabalhava, a sistemática, a persistência, a disciplina de não fugir de nenhum obstáculo, de perseverar, isso tudo foi muito influenciador para mim”, relembra Sergio.
