Cynthia Panca acredita que 'a escrita libera a voz que está presa na alma'

É o que traz a escritora santista de 45 anos em Conto-te Encantos, livro de contos infantojuvenis cuja maioria foi feita ainda em sua adolescência, em 1992

Por: Júnior Batista  -  23/02/21  -  11:52
Cynthia diz que teve altos e baixos na adolescência, e a escrita a ajudou
Cynthia diz que teve altos e baixos na adolescência, e a escrita a ajudou   Foto: Divulgação

Para Cynthia Panca, “a escrita libera a voz que está presa na alma”. E, quando se é alguém com “muito amor para doar”, como ela, essa voz é traduzida de forma mais suave. É o que traz a escritora santista de 45 anos em Conto-te Encantos, livro de contos infantojuvenis cuja maioria foi feita ainda em sua adolescência, em 1992.


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Grande parte dos 20 textos da publicação reflete a percepção de uma adolescente muito amorosa, mas ao mesmo tempo curiosa e questionadora. “Três ou quatro” são de quando ela estava em Portugal, portanto mais recentes, mas como ela mesma diz: “essa é outra história”. “Eram redações do Ensino Médio. Eu fui lendo e percebendo que aqueles textos continham minha base, o que forma a consciência que acredito”.
A produção aconteceu enquanto estudava na Escola Estadual Primo Ferreira, em Santos. O exercício de volta ao passado a fez perceber o quanto é importante ter um olhar “para dentro” e perceber o quanto a literatura é importante para a construção do ser, de acordo com a escritora.
“Futuramente, retornei ao Primo e dei aulas de Sociologia e Filosofia, como eventual, por volta de 2011. O bacana é que pude inserir outros tipos de arte durante as aulas, como músicas e filmes-arte”, afirma.


Os textos falam, em boa parte, de experiências amorosas. Aliás, este é um grande mote do livro: mostrar que o sentimento supera quaisquer diferenças. Foi desta constatação que surgiu a capa do livro. Uma ilustração que mostra uma elefoa ao lado de um ratinho, com os rabos formando um coração enquanto eles observam o entardecer nas montanhas. “O amor transcende as adversidades. Há contos falando disto. No caso dos dois, as famílias não aceitavam a relação, mas o amor superou isto. Depois, o ratinho desaparece, mas a elefoa entende e continua o amando independentemente disto. O amor de verdade vai muito além deste romântico que a gente costuma ver”, afirma ela, relembrando o conto Um Grande Amor Supera Grandes Diferenças, no qual há um desenho, que inspirou a capa.


Altos e baixos


Cynthia diz que teve altos e baixos na adolescência, por isso a escrita a ajudou. Em casa, o ambiente foi bem amoroso, embora algumas das críticas não tenham sido tão bem recebidas. “Há um texto em que eu critico as imposições das religiões, que não foi bem aceito em casa, por meus pais serem católicos fervorosos”, lembra ela, hoje rindo da situação.
E isso se reflete nos textos, que além das paixões românticas, tratam de temas que acabavam passando perto de seu convívio. Alguns pesados, como álcool, drogas e o suicídio.
Hoje, daquela Cynthia da adolescência continua a mesma base de questionamento. E o que passou a fez acreditar ainda mais no amor, sendo solidária. “Fica o ser solidária, acreditando no amor, mesmo que a realidade tente nos falar que não vale a pena. No amor fraterno, na solidariedade, de fazer sua parte e servir como exemplo para as pessoas”.


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