Chico César comenta relação musical com Juliette, carreira e vida no Uruguai: 'Sou muito grato'

Em entrevista exclusiva, artista comenta projetos durante a pandemia, mudanças de vida e o novo público vindo do BBB 21

Por: Bia Viana  -  26/05/21  -  10:37
   Artista de 57 anos conversou com exclusividade com ATribuna.com.br
Artista de 57 anos conversou com exclusividade com ATribuna.com.br   Foto: Marcos Lauro/Divulgação

Deus me proteja de mim/E da maldade de gente boa/Da bondade da pessoa ruim... Com mais de dez discos e uma carreira artística de repercussão internacional, Chico César ganhou novos holofotes após ter esses versos revisitados como mantra pela campeã do BBB 21, Juliette Freire. A faixa Deus Me Proteja, que teve aumento de reproduções nas plataformas digitais desde o primeiro momento em que fluiu dentro do reality, foi apenas a porta de entrada, um reencontro dos que o conheciam de sucessos como Mama África e À Primeira Vista, e a uma chegada de público novo.


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A música foi lançada há 13 anos, no disco Francisco, Forró y Frevo, com participação de Dominguinhos e de sua mãe, que canta o final da faixa. Falecidos, eles seguem “muito vivos” em seu coração e agora ainda mais, por conta de Juliette. “Sou muito grato. Incrível como o Brasil se identificou com Juliette, com a música, porque talvez nós estejamos precisando disso. A autoestima do paraibano, da paraibana, da Paraíba, do nordestino, da nordestina, do Nordeste, cresce! E se mistura com a autoestima do brasileiro nessa música”. Ele afirmou que a advogada poderia gravar com quem quisesse, mas admite que adoraria cantar com ela.


Esse movimento pop possibilitado pelo Big Brother Brasil também motivou uma reflexão em Chico César sobre sua relação com o feminino. “Quando Daniela Mercury gravou À Primeira Vista, teve algo de muito popular com a minha música e também na minha relação com artistas como Elba Ramalho, Maria Bethânia... Me sinto especial nessa relação com o feminino, e agora acontece de novo com Juliette”.


Diário de Bordo 6


A parceria com Rashid na faixa Diário de Bordo 6 veio naturalmente, no mesmo desejo de se conectar com as novas gerações pelo discurso de liberdade, amor e luta. “Fiquei muito amigo, muito próximo de Fioti, Emicida, Drika, perto da nova geração do hip hop pelo Laboratório Fantasma. Eles me falavam ‘poxa, você é uma referência para nós’. Eu me admirei com isso, porque não me imaginava uma referência direta para o pessoal do hip hop, do rap. Fizemos um carnaval juntos em 2019, eu, Rashid, Emicida, Fioti, Criolo, Drika, um trio elétrico. E ali enquanto esperávamos a van, eu e Rashid ficamos conversando”.


O convite à faixa surgiu logo depois e a música reflete os tempos atuais, com referências à violência contra negros no Brasil e nos EUA, o governo, a pandemia e o próprio Big Brother. “Ficou uma coisa muito forte, maravilhoso o trabalho do DJ Caíque e Rashid. Fico feliz de estar junto com essa geração, podendo falar mais para os jovens, principalmente os negros da periferia”, reforçou.


Pandemia e projetos


Morando no Uruguai desde janeiro deste ano, César mudou várias coisas em sua rotina. “Me tornei vegano, passei a receber produtos orgânicos, vegetais, legumes, e isso foi muito bom. Já estava sem beber desde o réveillon de 2019, continuei assim, foi muito bacana”, disse.


Não houve um “projeto Uruguai”, mas Chico se apaixonou pelo país e decidiu permanecer em sua “ilha existencial” por mais tempo. Em um show beneficente, conheceu o casal argentino Esteban Blanca e Rojo Barcelo, com quem já emenda um novo disco sem data de estreia. “Nos conhecemos e nunca mais nos separamos (risos). O que era um refúgio virou também um ambiente de trabalho, a gente pretende lançar um disco, sem pressa”, afirmou.


A saudade dos palcos reflete uma nuance de si mesmo, que sente falta de presença. "Sou uma pessoa tímida, que se solta no palco, e eu sinto muita saudade da minha banda, meus amigos, os técnicos, roadies, saudade das viagens, da van, do motorista. De ir ao aeroporto com sono, entrar meio dormindo no avião, acordar em outra cidade. E tudo, sabe, ter todo dia uma página nova. Sou a favor que não possam acontecer coisas presenciais agora, mas sinto muita falta do público".


Alguns projetos desandaram, principalmente o que era presencial, como uma turnê com Geraldo Azevedo que ainda não pode sair do papel. Sobre os projetos para este ano, o sgredo: “Não há planos, apenas viver (risos). Sofre mais quem não entende que o lugar é de viver um dia após o outro”.


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