Cantora de Santos tem música lançada em série LGBTQIA+ da Amazon; VÍDEO

Com o EP 'Quiet for a Bit', Mini Lamers entra na trilha sonora de Seus Olhos, série Amazon combativa à LGBTfobia

Por: Bia Viana  -  21/07/21  -  07:14
Atualizado em 21/07/21 - 07:16
 Mini Lamers lança o EP 'Quiet for a Bit', que entrou na série Seus Olhos, da Amazon Prime Video
Mini Lamers lança o EP 'Quiet for a Bit', que entrou na série Seus Olhos, da Amazon Prime Video   Foto: Divulgação

Em seu EP de estreia, Quiet for a Bit, a cantora santista Mini Lamers discute as vulnerabilidades que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta no Brasil em um manifesto artístico. Ressaltando sua força como ação combativa à LGBTfobia, o disco teve duas de suas faixas introduzidas na trilha sonora da série independente Seus Olhos, dirigida por Angélica Di Paula e Julia Rufino, que trata do assunto com o realismo necessário. A série está disponível na Amazon Prime Video, Net Now, Vivo Play e Looke.


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O convite para a trilha foi feito na mesma época de produção da música título, em 2019, durante um encontro com as amigas diretoras da série. “Recebi um e-mail da Nana Rizini (produtora musical) com um esboço da produção das músicas. Acabamos ouvindo juntas e elas se identificaram tanto que fizeram o convite na hora”.


A série foi indicada em nove categorias do Rio Web Fest 2020, levando um prêmio justamente na categoria Melhor Trilha Sonora, o que deixou Mini extremamente honrada. “A trilha da série foi desenhada pela produtora Helena Duarte e é composta apenas por músicas de artistas mulheres. Quiet for a Bit acabou se tornando música tema da série e tendo grande destaque”.


Como mulher lésbica, Mini busca uma narrativa otimista e estratégica em seu EP, que evidencia a resistência por meio de discursos construtivos. “Acredito que todas as lutas são válidas, não existe só um caminho pela conquista dos direitos civis. Porém, diante de tanto discurso de ódio propagado, o diálogo não existe, e devolver na mesma moeda é suicídio. Precisamos nos preservar estrategicamente para continuar a luta”, aconselha.


Essa “retomada de fôlego estratégica” da artista aposta em discursos plurais, contestando o “dente por dente” do enfrentamento pautado em agressividade. Tanto conceitual quanto musicalmente, a faixa promete pluralidade. “Eu me considero muito eclética, escuto de pop a funk, sertanejo... Quando estávamos produzindo os arranjos eu trouxe muitas referências de artistas pop e eletrônico, como Lorde, Lana del Rey e Billie Eilish”. Ainda na aposta por sons ecléticos, Mini Lamers destaca a vontade de trabalhar com artistas como Letrux, Maria Gadú e Duda Beat, conhecidas pela experimentação musical.


Todo esse movimento pavimenta o caminho para o primeiro álbum da cantora, Luta ou Fuga, que tem lançamento previsto para agosto. O disco contará com participações especiais e trata temas íntimos à cantora. “Luta ou Fuga é um mecanismo que nós e os animais ativamos frente a situações de estresse, medo, conhecido também como um estado de alerta. Esse estado é um lugar muito familiar pra mim, pois luto contra a Síndrome do Pânico desde muito nova. Encontrei na composição musical uma forma de elaborar minhas mágoas, medos e questionamentos. Nesse disco, falo muito do medo das perdas, da valorização dos próprios limites e questionamentos sobre formas de se relacionar”.


Raízes de Mini Lamers em Santos


Mini nasceu em Santos, em 1988, e morou por muitos anos no Boqueirão. Em busca de oportunidades, se mudou para São Paulo, onde vive desde 2005. “As pessoas sempre vão as capitais em busca de oportunidades e apesar de um número imenso de pessoas, muitas vezes é onde você se sente mais acolhido, devido a diversidade. Apesar do desmonte da Cultura, aqui encontramos um grande movimento de resistência, que abre cada vez mais espaço para nós artistas da comunidade”.


Em comparação com Santos, Mini lamenta a falta de incentivos e possibilidades para artistas locais. “Assim como a maioria das cidades, sempre tiveram boas bandas e artistas surgindo. No entanto, é uma cidade que carece de incentivos e políticas públicas para a cultura e a arte”. Com a pandemia, o trabalho foi ainda mais afetado, e as possibilidade virtuais se tornaram a principal oportunidade de desenvolvimento profissional.


Agora, Mini Lamers se prepara para uma nova fase com o disco e prevê experiências cada vez melhores. “Comecei a me apresentar com 17 anos e acredito que todas as experiências são enriquecedoras. Tenho ambições de me tornar uma compositora reconhecida e fazer parcerias com outros artistas”, conclui a artista. O EP Quiet for a Bit já está disponível nas plataformas digitais, assim como o videoclipe da faixa-título.



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