Nascido Flávio de Abreu Lourenço, o Renegado, aos 38 anos, aproveitou a pandemia para criar. 1221, disco que está disponível nas principais plataformas digitais, foi todo feito durante a quarentena, em seu home estúdio. O mineiro apresentará 12 feats inéditos, que serão revelados mês a mês (dois em outubro). Cada faixa – sempre com um videoclipe –, apresenta uma parte da história do disco.
Cada vez menos cético e brincando mais com a numerologia, o cantor e compositor traz em doze vinte e um uma série se simbologias para este novo trabalho. “O 12 é realmente isso. Tempo de carreira, 12 faixas e 12 feats. E o 21 é o ano que nós estamos. Ano da possibilidade, da reconstrução. Para mim é tão emblemático isso”. Outra explicação é que também de trás para frente também lê-se 1221. “Estamos dentro de um ciclo numérico importante e forte. Somando, dá o número 6, que eu gosto muito porque fecha na igualdade, é compasso musical. Número quebrado e certo. Por isso é tão emblemático”, ensina.
Como diz o informe do disco, “e como uma espécie de quebra-cabeça, a união da capa de cada um dos singles formará a capa do álbum, que será conhecida só em dezembro, quando ganhará uma edição comemorativa em vinil”.
Detalhista e dedicado como bom taurino que é, Renegado afirma que todo o disco foi composto, pensado e produzido na pandemia. Nessa volta à sua “energia inicial”, sentiu como em sua adolescência dentro de um barraco no Alto Vera Cruz, favela da Zona Leste de Belo Horizonte (MG).
“Senti que a pandemia me deu oportunidade de voltar a esse lugar, em casa no meu home estúdio, achando beats, batidas e sentimentos sobre esse movimento que eu fiz e o mundo inteiro fez. Essa energia inicial. É complicado, mas desafiador. É como tirar essa selfie e se retratar”.
Entre as composições, há letras dele e com colaboração. Algumas são solo, outras com parceiros. Fica Pro Café, por exemplo, foi feita ao lado de Lucas Arcanjo, da dupla Lucas e Orelha. “Compor com ele está sendo um presente também. Sobre os feats, vai haver muitas surpresas pelo caminho. Participações de todos os tipos; artistas novos, como a Mi, por exemplo. E artistas veteranos, na pista. De uma forma bem eclética. A magia do 1221. São 12 anos de trabalho encontrando e dialogando com gente”.
Corpo político
Quando perguntado se seu lado ativista vai continuar, é enfático. Diz que o ativismo político está presente com ele onde estiver, seja cantando amor, seja cantando protesto.
“Isso faz parte do meu trabalho, da minha essência. Eu sou um homem preto. E por onde meu corpo preto anda é um ato político, de resistência e existência. Eu não consigo desvincular meu trabalho do ativismo político porque eu sou o próprio ativismo político. Eu sou o Brasil, o povo brasileiro que resiste a isso tudo”.