Análise: Globo de Ouro 2021 tem discursos políticos e consolida monopólio da Netflix

A 78ª edição aconteceu neste domingo (28); atrizes e diretoras foram destaque nos principais prêmios da noite

Por: Beatriz Viana  -  02/03/21  -  15:09
Chloé Zhao levou 'melhor direção', e Anya Taylor-Joy seu primeiro Globo de Ouro
Chloé Zhao levou 'melhor direção', e Anya Taylor-Joy seu primeiro Globo de Ouro   Foto: Divulgação

Foi dada a largada para a temporada de premiações, domingo à noite. A 78ª edição do Globo de Ouro, promovida pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, foi apresentada por Tina Fey e Amy Poehler, em transmissão híbrida, por conta da pandemia. Mesmo com dificuldades de transmissão pela recepção dos indicados por videoconferência e pouco brilho, a cerimônia contou com vários momentos importantes. Confira!


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Motivação política


Após acusações de corrupção, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), responsável pela organização do Globo de Ouro, pisou em ovos para evitar polêmicas. Por isso, optou por uma cerimônia breve e corrida, aproveitando a facilidade do dinamismo digital. O senso de reparação pela falta de diversidade exalou por toda parte, com discursos ensaiados de membros da Associação e poucas intervenções das apresentadoras. 


A atmosfera condescendente só foi quebrada quando Jane Fonda subiu ao palco. Ela prioriza a questão ao receber o prêmio Cecil B. de Mille, uma homenagem que enaltece seu trabalho como atriz e ativista. “Vamos nos esforçar para expandir espaços, para que (...) a história de todos tenha chance de ser vista e ouvida”.


Mesmo sendo a grande homenageada da noite, a atriz de 83 anos usou o seu tempo para destacar alguns filmes e séries do ano. Lembrou da série I May Destroy You (HBO), esnobada pelo prêmio, que conta de forma sensível a história de uma jovem reconstruindo sua vida após ser vítima de estupro.


Gratas surpresas


Sorte de principiante? Ou o nascimento de novas estrelas? Seja como for, alguns artistas levaram a melhor diante de veteranos. Foi o caso de Andra Day, que superou Viola Davis e Frances McDormand levando o prêmio de Melhor Atriz em Filme de Drama pela atuação em Estados Unidos vs. Billie Holiday. A cantora Laura Pausini também recebeu seu primeiro Globo de Ouro por Io Sì (Seen), música de Rosa e Momo, que competia com H.E.R. e a própria Andra Day.


Sacha Baron Cohen foi outro a atingir feitos inéditos. Ele é o segundo ator da história a ganhar prêmios pela sequência de um papel, reinterpretando Borat em Fita de Cinema Seguinte. Em Melhor Atriz Coadjuvante, Jodie Foster foi pega completamente de surpresa, de pijamas, vencendo por The Mauritanian. 


Reinado absoluto


Na televisão, a grande campeã do ano foi a série The Crown, da Netflix, que levou todas as categorias em que foi indicada. O Gambito da Rainha confirmou o favoritismo e também venceu todas as suas indicações, consagrando Anya Taylor-Joy como o diamante da estação.


O monopólio da produtora vai se consolidando: além das séries, a Netflix ainda levou quatro estatuetas nas categorias de cinema, incluindo prêmio póstumo para Chadwick Boseman, pela impactante atuação em A Voz Suprema do Blues. A única surpresa negativa foi Mank, que saiu de mãos vazias, apesar do favoritismo pela direção do icônico David Fincher. 


O ouro é delas!


Em 78 anos de premiação, apenas oito mulheres concorreram na categoria de Melhor Direção: Barbra Streisand, Jane Campion, Sofia Coppola, Kathryn Bigelow, Ava DuVernay e, neste ano, Emerald Fennell, Regina King e Chloé Zhao (um recorde de indicações femininas na categoria).


De todas, Barbra Streisand era a única mulher vencedora do prêmio por Yentl, em 1984. Quase 40 anos depois, Chloé Zhao faz história como a segunda mulher a levar Melhor Direção, por Nomadland. E mais: tornou-se a primeira cineasta a conquistar o principal prêmio da noite, Melhor Filme de Drama. Parece que um futuro mais diverso realmente pode estar no horizonte.


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