80 anos de Bob Dylan: entenda a cronologia musical do ícone da contracultura

Confira os álbuns que marcaram a longa trajetória do lendário músico norte-americano

Por: Eduardo Cavalcanti - Colaborador  -  06/06/21  -  13:17
 Veja detalhes da discografia de Bob Dylan e seus maiores sucessos
Veja detalhes da discografia de Bob Dylan e seus maiores sucessos   Foto: Reprodução/Twitter

Se alguém merece ser considerado gênio, na esfera do rock, a escolha óbvia só pode ser Bob Dylan. O Prêmio Nobel de Literatura, em 2016, foi um reconhecimento da estatura do cantor e compositor norte-americano, mas há muito mais tempo ele ostenta o status de ícone contracultural incontestável, por ter elevado a outro patamar as possibilidades expressivas das letras no rock.


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Para marcar os 80 anos de Dylan, completados em maio, o Próxima Parada guia o leitor, brevemente, pela discografia do músico, da década de 60 até hoje. Ele pode não ter feito só álbuns essenciais, mas poucos artistas conseguem ter uma carreira de mais de seis décadas e, o que é ainda mais difícil, se mantendo tão relevantes.


Absolutamente essencial


O essencial de Bob Dylan significa o essencial do próprio rock. Chamar Highway 61 Revisited (1965) e Blood On the Tracks (1975) de discografia básica é eufemismo. O primeiro, que tem a canção-assinatura Like a Rolling Stone, é uma das obras que definiram a contracultura dos anos 60; o segundo é, provavelmente, a melhor coisa já feita por um sobrevivente daquela década, durante a ressaca dos 70. É possível até discutir se Dylan fez algum outro disco tão bom, mas com certeza não superou esses dois.


Os outros do top 5


O top 5 da extensa discografia de Dylan fica completo com os três álbuns que formam a espinha dorsal da fase que vai de 1963 a 1966. The Freewheelin’ Bob Dylan (1963) é o auge do folk como música de protesto, e inclui o hino Blowin’ IntheWind. Bringing It All Back Home (1965) faz a decisiva transição do herói contestador para o trovador elétrico, e contém outra canção-assinatura, Mr. Tambourine Man. O monumental Blonde On Blonde (1966) consolida o papel de Dylan como maior e mais influente compositor de sua época.


Por onde começar


Uma discografia com mais de 100 álbuns pode dar vertigem a quem tem interesse apenas casual por Bob Dylan. As coletâneas Greatest Hits Vol.1 (1967) e Vol. 2 (1971) não trazem, necessariamente, hits – Dylan nunca foi um artista pop –, mas cobrem com eficiência o repertório básico da década de 60, período clássico do músico. Quem procura um ponto de entrada direto na fase rock, não precisa ir além de Before the Flood (1974), gravado ao vivo com a lendária The Band. É o equivalente a um greatest hits, só que ainda mais vigoroso.


Para iniciados


Para fãs hardcore, The "Royal Albert Hall" Concert (1966), da série de piratas oficiais, é um documento histórico que mostra Bob Dylan sendo hostilizado, porque passou a tocar acompanhado por músicos de rock. The Basement Tapes, gravado em 1967 e lançado em 1975, contém as sensacionais gravações caseiras com os integrantes do The Band, enquanto Dylan se recuperava de um acidente de moto. John Wesley Harding (1967) marca o retorno ao som mais acústico dos primeiros discos, e Nashville Skyline (1969) é um tributo à country music. Ambos são tão brilhantes, quanto fora da curva.


Pontos altos


Mesmo o Bob Dylan clássico pode soar abrasivo, no início. Depois dos anos 60, ele produziu material mais acessível, mas com qualidade irregular, o que exige garimpagem na hora de escolher. New Morning (1970) e Slow Train Coming (1979) são os discos mais fáceis da década de 70, com o sucesso de Hurricane destacando o álbum Desire, de 1976. A produção dos anos 80 é intensa, mas só Infidels (1983) e OhMercy (1989) se impõem acima da média. Time Out of Mind (1997) é o melhor da magra década seguinte. Love and Theft (2001) e Rough and Rowdy Ways (2020) trazem Dylan imerso em blues, country e R&B tradicionais, com resultados honestos e mais que recomendáveis.


Pontos baixos


Depois de uma sequência ininterrupta de álbuns clássicos, de 1963 a 1969, a entrada de Bob Dylan nos anos 70 não poderia ter sido pior. Self Portrait (1970) e Dylan (1973) são ruins a ponto de quase desconstruírem o mito. A década acabou igualmente embaixa, com o medíocre ao vivo At Budokan (1979), e a seguinte começou ainda pior, com o abismal Saved (1980). Entre 2015 e 2017, Dylan lançou três discos só de standards da música americana. Dependendo do gosto, podem ser insuportáveis, ou excelentes. Mas fica o aviso de que nenhum Like a Rolling Stone será encontrado aqui.


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