A luz que entra em nossos olhos passa por dois caminhos diferentes: o visual, que nos ajuda a perceber o mundo ao nosso redor, e o biológico, que possui um conjunto de fotorreceptores responsáveis por enviar um sinal para o nosso relógio biológico, desencadeando diversas ações no organismo, como a produção de hormônios, de melatonina, aumento ou diminuição da força muscular, regulação da temperatura corporal, digestão e resposta imune.
Estudo europeu publicado no Journal of Internal Medicine, que acompanhou cerca de 30 mil mulheres suecas ao longo de 20 anos, concluiu que aquelas que passavam mais tempo ao sol viviam de seis meses a dois anos a mais do que as que tinham menos tempo de exposição solar. Apesar disso, os pesquisadores afirmam que são necessárias mais pesquisas para compreender melhor os mecanismos envolvidos no processo.
“Nosso corpo precisa saber que horas são para funcionar corretamente, e quem informa isso é a natureza por meio do ciclo circadiano, que nada mais é do que a movimentação do sol durante o dia. A temperatura das diferentes cores tem um espectro emitido pela natureza e, dessa maneira, esse fotorreceptor capta e consegue entender o horário”, explica a especialista em projetos de iluminação saudável Adriana Tedesco, da Studio Guido Projetos de Iluminação Integrativa.
Por outro lado, também foi descoberto que esse fotorreceptor não consegue distinguir a luz natural da artificial, ou seja, é possível controlar isso. Mesmo assim, segundo a especialista, o ideal seria ficar o máximo de tempo possível do dia exposto à luz natural, tendo em vista que, caso uma pessoa tenha que ficar em um lugar sem acesso à luz natural, sob a mesma temperatura de cor por muitas horas seguidas, estará recebendo a mesma informação o dia inteiro, fazendo com que o organismo acabe entendendo que é o mesmo horário. “Quando isso acontece, o corpo vai ficando desregulado e não funciona da forma como deveria. E se a pessoa não tem compensações com uma luz natural, ela vai sofrer uma cronoruptura (quebra do ritmo circadiano), que comprovadamente desencadeia várias doenças, como diabetes, problemas no coração, distúrbios do sono, insônia, depressão e ansiedade. Tudo o que a pessoa já tiver uma predisposição ficará mais evidente”, revela Tedesco.
A especialista tem como missão projetar ambientes luminosos saudáveis, trazendo experiências da natureza para dentro de nossas casas, “permitindo que o organismo possa reconhecer que estamos em sincronia com os ciclos naturais, reconectados com a nossa própria essência, possibilitando, assim, que nossas moradas sejam nossas próprias terapias de curas”.