Muita gente, principalmente quando chega aos 40 anos, se depara com a famosa crise da meia-idade. Ela vem acompanhada de um misto de sentimentos, em especial insegurança, frustração e o medo de não ter aproveitado a vida o suficiente. Mas esse tipo de crise também pode dar as caras em outras fases da nossa vida, com destaque para aquelas marcadas por processos importantes de transição, como a época em que se ingressa na terceira idade. E acredite: há situações em que surge na adolescência ou mesmo no início da vida adulta.
Em cada faixa etária, existe um padrão de comportamento esperado pela sociedade e, quando essas expectativas não são atingidas, a tendência é a gente começar a pensar a respeito. “Após frequentes reflexões sobre a nossa própria vida, quanto à percepção de nossas realizações ou da falta delas, surgem muitos sentimentos e emoções. A sensação de não ter aproveitado ou construído o que se desejava, ou de não ter atingido os objetivos que se tem, assim como as percepções sobre as próximas fases da vida, tudo isso pode trazer angústia e ansiedade”, explica a psicóloga Jamile Gonçalves.
Meia-idade
A meia-idade, período entre os 40 e os 55 anos, estimula uma avaliação de todas as esferas da nossa vida, pela constatação de que ela é finita, de que passa muito rápido… Jamile explica que essa transição leva não só à reavaliação de diversos aspectos da vida como à necessidade de tomar decisões para a manutenção de estruturas, como casamento, família, amizades e a carreira. Ou seja, tudo aquilo que foi construído ao longo dos anos de vida.
“Se não conseguiu atingir o que almejava, o adulto de meia-idade pode sentir-se muito frustrado, chegando até a desenvolver doenças mentais, com alterações do humor e da motivação. Os sentimentos de incapacidade afetam a autoestima e podem gerar uma crise existencial e emocional”, afirma a psicóloga.
Ela acrescenta que a mulher acaba vivenciando um momento ainda mais marcante e intenso na meia-idade. “A menopausa traz não só alterações físicas e emocionais, mas também mudanças hormonais que afetam a saúde como um todo. Conforme essas emoções vão se desequilibrando, podem surgir crises depressivas e ansiosas ou, inclusive, quadros mais graves de acordo com os acontecimentos e com a forma como se reage a eles”.
Outras épocas
É preciso deixar claro que não existe somente uma crise de idade. Além da famosa dos 40, a crise dos 30 anos, por exemplo, aparece quando a disposição já não é a mesma da dos 20 e poucos anos, a pele e o cabelo começam a apresentar os sinais da maturidade e as noites de sono mudam. Sem contar que preocupações e questionamentos sobre o que fazer da vida passam a ser recorrentes.
Como tratar?
A busca do autoconhecimento tem um papel fundamental no combate e na prevenção de uma crise de idade. Esse processo envolve compreender as próprias características, os seus potenciais e fraquezas, assim como lidar melhor com as suas questões, expectativas e o planejamento da sua vida. “É preciso avaliar o quanto essa fase está impactando a sua rotina, que tipo de emoções e sintomas podem estar presentes e qual o grau de prejuízo à sua funcionalidade”, explica a psicóloga Jamile Gonçalves. Ainda segundo ela, muitas pessoas atravessam uma crise de idade com as suas reflexões e questionamentos, mas não necessariamente sofrem com isso. Só que, dependendo do caso e da intensidade da crise, “o acompanhamento de um profissional de saúde mental pode ser importante, para que ele avalie se existe a necessidade de uma intervenção até farmacológica”.