Em entrevista, Alok conta sobre carreira, família, causas sociais e muito mais

Quinto melhor DJ do mundo tem números que impressionam, além de ser engajado em outros projetos

Por: Stevens Standke  -  09/01/22  -  08:53
DJ Alok. de 30 anos, é goiano e está entre os melhores DJ´s do mundo
DJ Alok. de 30 anos, é goiano e está entre os melhores DJ´s do mundo   Foto: Alisson Demetrio/Divulgação

Os números ligados a Alok impressionam. Para começar, recentemente, ele foi eleito o quinto melhor DJ do mundo – sendo o único sul-americano a figurar no top 10 da renomada revista inglesa DJ Mag. Sem falar que tem uma média de 20 milhões de ouvintes mensais no Spotify, 26,4 milhões de seguidores no Instagram, 6,29 milhões de inscritos no YouTube, 9 milhões no Facebook, 2,6 milhões no Twitter e 11,4 milhões no TikTok.


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Para completar, possui sua própria gravadora, a Controversia, por meio da qual, além de ter maior liberdade criativa, aposta em novos talentos. O goiano de 30 anos também é um cara superfamília – casado com a médica Romana Novais e pai de Ravi, de 2 anos, e Raika, de 1. Outra característica marcante do DJ é o seu engajamento em causas sociais desde 2015, como a defesa do povo indígena. Inclusive, há um ano, criou o Instituto Alok, a partir de um fundo de R$ 27 milhões, com atuação no Brasil, na África e na Índia. “Em viagem à Amazônia, tive experiência muito forte com a tribo dos yawanawás. Senti um chamado para contribuir ecoando as vozes dos índios”, conta.


Desde 2015, você aparece na lista de melhores DJs do mundo e, na nova edição do ranking, subiu para o quinto lugar. Como sente o reflexo do seu trabalho em termos de projeção da música brasileira?


É um trabalho constante de equipe. Todo ano estabelecemos algumas metas e traçamos estratégias para alcançá-las. Sou um cara curioso, que ama música, e fico atento para saber o que está rolando na cena musical. Por isso, faço parcerias com artistas de vários gêneros. O Brasil é gigante e a nossa diversidade também, e isso se reflete no exterior. É importante o mundo saber que a nossa produção cultural é de alto nível.


Onde busca inspiração?


Sempre procuro conectar uma composição e uma melodia que representem um sentimento, que contem uma história ou que incentivem uma reflexão. Nas faixas que faço, o que não pode faltar é a energia intensa característica da música eletrônica, aquela que conquista os corpos e cria uma sensação positiva.


Cada vez mais você consegue trabalhar com grandes nomes da cena global. Como é para fechar essas parcerias?


Às vezes, os artistas são apresentados a mim pelas gravadoras ou por amigos em comum. Aí, se tiver uma combinação genuína, o som que sai disso é maravilhoso. Às vezes, eu fico fascinado por alguém que conheci na internet e vou atrás, entro em contato. Muitas colaborações aconteceram desse jeito. De ambas as formas, é sempre uma honra quando alguém confia no meu trabalho.


O que pesou para abrir a sua própria gravadora?


A Controversia tem como objetivo descobrir talentos e difundir a música eletrônica. É um selo independente, o que me dá liberdade criativa e artística nos trabalhos.


Como está sendo agenciar outros artistas?


Minha meta é descobrir talentos e ajudá-los nas questões que foram as mais difíceis no início da minha carreira. É uma aventura conhecer tanta gente com potencial enorme.


Você sempre deixou claro o quanto a família é importante na sua vida. O que vem à cabeça quando pensa nela?


Paz. A minha família é o meu refúgio, um alicerce que me constrói de diversas formas. Os meus filhos trouxeram sentido à vida, eles me transformam diariamente.


Qual é a maior preocupação na educação deles?


Existe uma narrativa de qual mundo deixaremos para nossos filhos, sabe? Mas gosto de inverter essa perspectiva e perguntar: quais filhos vamos deixar para o mundo? Então, a minha preocupação é dar condições para que eles sejam cidadãos atuantes, conscientes e empáticos com o próximo.


Seus pais são DJs. Como foi crescer no meio da música eletrônica?


Foi uma dádiva enorme ter esse contato desde cedo. Como meus pais criaram o festival Universo Paralello, a música eletrônica acabou fazendo parte da minha formação. Lembro de ficar nas picapes do lado deles, vendo-os tocar. Mas o que aprendi com os meus pais vai além da música, são ensinamentos para a vida.


No início da carreira, você formou um duo com o Bhaskar, seu irmão gêmeo. Foi duro tomar a decisão de deixar o projeto para ter trabalho solo?


Sempre é difícil tomar uma decisão para seguir algo novo. Mesmo assim, eu e o Bhaskar continuamos tocando juntos, produzindo muita coisa bacana. E cada um tem a sua carreira. O Bhaskar, certamente, é meu melhor amigo. Nos falamos praticamente todo dia. Temos uma ligação superforte.


Não é de hoje que você se envolve com causas sociais. O que foi essencial para se engajar assim?


Comecei a fazer isso em 2015, quando tinha 24 anos. Na época, eu estava conquistando tudo: fama, dinheiro... E, ao mesmo tempo, sentia que não tinha nada. Eu estava angustiado, precisava de um propósito. Então, fiz uma viagem para a África e vi a desigualdade e a injustiça social de perto de um jeito... Assim, entendi que ali havia uma oportunidade de eu fazer a diferença. Com o tempo, me eduquei muito, me reuni com pessoas incríveis que têm o mesmo propósito que eu, visitei regiões deficitárias que necessitavam de apoio, projetos e ações sociais que precisavam de incentivos e, dessa maneira, o meu instituto nasceu. As ações dele nos orgulham.


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