Saiba como dar um up no repouso do pet

É importante que o tutor avalie o sono do pet para garantir, inclusive, que suas memórias e emoções sejam armazenadas

Por: Beatriz Araujo  -  30/05/21  -  09:44
Atualizado em 30/05/21 - 09:45
   Com os tutores passando mais tempo em casa por conta da pandemia, é preciso atentar para que o sono dos bichanos não seja prejudicado.
Com os tutores passando mais tempo em casa por conta da pandemia, é preciso atentar para que o sono dos bichanos não seja prejudicado.   Foto: Adobe Stock

O sono dos bichinhos de estimação precisa ser respeitado. Assim como para os humanos, os momentos de descanso são revitalizadores e desempenham funções importantes para o desenvolvimento dos pets. É fundamental, então, que os tutores conheçam melhor o instinto e as individualidades dos animais com quem compartilham o lar, para que todos durmam de forma tranquila e saudável, lidando bem com eventuais contratempos.


Além de o sono restabelecer a energia vital do pet, recuperando o sistema nervoso e fortalecendo a imunidade, há um fato curioso e pouco comentado com relação à área comportamental. De acordo com a médica-veterinária Ursula De Demarco, especialista em comportamento animal, é ao dormir que os gatos e cachorros fixam os aprendizados e as emoções, sejam elas positivas ou negativas.


Um exemplo prático é imaginar um bichinho que se assustou com fogos de artifício, tendo passado por isso sozinho em casa. Se ele dormir após a experiência, sem ser acalmado e acalentado, é possível que desenvolva um trauma que será notável em futuras situações do tipo.


Ursula indica que, caso ocorra algo ruim com o pet, o tutor dê apoio e proporcione momentos descontraídos antes de ele dormir. Assim, o animal “guardará” essa lembrança de forma mais leve e não será intensa a emoção do medo que ficará fixada em sua memória. O mesmo serve para situações boas com o bichinho.


Capacidade de adaptação


O cachorro, por ser companheiro do homem a longa data, possui maior capacidade de adaptação do seu sono à rotina do tutor. Se ficar muito sozinho, ele pode distribuir o repouso em curtos cochilos ao longo da tarde, mas é capaz também de passar o dia todo acordado, acompanhando o tutor nas suas atividades cotidianas.


Com relação aos gatos, a principal diferença é que os felinos costumam ter mais horas de sono e ficam mais ativos pela noite, seguindo seus instintos de caça. “Normalmente, eles dormem tanto por ‘falta de necessidade’ de ficarem acordados”, diz o médico- veterinário Luiz Roberto Biondi, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).


Fator pandemia


Agora, com os tutores passando mais tempo em casa por conta da pandemia, é preciso atentar para que o sono dos bichanos não seja prejudicado. Especialistas alertam que o estresse em torno dessa adaptação pode ser intenso para os pets, principalmente para os felinos.


“Às vezes, o animal acorda no susto e acaba mordendo ou arranhando o dono, ficando mais irritado do que o comum”, comenta Ursula. Isso acontece por ele querer descansar e estar sendo “atrapalhado”. Além disso, a falta de atividades apropriadas potencializa os problemas comportamentais.


“Os gatos também têm que ser estimulados ao longo do dia”, diz. Em contrapartida, há os animais que passaram a dormir menos por interagirem mais com o ambiente externo – o que pode ser positivo. “Eles costumam se adaptar bem, mas é preciso avaliar cada caso”, afirma Luiz Roberto Biondi.


De qualquer jeito, é crucial estabelecer uma rotina tanto para o cachorro quanto para o gato. Essa previsibilidade proporciona a sensação de segurança e diminui a ansiedade – que pode afetar o sono e a qualidade de vida.


Apneia e seu impacto


Existem outros fatores que podem prejudicar o repouso do pet. Um dos principais é a apneia do sono, comum em animais obesos. Cachorros com focinho curto e achatado, como buldogue e pug, também são alvos da síndrome, devido a essa anatomia – assim como gatos com as mesmas características. Ao notar o quadro no bichinho de estimação, o indicado é buscar uma avaliação médica, para detectar formas de apaziguar a situação, de acordo com o caso.


Disfunção Cognitiva Canina


“Os animais estão vivendo mais”, ressalta Luiz Roberto Biondi, “e o envelhecimento tem mostrado os seus sinais”. Por força da natureza, então, a Disfunção Cognitiva Canina merece atenção entre os fatores que afetam o sono do cachorro e, consequentemente, do tutor.


Essa doença é similar ao Alzheimer, que acomete os humanos. Quando os cachorros entram na fase idosa, em torno dos 8 anos, e progressivamente se enquadram nesse distúrbio, é comum que “troquem o dia pela noite”, passem a latir e chorar mais e acabem tendo um sono de pior qualidade.


E, assim como nos seres humanos, não é possível impedir esse tipo de problema. O que pode ser feito, com medicamentos de apoio, é buscar retardar o quadro.


Para Ursula De Demarco, algo simples que pode servir de complemento, para amenizar a situação, é não deixar de proporcionar atividades e brincadeiras ao cachorro idoso, respeitando suas limitações.


Os PETS sonham?


De acordo com os especialistas, não é comprovado, cientificamente, que cães e gatos consigam sonhar. Porém, é confirmado que eles, assim como os humanos, chegam à fase mais profunda do sono: o estágio REM. “Pensando evolutivamente, é possível que os animais consigam sonhar, sim. Mas, para termos certeza, eles teriam que contar pra gente”, brinca o veterinário Luiz Biondi.


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