Renata Kuerten além da beleza: apresentadora fala sobre carreira, projetos e infância na roça

Confira mais na entrevista da apresentadora à AT Revista

Por: Stevens Standke  -  28/11/21  -  13:37
“Escutava de olheiros e profissionais da área que eu não tinha biotipo de Barbie”
“Escutava de olheiros e profissionais da área que eu não tinha biotipo de Barbie”   Foto: Gabriel Bertoncel/Divulgação

Se não fosse determinada, Renata Kuerten teria desistido do sonho de ser modelo, de tanto que escutou de olheiros e de profissionais da área que não era bonita e que não levava jeito para desfilar e fotografar. Com o coração apertado, por deixar a família na pequena cidade de Braço do Norte, no interior de Santa Catarina, ela foi tentar a sorte em São Paulo e, com apenas 16 anos, se mudou para Paris (França).


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A partir daí, construiu uma carreira bem-sucedida de modelo e morou em vários países. Quando retornou para o Brasil, teve a oportunidade de se experimentar como apresentadora. Apesar do medo de comprometer tudo o que havia construído, passou a ser chamada para vários trabalhos na televisão, sendo o mais recente o reality show Um Show de Noiva, do E! Entertainment Television, que foi renovado para uma terceira temporada, prevista para 2022. Na entrevista a seguir, Renata, que está com 32 anos, conta que trabalha em mais dois programas para o canal e diz que o reality pesou para decidir, após 11 anos de relação, se casar com o empresário e advogado Alberto Senna. Também fala que uma das suas principais motivações na carreira foi conseguir dar uma vida melhor para os seus pais, que trabalhavam na roça.


Casamento

O reality Um Show de Noiva vai ganhar uma nova temporada?

Nós vamos fazer uma terceira temporada, sim. Até brincamos que, quem sabe, o meu casamento acabe aparecendo no programa. Já era para termos gravado os novos episódios, mas, por causa da pandemia, decidimos retomar a produção do reality no início do ano que vem. Fechei mais dois programas com o E!, também para 2022. Um de moda, com o Alexandre Herchcovitch, para o qual já fizemos chamadas e alguns takes, e outro de viagens, que está em fase de definição de formato.


O que tem achado de comandar uma atração sobre casamento?

Quando me convidaram para apresentar o Um Show de Noiva, confesso que eu fiquei meio assustada. Pensei: “Será que vou dar conta?” Porque eu não entendia nada de casamento; até então, era um tema muito fora da minha zona de conforto. Só que decidi me jogar no projeto. Conforme comecei a gravar o programa e fui conhecendo os estilistas e as histórias das noivas, me apaixonei por esse universo. Nunca tive o sonho de casar, mas, por causa da experiência no Um Show de Noiva, resolvi me casar.


Pretende se envolver em todos os preparativos do seu casamento?

Sim. Já era para ter me casado com o meu noivo ou namorido, com quem estou há 11 anos. Porém, com a pandemia, primeiro adiamos a cerimônia para o fim deste ano; agora, a festa e o casamento serão em 2022, pois quero que aconteçam na minha cidade natal, Braço do Norte, que é bem pequena, no interior de Santa Catarina. Estou colocando em prática todo o conhecimento que adquiri no programa. Tanto que já tenho até três vestidos de noiva (risos). Um para a cerimônia no cartório; outro para o casamento no Sul, com a minha família, e um terceiro para a comemoração que pretendo fazer em São Paulo, onde moro, para os meus amigos.


Modelo

O que despertou o seu interesse pela moda?

Quando eu tinha 11 anos, a minha irmã mais velha estava com 17 e já era modelo. Mesmo ela tendo desencanado da carreira, fiquei com essa vontade de me experimentar na moda, porque também via a Gisele (Bündchen) e outras modelos internacionais. E fui atrás. Sempre participava de concursos, mas não ganhava nenhum. Escutava de olheiros e profissionais da área que eu não tinha biotipo de Barbie, ou seja, não era alta e magra. Naquela época, 19 anos atrás, esse era meio que um padrão a ser seguido. E eu era o tipo de criança que andava descalça e descabelada, que brincava na areia com os primos.


Como conseguiu superar essa resistência inicial?

Sou determinada. Um belo dia, em um desfile, um dos olheiros que sempre diziam que eu não era bonita prometeu que, se ganhasse daquela vez, ele ia me dar uma passagem de ônibus para São Paulo. De novo, não venci. Só que o olheiro ficou com pena e criou um segundo lugar, para, mesmo assim, me dar a passagem que havia prometido. Com 15, 16 anos, fui sozinha para São Paulo, com R$ 50 no bolso, pois a minha família era muito pobre. Em uma das idas à agência, estava rolando um casting para trabalhar em Paris (França). Foi algo tão louco! Como eu não falava inglês, ficaram com um cartaz, atrás do cliente, mostrando o que devia dizer. Deu certo. Me chamaram, a princípio, para um período de experiência, de três meses.


E como se virou fora do País sem falar nada de inglês e muito menos francês?

Como uma boa virginiana, sempre fui disciplinada e dedicada. Não demorou muito para aprender a falar um pouco de francês e, como morava com cinco russas, acabei aprendendo o básico do inglês. Aproveitei para trabalhar bastante na França. Era o tipo de modelo comportada, que aparecia todo dia na agência, não saía, não fumava.


Pais

Tem alguma memória marcante desse período?

Quando eu já estava há cinco meses em Paris, liguei para a casa do meu avô, para conseguir falar com a minha mãe, pois os meus pais não tinham telefone. Eu estava chorando demais e disse para a minha mãe que ia desistir. Muita gente acha que é fácil trabalhar no mercado da moda, mas não é. Também estava triste por causa da saudade que sentia da minha família. A minha mãe falou: “Você saiu de uma cidade com 8 mil habitantes e não só batalhou bastante como ouviu um monte de sapos para alcançar o seu sonho de ser modelo. Agora, vai largar tudo? Tente mais um pouco. Se não funcionar, daqui a um mês, você volta para o Brasil”. Ainda bem que a minha mãe me incentivou, senão, hoje, eu teria de conviver com o arrependimento de ter desistido. No final das contas, fiquei um ano fora. De Paris, fui morar em Londres (Inglaterra), Hamburgo (Alemanha), Milão (Itália), nos EUA e em Israel.


Qual era sua maior meta?

Eu queria proporcionar uma vida melhor para os meus pais. Tanto que, no período em que morei fora do País, sempre que dava os levava para ficar comigo. Os meus pais hoje estão aposentados, mas, durante a vida inteira, eles trabalharam na roça de fumo e na granja e sofreram bastante. A minha mãe tem alergia e bronquite. Lembro que havia noites em que, por causa das crises, ela tinha de ficar andando na rua para conseguir respirar. Me machucava ver esse tipo de situação. Dizia para mim mesma: “Vou tirar a minha família daqui”. Com o primeiro dinheiro de verdade que ganhei, tirei meus pais da roça e comprei um apartamento para eles no centro da cidade.


Glamour

O que mais chamou a sua atenção no dia a dia de modelo?

Eu, como muita gente, achava que ser modelo era só glamour. Que bastava ficar linda e parada que a foto logo saía. Mas dá um trabalhão... Às vezes, demoram horas até conseguir o ângulo, a luz certa. Nos desfiles, você tem que chegar umas quatro horas antes para preparar cabelo, maquiagem e ensaiar. Isso quando não precisa fazer biquinho enquanto fotografa uma campanha no meio da neve.


Pode citar outras situações inusitadas?

A gente costuma ver uma foto maravilhosa de uma modelo de lingerie e nem imagina que, dependendo do caso, aquela imagem foi feita durante o inverno! Não esqueço uma campanha de inverno que fotografei nas falésias de Fortaleza (Ceará). Você não tem ideia como foi sofrido ficar com casaco e meia-calça naquele calor de 40 graus.


Transição

O que pesou para voltar a morar no Brasil?

Vim passar o Natal com a minha família e, como no início do ano teria a São Paulo Fashion Week, disse para a minha agência que ia aproveitar para desfilar no evento. Na época, havia um concurso: a modelo que tivesse o maior número de desfiles na SPFW ia ser capa da revista Vogue. Eu fiquei em segundo lugar, com 52 desfiles; a ganhadora fez 54. Acabei tendo a oportunidade de participar de um editorial da Vogue e, como um trabalho foi puxando o outro, retornei para o Brasil. Mesmo assim, passava alguns períodos fora do País.


E como surgiu a oportunidade de se tornar apresentadora?

Eu sempre era convidada para participar de programas como o do Faustão e gostava daquilo. Mas o grande responsável por me tornar apresentadora foi o dono da minha agência. Ele tinha o sonho de montar um programa com uma modelo apresentando e outras modelos no elenco, e ele me chamou para fazer o teste. A princípio, achei que não levava jeito para isso. Só que fui aprovada e gravei o piloto do Chega Mais para a RedeTV! Como estava acompanhada de outros dois apresentadores, o Matheus Mazzafera e o Adriano Dória, que já eram profissionais, eu copiava o que faziam. Um tempo depois, fiquei sabendo que aquele piloto ia ser exibido. Pensei que a minha carreira estaria acabada, mas a repercussão foi positiva. Decidi, então, fazer cursos para melhorar o meu desempenho no vídeo, e os convites começaram a vir.


As pessoas perguntam muito se você é parente do Gustavo Kuerten?

Direto! Geralmente, elas querem saber se sou irmã dele. Na verdade, somos primos bem distantes, por parte de pai. Eu gostaria de ter contato com o Guga, porque sou tão fã dele! A gente só se encontrou uma vez, em um evento em Florianópolis (Santa Catarina), quando eu, meu pai e minha irmã tiramos uma foto com ele. No Sul, o Guga é uma espécie de divindade. Recentemente, descobri que o avô dele morou em Braço do Norte.


Alimentação

Cobra-se para estar sempre em forma?

Como a minha família comia o que plantava e os animais que criava, desde a infância me acostumei a manter uma alimentação saudável, orgânica, e a ajudar a preparar a comida. A gente também não tinha dinheiro para comprar salgadinho, chocolate... Levei esses hábitos para a minha vida. Quando morei fora, eu mesma preparava a minha salada e o meu frango, enquanto o pessoal ia comer no fast-food. Até hoje, faço questão de ir comprar os ingredientes e cozinhar a minha comida. Eu sei fazer de tudo. Mas, quando participei do Bake Off Brasil – Celebridades, achei que ia sair logo no primeiro episódio e acabei indo até a semifinal. Por mais regrada que eu seja, me permito ter dias em que enfio o pé na jaca (risos).


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