O maior do Brasil: o Spider_Slack, de Guarujá, se tornou o tiktoker mais influente do País

Com vídeos cheios de humor e acrobacias, Cleyton Silva Santos, acaba de chegar a 20 milhões de seguidores

Por: Stevens Standke  -  30/05/21  -  17:20
Atualizado em 30/05/21 - 19:03
   Com vídeos cheios de humor e acrobacias, Cleyton Silva Santos, o Spider_Slack, de Guarujá, se tornou o tiktoker mais influente do País. Ele acaba de chegar a 20 milhões de seguidores
Com vídeos cheios de humor e acrobacias, Cleyton Silva Santos, o Spider_Slack, de Guarujá, se tornou o tiktoker mais influente do País. Ele acaba de chegar a 20 milhões de seguidores   Foto: Divulgação

A busca por uma renda extra fez de Cleyton Silva Santos o brasileiro com mais seguidores no TikTok. Tudo começou em janeiro do ano passado, quando se aventurou na Avenida Paulista, em São Paulo, fazendo acrobacias de slackline vestido de Homem-Aranha, para completar o salário que ganhava como motoboy de aplicativo na Capital.


Mas, com o anúncio da pandemia de covid-19 e o início do isolamento social, resolveu focar na produção de vídeos para a rede social, encarnando o personagem Spider_Slack. A aposta deu mais certo do que poderia imaginar: em março deste ano, Cleyton se tornou o maior tiktoker do País, ao chegar a 16 milhões de seguidores – hoje, já são 20 milhões de pessoas acompanhando o seu perfil, que contabiliza mais de 228 milhões de curtidas até o momento.


Na entrevista abaixo, o influencer de 24 anos, que nasceu em Guarujá, diz que a sua meta agora é virar o tiktoker número um do mundo e relembra o período em que participou de campeonatos de slackline e ficou em sexto lugar no ranking global da modalidade.


Reviravolta


Como foi que surgiu a ideia de associar o Homem-Aranha e o slackline?


Eu mudei de Guarujá para São Paulo em 2018 e comecei a trabalhar como motoboy de aplicativo. Todo domingo, eu e um amigo íamos para a Avenida Paulista fazer manobras de slackline, sem fantasia, para tirar um dinheiro extra. Em média, eu ganhava R$ 300 por dia com as apresentações, o que já era muito bom, pois a minha renda mensal como entregador ficava entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Só que meu amigo parou de ir para a Paulista e resolvi que também ia dar um tempo nas performances.


Aí, quando as minhas contas apertaram, voltei a me apresentar na avenida, sozinho. Passei a reparar que uma pessoa que se vestia de Homem-Aranha cobrava para tirar fotos com as crianças e pensei em ir atrás de uma fantasia para incrementar os meus números. Cogitei usar roupa de Super-Homem, de Batman... Mas, por eu sempre ter gostado do Homem-Aranha e pelo fato de no slackline haver duas manobras chamadas Spider-Man, optei por esse personagem. Logo no primeiro dia em que fui com a fantasia, tripliquei o valor que ganhava por dia na Paulista.


E o que o levou a postar vídeos no TikTok?


Depois de três meses me apresentando vestido de Homem-Aranha, teve início a pandemia. Ou seja, não consegui aproveitar direito essa boa fase. Mais ou menos na mesma época, passei a postar vídeos no TikTok e, de repente, para minha surpresa, eles viralizaram. No começo do isolamento social, eu tinha cerca de 200 mil seguidores.


Fui crescendo de forma gradual até que, no final do ano, explodi de vez: no prazo de um mês, pulei de 3 milhões para 10 milhões de pessoas me seguindo. Levei o maior baque, a minha ficha demorou para cair. Tanto é que eu continuei trabalhando como motoboy até ter 7 milhões de seguidores.


Desde então, você vive exclusivamente do TikTok?


Sim. Em março deste ano, me tornei o maior tiktoker do Brasil. Eu e a equipe da minha agência tivemos recentemente uma reunião com o pessoal do TikTok e eles disseram que não esperavam que a plataforma crescesse tão rápido no mundo inteiro e que, ao mesmo tempo em que estão aprendendo como melhorar a rede social, eles têm apanhado bastante.


O boom no TikTok fez com que as suas outras redes sociais também crescessem?


Isso, sem dúvida, aconteceu. O meu Instagram e o meu canal do YouTube tomaram outras proporções graças ao meu TikTok. Assim que mudar para uma casa melhor, vou me dedicar mais a essas duas plataformas. Pretendo produzir um número maior de conteúdos sobre o meu dia a dia daqui em diante.


O seu público é composto por que tipo de pessoa?


Muita gente acha que são mais as crianças que me seguem, só que pelo que tenho visto atinjo pessoas de todas as faixas etárias. Não fico restrito a um tipo específico de público. Sendo que a maior parte dos meus fãs possui entre 20 e 30 anos.


Esporte


Como foi que o slackline entrou na sua vida?


Quando eu tinha 15 anos, comecei a observar, junto com amigos, pessoas que praticavam slackline na Praia da Enseada, em Guarujá. Nós curtimos tanto aquilo que compramos uma fita e passamos a treinar. Logo na sequência, conhecemos gente de Santos, de São Vicente, de Praia Grande e de Bertioga que se dedicava ao slackline.


O próximo passo foi frequentarmos eventos e torneios dedicados à modalidade. Quando nós percebemos, estávamos viajando para competir em São Paulo, no Rio de Janeiro... Já no meu segundo campeonato virei profissional e, após um ano e meio, venci o Paulista.


No Brasileiro, eu e mais dois colegas – um de Guarujá e outro de Santos – conseguimos o índice necessário para participarmos do Mundial. Em 2015, fiquei em sexto lugar no ranking global, só que acabei lesionando o meu joelho no Mundial.


Demorou para se recuperar?


Como tive de ficar três meses parado para tratar da lesão, dei uma desanimada no slackline. Também casei e a minha mulher engravidou. Resolvi trabalhar para poder pagar as contas e cuidar da família, e deixei o esporte meio de lado, porque, infelizmente, é difícil para viver apenas dele. De vez em quando, eu ainda participava de algumas competições, mas, mesmo assim, o slackline acabou se tornando um hobby, uma diversão. Em 2018, perdi o emprego em um mercado de Guarujá e, como fiquei meses parado, a minha mãe sugeriu que fosse morar com ela em São Paulo, para tentar a vida por lá. Quando me firmei como motoboy, a minha esposa e o meu filho, Angelo Gabriel, foram ficar comigo na Capital.


O Angelo está com 4 anos. O que ele fala sobre o pai ser o Spider_Slack?


Chega a ser engraçado até, pois ele morre de ciúmes de as crianças pedirem para tirar foto comigo. No trabalho que fiz em um boliche, ele não saía do meu colo e não parava de me abraçar, para que ninguém se aproximasse.


Futuro


  Foto: Divulgação

Que balanço faz de tudo o que conquistou com o crescimento no TikTok?


Quando as coisas começaram a dar certo na plataforma, eu entendi que aquilo me permitiria proporcionar uma vida melhor para a minha família no futuro. Como coloquei para mim a meta de me tornar o maior tiktoker do Brasil, passei a virar noites em claro, pensando em formas de deixar os meus vídeos ainda mais legais. Admito que eu senti um alívio assim que alcancei o meu objetivo, porque, até então, a minha cabeça não parava de jeito nenhum. Tenho conseguido comprar coisas que jamais imaginei que um dia eu teria condições de comprar.


Qual foi a sua aquisição mais especial até agora?


Foi o meu primeiro carro. Estou com uma renda boa, mas ela ainda não se mostra suficiente para ajudar a minha mãe e o resto da família. Tenho juntado dinheiro para tornar isso uma realidade. Hoje, vejo que realmente valeu à pena todo o esforço para me tornar o maior tiktoker do País. A minha vida mudou completamente por causa da plataforma.


Já tem uma nova meta?


Após ficar em número um no Brasil, como atingi a minha meta, o meu foco e a minha animação meio que acabaram. Foi aí que percebi o quanto eu sou movido a sonhos. Portanto, o meu objetivo agora é virar o maior tiktoker do mundo. Isso não será nada fácil, afinal a Charli D’Amelio, norte-americana que lidera o ranking global da rede social, possui 116 milhões de seguidores. Mas por que não tentar?


Você não tem nada a perder, não é mesmo?


Exatamente! E como eu me tornei o número um do País, vou cumprir a promessa de produzir cada vez mais conteúdos sem a máscara e sem a fantasia, para as pessoas poderem me conhecer melhor. Inclusive, tenho cogitado criar uma nova roupa, um personagem diferente, para não correr o risco de ter problemas legais por fazer publis (posts patrocinados, com pegada comercial).


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