Marcos Veras planeja filmes, peças e novela em meio à paternidade: 'Workaholic'

Artista multifacetado, Veras comenta os desafios do isolamento e a paixão dividida entre trabalho, família e vinho

Por: Stevens Standke  -  12/09/21  -  11:26
 o carioca de 41 anos fala também do casamento com a atriz Rosanne Mulholland, do filho Davi, da paixão por vinho e samba e da saudade de viajar
o carioca de 41 anos fala também do casamento com a atriz Rosanne Mulholland, do filho Davi, da paixão por vinho e samba e da saudade de viajar   Foto: Jorge Bispo/Divulgação

O grande desafio para Marcos Veras é não se repetir nos trabalhos que faz. Aí está o motivo de uma hora estar no humor, depois no drama ou ajudando a apresentar um programa de auditório como o Encontro com Fátima Bernardes.


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Workaholic assumido, ele vai rodar no fim do mês um curta-metragem com a produtora que criou com dois amigos durante o isolamento social, ainda planeja duas peças para 2022 e se prepara para a próxima novela das seis, Além da Ilusão, que vai substituir Nos Tempos do Imperador na telinha da TV Tribuna/Globo em fevereiro. Enquanto isso, pode ser conferido na reprise da novela das sete Pega Pega, na série do Globoplay Filhas de Eva e no filme Um Casal Inseparável. No longa, que acaba de estrear nos cinemas, Veras interpreta Léo, um pediatra bem-sucedido que vive os altos e baixos do amor ao lado da professora e jogadora de vôlei Manuela (Nathalia Dill).


Na entrevista a seguir, o carioca de 41 anos fala também do casamento com a atriz Rosanne Mulholland, do filho Davi, da paixão por vinho e samba e da saudade de viajar.


Acredita que o filme Um Casal Inseparável vai fazer o público pensar sobre a dinâmica das relações amorosas?


Creio que sim. Quando li o roteiro, fiz esse tipo de reflexão. Sempre me interessa falar de amor, ainda mais numa fase em que as pessoas estão praticando o desamor, o ódio, a intolerância, o preconceito. Enquanto a grande maioria das comédias românticas mostra o que acontece até os personagens ficarem juntos, Um Casal Inseparável trata da rotina da vida a dois. O Léo e a Manu não romantizam um ao outro. O que é bom, porque muita gente tende a idealizar o parceiro e aí se frustra quando percebe que não está com o príncipe encantado ou com a mulher perfeita. O Léo e a Manu não são nada parecidos, mas têm em comum o amor, que é o principal ingrediente para você continuar junto com alguém. As diferenças que existem entre a gente e o parceiro podem fazer com que os dois cresçam. Não devemos inibir, nem podar alguém por ser diferente de nós.


O longa foi rodado antes da pandemia?


Ele foi filmado no “velho normal”, no mundo sem covid-19, com as pessoas sem máscara se tocando, se abraçando. Rodamos as cenas em janeiro e fevereiro de 2020, às vésperas do início da pandemia. E, em março, tudo fechou. Desde então, bastante coisa anda parada na cultura. Por isso, lançar um filme agora tem uma importância muito grande. Li recentemente matéria que dizia que há um otimismo nos profissionais do cinema com relação ao final do semestre, ou seja, com relação aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro. Por causa do avanço na vacinação, eu também estou otimista, acredito nessa retomada.


Como você encarou o período de maior isolamento social?


Eu tive altos e baixos. As declarações do principal líder do País, que é o presidente da República, dificultaram bastante o dia a dia dos brasileiros. Eu e as outras pessoas que perderam amigos e parentes queríamos muito ouvir dele: “Meus pêsames. Vamos fazer tudo para que isso passe”. Não a quantidade de grosserias que despeja a cada dois minutos. Por outro lado, o isolamento social me permitiu curtir ainda mais a gravidez da minha esposa, Rosanne, e o nascimento do meu filho, Davi. Me agarrei a isso e tentei me blindar do que acontecia fora de casa. Até hoje, tenho parentes próximos que ainda não conheceram o meu filho. Nunca imaginei que iria passar por algo assim. Eu consegui atravessar o caos que estamos vivendo com certa saúde mental graças à minha família e principalmente ao nascimento do meu filho. Pensei: “Preciso estar bem para recebê-lo nesse mundo louco”.


Está trabalhando em algo no momento?


Amo o meu trabalho, mas ainda estou muito longe de ter a rotina que gosto de ter. Afinal, sou workaholic. Adiei duas peças para o ano que vem, pois o teatro vai ser uma das últimas áreas a voltar para valer. Comecei a preparação para a próxima novela das seis da Globo, Além da Ilusão, que vou gravar a partir de dezembro e tem estreia prevista para fevereiro. Trata-se de uma trama de época, ambientada nas décadas de 1930 e 1940. E agora, no final de setembro, vou para Santa Catarina fazer curta-metragem sobre a passagem de (Antoine de) Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe, por Florianópolis. Essa será a primeira realização da Diplomata Filmes, grupo de produção que eu e meus amigos e sócios, os autores da Globo Zé Dassilva e Dino Cantelli, montamos durante a quarentena. Temos criado argumentos e sinopses tanto para a Globo quanto para o cinema.


Tem explorado o seu lado roteirista na produtora?


Sim. Até então, eu escrevia muito para mim. Essa minha vertente de autor surgiu mais por causa do espetáculo de stand up comedy Falando a Veras, que apresentei durante dez anos. Eu sempre gostei de participar do processo criativo dos trabalhos que faço.


Apesar de o humor ser algo bem forte na sua carreira, você tem interpretado vários personagens dramáticos. Na hora de selecionar os seus trabalhos, toma algum cuidado em especial?


Considero a minha carreira muito versátil. É óbvio que, quando surgi para as pessoas, o humor foi o meu cartão de visitas. Amo fazer comédia, mas também sempre fui fã das artes em geral. Por isso, teve um momento em que quis experimentar outros lugares: brincar de drama, de apresentar um programa... Essa diversidade da profissão é o que mais me atrai. Se puder escolher um mundo perfeito, ele seria: fazer uma novela com drama; em seguida, um filme de comédia e, depois, apresentar um programa. Procuro não me repetir, não só nos personagens como nos veículos. Esse é o desafio.


Gostaria de trabalhar com a sua mulher?


No pseudoescritório que tenho em casa, escrevi no mural: fazer peça ou filme com a Rosanne. Por enquanto, não temos um projeto, apenas a vontade. Já trabalhamos juntos no filme Tudo Acaba em Festa, em 2016, só que, na época, ainda não éramos um casal. Sempre peço a opinião da Rosanne em relação aos meus projetos. Ela vê os meus trabalhos, assim como eu vejo os dela e opino. A gente se apoia bastante.


Como você percebeu que levava jeito para a arte?


Sempre amei televisão e cinema. Venho de uma família que costuma ver muita novela e programas de auditório. Assistíamos a Os Trapalhões, Sai de Baixo, Jô Soares, Chico Anysio, Chaplin, Os Três Patetas... Lembro de ver O Gordo e o Magro enquanto esperava o meu pai chegar em casa do trabalho. Na escola, eu era de imitar os professores. Também ficava contando piadas nas festas da família, me vestia de Papai Noel e palhaço, fazia concurso de lambada com o meu irmão e a minha prima. A gente ainda imitava os grupos Dominó e Menudo. Eu era nesse nível. Aí, quando terminei o segundo grau, fiz um curso profissionalizante de teatro e comecei a trabalhar em peças infantis e em eventos de empresas. Em paralelo, concluí a faculdade de Propaganda e Marketing. Na época, eu ganhava bem pouco e passava vários perrengues. Meu falecido pai me ajudou demais. Agradeço a ele todos os dias por ter segurado a onda. Ainda trabalhei numa loja de roupas para pagar os estudos.


A música é bem presente nas suas apresentações. Costuma ouvir o quê?


Eu amo música. Sou afinadinho, canto de metido. Me arrependo de não ter aprendido a tocar violão e nunca ter feito aula de canto de forma regular. Acho que se tivesse estudado música para valer talvez nem fosse ator. Tive uma banda amadora, cover dos Beatles. Tocávamos em um shopping do Rio de Janeiro e, com o tempo, passamos a fazer casamentos, festas, eventos nas casas das pessoas. Ganhávamos uma merrequinha, que, na época, era: “Oba! Hoje tem pizza!” Foi uma fase muito divertida. Respondendo à pergunta, adoro samba. Toco até percussão, tenho instrumentos em casa. Fui criado na zona portuária do Rio, nos bairros Gamboa e Santo Cristo. A gente fazia, inclusive, roda de samba.


Tem alguma outra paixão?


Sou apaixonado por vinho. Aliás, durante a pandemia, como muitos brasileiros, intensifiquei o meu consumo de vinho. Não que eu seja um entendedor, mas, aos poucos, você vai aprendendo as coisas. Eu também amo viajar. Estou com bastante saudade de pegar o carro e cair na estrada. Pretendo fazer viagem de férias no fim do ano.


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