Famílias terão papel essencial durante volta às aulas na pandemia

Pais deverão entender as mudanças socioemocionais existentes

Por: Alcione Herzog  -  25/07/21  -  13:26
 Pais deverão entender as mudanças socioemocionais existentes
Pais deverão entender as mudanças socioemocionais existentes   Foto: Thiago D'Almeida/AT

O colégio e a universidade como conhecíamos antes da pandemia voltarão a ser os mesmos depois desse período de crise sanitária mundial? A resposta pode não ser um consenso entre especialistas da Educação, mas em uma coisa todos concordam: a ação das mães, dos pais e dos demais membros da comunidade escolar é fundamental para garantir o melhor ensino possível nesses novos tempos.


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O primeiro passo pode ser o reconhecimento de que todos estão no mesmo barco. “A pandemia deixou marcas em todas as famílias. Não houve quem não tivesse alguma fragilidade, fosse na parte financeira, física ou emocional. É um processo de adaptação e aprendizado. Sempre foi muito importante pais e educadores trabalharem juntos.


Agora, essa importância é ainda maior”, avalia a diretora do Colégio Vertex de Santos, Elvira Panozzo. Os pais mostraram que podem ser parceiros da escola nas horas de maior dificuldade. Por outro lado, toda a sociedade passou a ter uma maior compreensão do papel da Educação. Esse é um grande elemento de mudança positiva observado por Cláudia Cafarella, diretora pedagógica do Colégio Objetivo. “Tal reconhecimento extrapola os muros do colégio e da universidade.


Em 35 anos de carreira, nunca vi tamanha valorização do educador por parte da sociedade. As restrições das atividades escolares geraram esse reconhecimento e ele será importante nesse recomeço”. Para Elvira Panozzo, essa sintonia propicia um ambiente de maior parceria com os pais dos alunos. “De forma prática, eles podem ficar de olho em relação aos sintomas semelhantes aos da covid-19 na família e comunicar a instituição de ensino em caso de intercorrências. E também podem observar como o filho se comporta em casa nessa retomada de socialização e contato com o conteúdo de forma presencial”.


Maria Cleonice Cafaly, diretora do Colégio São José, destaca o suporte oferecido pelas famílias nos meses de aulas on-line. E lembra que as rotinas dos parentes também foram alteradas, assim como as das escolas e universidades. Junto com os educandos, pais, mães, irmãos e avós tiveram que se adequar às mudanças, muitas vezes com dificuldades. “A partir de agosto, a família também terá um papel importante. Os pais precisarão se acostumar de novoa levar e buscar os filhos, ajudá-los a conciliar a rotina escolar diária com o horário de estudos em casa, enfim tudo aquilo que deixaram de fazer há quase dois anos. Pais e professores terão que entender que as crianças e os jovens não são mais como antes da pandemia.


Eles deverão entender as mudanças socioemocionais existentes”.mantendo a motivação Bruno Joaquim, coordenador pedagógico do Ensino Médio do Jean Piaget, acredita que o principal desafio é manter elevada a motivação dos alunos, fazendo com que eles participem efetivamente das aulas pelo computador ou de forma presencial.


Por isso, os pais não devem sair de cena. “A meta é proporcionar experiências de aprendizagem semelhantes para os alunos que acompanham as aulas remota e presencialmente, já que os objetivos e as habilidades são as mesmas.


As soluções envolvem a formação continuada dos professores para o uso de tecnologias, a atualização constante da infraestrutura tecnológica da instituição de ensino e a imersão nos estudos sobre competências socioemocionais, metodologias e ensino híbrido”.


Os pais também podem ajudar acompanhando e estimulando os estudantes nessa jornada de pura integração. Aliás, é justamente essa maior aproximação dos familiares nos processos de aprendizagem que a coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II do Objetivo, Maria Dolores Alvarez, considera como maior saldo a ser aproveitado na nova realidade. “As famílias abriram as portas de suas residências para a escola e os pais puderam acompanhar o trabalho dos professores integralmente, tornando-se parceiros. Isso precisa continuar”, pontua a coordenadora.


Ainda considerando as questões pedagógicas relativas ao processo de aprendizagem, o mantenedor e diretor do Jean Piaget, Alexandre Thomaz Vieira, enfatiza o quanto se faz necessário o suporte dado pela escola aos alunos, com aulas de revisão e monitoria dos conteúdos ensinados anteriormente de forma remota.


E essa preocupação não é à toa. “O processo de aprendizagem de forma híbrida nem sempre ocorre da mesma forma com os mesmos resultados conforme as faixas etárias dos alunos da educação básica”, explica Alexandre Thomaz Vieira. Ao perceber dificuldades na assimilação de conteúdos, os responsáveis pelas crianças e jovens devem procurar a escola.


Bruno Joaquim, coordenador pedagógico do Colégio Jean Piaget, lembra que as restrições impostas pela crise sanitária acabaram por gerar soluções criativas, com o uso de algumas estratégias constantes de integração entre estudantes, professores e famílias. Sempre com o mesmo objetivo: manter os vínculos construídos pela escola (ou pela universidade) e avançar nas competências exigidas e trabalhadas em cada turma.


Sem deslizar na Prevenção


No tocante aos cuidados para evitar a disseminação do coronavírus, a colaboração dos parentes também será preciosa. “É preciso fazer com que os protocolos sanitários sejam cumpridos e lembrados, para que continuem fazendo parte do nosso dia a dia. O alinhamento com a comunidade escolar é fundamental nesse processo”, ressalta Marlene Vieira, integrante do grupo de trabalho multidisciplinar responsável pelos protocolos sanitários do Jean Piaget.


Maria Paula Bocchi Fomm, diretora da Escola Americana de Santos, entende que a ajuda da família é muito importante para a conscientização dos alunos. “Juntamente conosco, os pais têm a capacidade de transmitir os valores e as mensagens de segurança que a escola irá passar e cobrar diariamente”.


A fase vivida na Educação desde o início da pandemia só será superada e tomada como aprendizado com o envolvimento de todos. “O momento não é fácil, mas juntos vamos conseguir vencer”, diz Maria Paula. É o que pensa também a coordenadora geral do Colégio Kennedy & Walt Disney, Paula Elias. “Podemos continuar enfrentando esse cenário que permanece incerto com um trabalho coletivo e colaborativo, em que cada um faça efetivamente a sua parte, respeitando os protocolos de saúde, a modificação nos horários e todas as alterações realizadas ao longo do semestre como medidas de segurança. Assim, poderemos desenvolver integralmente as crianças e os jovens, seguindo com fé, esperança e amor”.


No Ensino Superior, os pais também se mostram importantes no processo educativo. “Sem dúvida, o grupo familiar tem colaborado e confiado no nosso trabalho, mas muitos alunos ainda não se sentem confortáveis para voltar. Um grupo de professores vai avaliar isso e teremos uma escuta sensível tanto para os alunos quanto para os pais”, finaliza a pró-reitora acadêmica da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Elaine Marcilio.


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