Exercícios físicos e alimentação saudável são aliados do bom funcionamento cerebral

Alguns cuidados podem ajudar em um envelhecimento saudável

Por: Brenda Bento  -  29/08/21  -  07:52
 É cada vez mais comum jovens preocupados com os esquecimentos com medo de alguma doença mais grave
É cada vez mais comum jovens preocupados com os esquecimentos com medo de alguma doença mais grave   Foto: Adobe Stock

Assim como acontece com outros órgãos do corpo, o cérebro também envelhece, mas existem alguns cuidados que podem ajudar em um envelhecimento saudável. A neurologista e professora-titular de Neurologia do curso de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Dra. Andréa Anacleto, explica que o funcionamento cerebral varia de acordo com a idade.


“Na infância, a capacidade de pensar e raciocinar aumenta de forma constante, permitindo que a criança aprenda coisas cada vez mais complexas. Durante a maior parte da vida adulta, o funcionamento do cérebro é relativamente estável. Depois de uma determinada idade, que varia de acordo com a pessoa, isso diminui.”


Ela explica que o envelhecimento do cérebro pode ser definido como um conjunto de mudanças que ocorrem com a idade e provocam uma diminuição das nossas capacidades fisiológicas, motoras e cognitivas. “Essa redução das nossas capacidades ocorrem, pois com a idade, o tamanho do cérebro diminui, perdem os neurônios e a produção de hormônios e neurotransmissores se altera.”


Outra consequência do envelhecimento cerebral, segundo a médica, é o acúmulo de proteínas na forma agregada que tendem a se depositar tanto dentro quanto fora dos neurônios. Todas essas alterações, podem ou não desencadear o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas relacionadas à idade, como o Alzheimer ou o Parkinson.


Estímulo

É cada vez mais comum jovens preocupados com os esquecimentos com medo de alguma doença mais grave, principalmente, a doença de Alzheimer, que acomete, geralmente, pessoas acima dos 60 anos, sendo extremamente rara em jovens. “O importante é observar qual é a dificuldade apresentada e com qual frequência ela aparece. Esquecimentos eventuais, especialmente em momentos de muito cansaço ou estresse emocional, costumam ser aceitáveis.”


Em casos de comprometimento das atividades de vida diária, como queda no rendimento e performance no trabalho ou ambiente acadêmico, a médica orienta a importância de uma avaliação com um neurologista, que irá investigar se a pessoa apresenta um quadro de estresse, ansiedade, depressão, transtorno de atenção ou hiperatividade, privação de sono crônica ou se essa pessoa está em uso de alguma medicação que possa ocasionar esse déficit cognitivo.


Além das condições psicológicas e de fatores comportamentais, Andréa afirma que o abuso no consumo de álcool e drogas, como a maconha, por exemplo, também contribuem para o envelhecimento precoce do cérebro.


A neurologista afirma que, independentemente da idade, existem muitos hábitos que podem deixar o seu cérebro mais saudável e com maior capacidade de raciocínio, memória e aprendizado. São hábitos simples que as pessoas podem incorporar com facilidade no dia a dia como manter uma alimentação saudável, dormir o suficiente, evitar o consumo excessivo de álcool, evitar o fumo e o estresse, praticar exercícios físicos moderadamente e evitar o desenvolvimento de outras doenças ou mantê-las sob controle.


Cuidados e alimentação

Segundo ela, estudos clínicos indicam que a atividade física com intensidade moderada tem um papel neuroprotetor, desacelerando a diminuição do volume cerebral e melhorando as funções. “Praticar exercícios físicos com regularidade também é importante para diminuir os efeitos do envelhecimento. Mais especificamente, o exercício aeróbico melhora a função cognitiva, não apenas durante o envelhecimento, mas também em pessoas que sofrem de doenças neurodegenerativas.”


A médica considera a alimentação essencial para o envelhecimento de forma saudável e recomenda a dieta mediterrânea, que está associada à redução do risco de perda cognitiva e doenças como Alzheimer. "Baixo consumo de carne vermelha, consumo médio de laticínios, quantidade moderada de álcool (vinho) e gordura (azeite de oliva) e alta ingestão de verduras, legumes, frutas, cereais e peixes." Hipertensão, aterosclerose e níveis elevados de colesterol aumentam as chances de desenvolver falhas cognitivas, AVC e demência e é por esse motivo que a neurologista recomenda evitar o excesso de sal, frituras, enlatados, frios, conservas, molhos prontos, embutidos, salgados, queijos amarelos, entre outros.


Além da alimentação, a manutenção de um bom ciclo de vigila-sonho é essencial para muitas funções cerebrais, a exemplo da eliminação de toxinas do cérebro que se acumulam durante o dia. “Enquanto dormimos, o espaço que existe entre os neurônios aumenta, facilitando sua limpeza e o bom funcionamento. A privação do sono compromete a memória e a criatividade, além das capacidades de aprendizagem, resolução de problemas e pensamento crítico.”


Resumindo, para melhorar a memória e, consequentemente, evitar o esquecimento, a neurologista destaca oito itens a serem seguidos: praticar exercícios físicos três vezes por semana, ler e fazer jogos de raciocínio, adotar uma dieta mediterrânea, tratar a ansiedade e a depressão, dormir de 6 a 8 horas por dia, evitar remédios para dormir, evitar bebidas alcoólicas e fazer check-ups anuais. Por fim, a neurologista afirma que pessoas com nível educacional mais alto ou que mantêm atividades intelectuais, como ler, estudar ou adquirir nova habilidades, têm uma menor predisposição a desenvolver demência.


Baseada na Academia Americana de Médicos de Família, a neurologista recomenda aos idosos: participar de jogos on-line para aprimorar a memória; convidar amigos para jogos de tabuleiro e cartas; montar quebra-cabeças; além de fazer palavras cruzadas e sudoku; memorizar listas de tarefas ou memorizar letras de uma nova música; ler sempre algum livro; fazer atividades diárias de uma maneira nova, como mexer o café com a mão menos dominante, mudar trajetos e trocar o lado do mouse; aprender um novo idioma, ter um hobby, tocar um instrumento musical e dançar são algumas das recomendações para manter a memória ativa.


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