Comportamento: Dia dos avós é celebrado nesta segunda-feira

Essenciais para o desenvolvimento dos netos, eles devem estar no dia a dia mesmo com as restrições sociais

Por: Willian Guerra  -  25/07/21  -  15:53
 Data foi escolhida em homenagem a Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus Cristo
Data foi escolhida em homenagem a Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus Cristo   Foto: AdobeStock

Era manhã de domingo. Após acordar, o meu pai já dava o recado: “Trata de se arrumar que hoje vamos lá na casa do vô”. Os meus avós tinham aquela mania de cozinhar para um batalhão. Não eram poucas as vezes emque saíamos de lá com almoço pronto para a semana inteira.


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Depois da refeição servida e todos da família satisfeitos, o meu avô sumia por alguns minutos. Era a sua famosa soneca. Ai de quem interrompesse tal ritual. Quando ele levantava, vinha jogar dominó com a gente.


Essa memória com Dona Cida e Seo Guerra marcou a minha vida. Ter avós presentes é um privilégio e ajuda a manter em um cantinho especial um pedacinho da nossa infância. E essa questão costuma ganhar bastante destaque nesta época do ano, pois amanhã comemora-se o Dia dos Avós – essa data foi escolhida em homenagem a Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus Cristo.


Para muitos de nós, os avós são mãe e pai com açúcar. O que não significa que sejam permissivos. Com sua sabedoria e tranquilidade, geralmente agem com equilíbrio, tornando-se ótimas referências para o desenvolvimento dos netos e da família inteira. “Crianças e adolescentes que têm relacionamento forte com os avós são mais bondosos e generosos. Esse envolvimento também aumenta a autoestima, a inteligência emocional e a socialização”, analisa a psicóloga Anamaria Palmieri.


Com pais e mães cada vez mais atribulados em função do trabalho, as crianças e os adolescentes passam ainda mais tempo com os avós. Seja para cuidar ou para ser companheiros de tarde, eles ajudam a deixar a vida mais leve e interessante. “Os avós são os melhores contadores de histórias, porque ajudam os netos a entender a realidade da família e o que se fazia antigamente”, observa Anamaria.


O psicólogo Daniel Saloes acrescenta que, além de transmitir valores e criar boas memórias, os avós podem servir como “modelos prontos”. “Diferentemente dos pais, que ainda estão em construção, os avós já são uma referência pronta.


Eles são um exemplo de vida, de conquista. Neles, as crianças e os adolescentes podem enxergar muito do que querem e precisam”.


Dia a dia renovado


É fato: a chegada de um neto tende a trazer vida extra aos avós. “Por causa da oportunidade de conviverem com as crianças e os adolescentes da família, os avós geralmente passam a demonstrar mais saúde psicológica e menos sinais de depressão, em comparação com aquelas pessoas que não têm esse tipo de experiência”, comenta Anamaria Palmieri.


Logo não é à toa que Daniel Saloes pede para que os pais, sempre que possível e seguindo todos os protocolos de saúde, mantenham as crianças e os adolescentes em contato com os avós. Para o psicólogo, nenhuma chamada de vídeo substitui o encanto que é ver presencialmente os netos.


Impacto do coronavírus


Ter um avô ou uma avó para dividir experiências e relembrar histórias da família é algo que faz a diferença, marca e gera, inclusive, novas recordações. Mas, com a pandemia de covid-19, muita gente perdeu os avós. Nessa hora, os pais podem (e devem) contribuir para manter os avós vivos nos corações e nas cabeças dos filhos.


Anamaria Palmieri acredita que os pais devem começar a falar sobre a finitude antes mesmo de esse laço familiar se romper. Para ela, histórias infantis e até mesmo a religiosidade auxiliam nesse momento. “Infelizmente, esse é o ciclo da vida. Portanto, temos que ensinar isso às crianças e aos adolescentes e acolher o seu luto quando for necessário”.


Para Daniel Saloes, além de relembrar histórias, vale descrever trejeitos dos avós para os filhos. “Os netos podem não ter presenciado, mas os avós foram importantes para a sociedade. Eles ajudaram o País a crescer. Explicar isso é importante e saudável para a família”.


Literatura a serviço


Gaúcho, radicado há muitos anos em São Paulo, o escritor Valdi Ercolani busca ajudar de crianças a idosos quando o assunto é a importância do convívio familiar. Aos 82 anos de idade, ele prepara o lançamento do seu quinto livro, que retrata a vida de Inocêncio, seu alter ego, e acredita que a sua história poderá servir de inspiração para muita gente que dá a vida como “encerrada”.


"Comecei a escrever com 60 anos de idade. Eu poderia ter me aposentado, mas não. Preferi começar um novo desafio na minha vida e, hoje, estou apaixonado pela literatura”, conclui Valdi Ercolani.


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