Após live, Claudia Leitte e Ivete Sangalo cogitam levar parceria adiante, em série de shows

As cantoras falam também do bom relacionamento entre elas e derrubam boatos de rivalidade

Por: Stevens Standke  -  14/02/21  -  17:40
  Foto: Sergio Zalis/ Globo/ Divulgação

Para alegria dos fãs,Claudia Leitte e Ivete Sangalo resolveram trabalhar pela primeira vez juntas, o que põe fim numa vez por todasnos boatos que sempre existiram de que, por seremdois ícones do axé e da Bahia, teriam uma certa rivalidade.O momento e o formatodessa parceria não poderiamser mais oportunos: uma live para, em tempos de pandemia, não deixar de lado o espírito carnavalesco – realizadaontem na Bahia e que podeser conferida nos canaisdo YouTube de Ivete, de Claudiae do Multishow.


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A AT Revistafoi convidada para participardo encontro das duas com alguns jornalistas, por videoconferência, para falar desse momentotão especial. Abaixo, você confereos principais trechos desse bate-papo descontraído,que Claudia definiu como“o encontro com a imprensa mais louco que a gente já fez na vida”.


Cancelamento do Carnaval


Claudia Leitte: Não posso dizerque fui pega de surpresa, pois eujá esperava pelo cancelamento do Carnaval. Até me preparei psicologicamente para isso.Mas não teve como: quando tudo aconteceu de fato, o meu coração ficou triste. Posso falar tantopor mim quanto pela Ivete quea gente aguarda por essa festa como a criança fica na expectativa pelo Natal e pelo Papai Noel. Durante o ano, normalmente me pego sonhando com o momentoem que estarei lá, no meio da folia;e quando gravo uma música parao verão, fico imaginando comoas pessoas vão reagir a ela.


Ivete Sangalo: Eu, a Claudia etodas as pessoas que gostamdo Carnaval somos felizes alina avenida. Muita gente aproveita essa época do ano para dar uma desopilada, espairecer, extravasar os seus sentimentos. Só que,por mais que a alegria sejao bem comum trazido pela festa,há algo que deve ficar acima dissoe que, neste momento que estamos vivendo, mais do que nunca precisa ser estabelecido e defendido.Me refiro ao bem necessário. OK,o Carnaval – independentementede ser da Bahia, de São Paulo,de Recife, do Rio de Janeiro ou de qualquer outro lugar – é uma data forte, emblemática, mas também é a festa quemais promove aglomeraçãocom gente dançando junta, se abraçando, se divertindo... Todos nós precisamos ter consciência da gravidadeda pandemia, pois os números são assustadores. O bem necessário que mencionei passa por cada um entender o que está acontecendo no mundoe compreender que, por causa disso, o Carnaval só deve ser realizado a partir do sucessodo processo de vacinação.


Responsabilidade e saudade do público


Claudia: Por mais que a genteame o que faz, o artista não tema responsabilidade só de entregar um show bom ou de se preocupar apenas com a sua carreira.Como estamos no palco e notrio elétrico para servir o público, devemos garantir que aquelas pessoas, além de ficarem felizes com a nossa música, estejam seguras ali, naquele momento.E eu gosto de ver gente! Estava sentindo muita, muita, muitafalta do palco e do trio elétrico. Resumindo: andava carente desse contato com as pessoas. Acho quea live ajudou nesse sentido. Ainda tem o seguinte: na minha opinião, esse encontro meu e da Ivete nãoé apenas uma celebração nossa,ele também representa o encontro da galera, porque o que todo mundo queria agora era se encontrar ese abraçar no meio da multidão.


Ivete: O público é nossogrande motivador, o nosso dedona tomada, o combustívelmais maravilhoso que existe parao artista. Não tenho amenor dúvida de que os fãssão essenciais na nossa vida. Concordo com a Claudia:a live deu uma aplacada nessafalta que a gente andavasentindo do público.


Vontade de trabalhar juntas


Claudia: Já tinha um tempo queeu e a Ivete conversávamossobre, em algum momento,nós fazermos algo juntas. Nofinal das contas, tudoacabou rolando naturalmente.A gente quis enfiar o pé najaca na live. Uma preocupaçãonossa foi montar um show quenão tivesse pausas e que,como dizemos na Bahia,fosse marreta, pau no olho.


Ivete: Eu e a Claudia semprenos encontramos em diversas situações: em camarins, shows,no Carnaval, em programasde televisão... Lembro dequando a gente se viu em Recifee a Claudia estava grávida.Ela parecia um bombonzinho, estava lindona de bela. Mas,nestes anos todos, a gente só cantou juntas no meu DVD ena tevê. O nosso relacionamento sempre foi delicioso e, com otempo, ele apenas foi se intensificando. Confesso que,com a pandemia, tentei daruma desbaratinada, não pensar em Carnaval. Eu realmenteachei que ia conseguir daressa diluída, porém, conforme fevereiro se aproximou, veio apressão para organizar algo.É importante falar do desejotanto meu quanto da Claudiade não fazer nada separadasna live, pois o coronavírus já impossibilitou demais aspessoas de estarem juntas.Muita gente está precisandode um aconchego, de algo queajude a lidar com a ansiedade gerada pelo momento atual.


Workaholic assumidas


Ivete: Houve uma série de fatores que poderiam ter impedidoesse nosso encontro. A Claudia estava trabalhando numa batidano Rio de Janeiro, no The Voice +! Conheço bem como a fase da escolha das vozes demandatempo. Durante o programa,o técnico não pode ficar se ausentando demais, ele precisa trabalhar com cada um dosartistas, acompanhá-los de perto. Por causa disso, eu, a minha equipe e o time da Claudia iniciamosos preparativos lá na Bahia. Primeiro, por FaceTime; depois, fomos para uma casa na Praiado Forte. Eu passava tudoo que acontecia para a Claudia.No fim do dia, ela dizia o queachava e nos ajudava a nortearas coisas. Aí, quando a Claudia voltou do Rio, eu dei doisdays off para ela, antes dese juntar a nós (risos).


Claudia: Rapaz! Eu sou viciadaem trabalho, já fiz até alguns tratamentos para isso. Mas voute falar que a Ivete... (risos)O engraçado é que, algumas vezes, todo mundo estava mortoe nós duas não parávamos.Tinha gente que protestavapara terminarmos logo oensaio. Houve uma hora em que fomos obrigadas a cortar músicas, porque eu e a Ivete não temos limite. Escrevi, inclusive, uma poesia sobre esse nosso encontroe postei no meu Instagram.


Ivete: Enquanto a Claudia estavano Rio, quis deixá-la o tempointeiro por dentro do que nós estávamos fazendo, porque,se fosse eu o elemento a distância, ficaria angustiada se ninguémme posicionasse sobre o andamento das coisas. Eu sabia que iahaver uma fluidez entre eue a Claudia no dia em que trabalhássemos juntas, mas,agora que isso se tornou realidade, vejo que foi algo mais divertido e maravilhoso do que imaginava.Nós ficávamos conversando,dando risada, falávamos dosnossos filhos, contávamoscausos... Essa live não foium negócio e, sim, um projetoda vida da gente. Esse nosso encontro era muito necessário.


Preparativos na medida certa


Claudia: No processo de construção do repertório, eu fiquei numavibe incrível, a ponto de, algumas vezes, sentir o cheiro da avenida. Tudo parecia tão conectado!Tenho noção do quanto a gente necessitava do carinho e do calor que rolaram no projeto da live.Em certos instantes, a gente precisou até se concentrarpara cantar, pois ficava se emocionando com o repertório.


Ivete: O conteúdo dessetrabalho foi bastante baseadono que era possível fazer com responsabilidade. Adoraríamoster um espetáculo que fosse inesquecível do ponto de vista estético, só que precisaríamos triplicar o número de pessoas envolvidas no projeto para conseguir isso, o que ia contraas nossas premissas. Mesmocom as ressalvas exigidaspela pandemia, acho queo produto final ficou lindo.


Continuidade da parceria


Ivete: A Claudia conversoucomigo sobre a possibilidadede darmos continuidade a essa nossa parceria no pós-pandemia. Na minha cabeça, eu estava tão envolvida com a live que nãotinha me tocado de que existeessa oportunidade para o futuro. Realmente tem tudo para issodar certo! Há uma chance grandede fecharmos alguns shows em determinados lugares do País.


Claudia: Só que, quando isso acontecer, se Deus quiser, já teremos saído da situação que temos vivido de um tempo para cá,e poderemos planejar essenovo projeto com segurança.


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