Verba recebida por São Vicente está muito abaixo do necessário, diz especialista

Estudioso participou do Summit São Vicente e afirmou que esta situação tem de mudar o quanto antes

Por: ATribuna.com.br  -  29/10/23  -  16:34
Atualizado em 29/10/23 - 17:30
Cientista de dados diz que governo destina pouco recurso para saúde
Cientista de dados diz que governo destina pouco recurso para saúde   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Autoridades e convidados presentes no Summit São Vicente afirmaram que os valores recebidos pela cidade, provenientes principalmente do Governo de São Paulo, estão aquém do necessário. Além disso, diz Rodolfo Amaral, cientista de dados e sócio-fundador da Data Center Brasil, os maiores investimentos do Estado são destinados ao sistema penitenciário. O estudioso afirmou que esta situação tem de mudar o quanto antes.


“De todo dinheiro que desce a Serra, São Vicente tem 22%. A maior parte destes recursos são para administração penitenciaria. O governo manda verba para presídio, mas não para saúde”, declarou o profissional.


Não foi à toa que o especialista, que é jornalista por formação, citou a saúde. De acordo com ele, o Estado faz poucos repasses destinados a este setor.


A cidade recebe 4% do dinheiro desta área que desce para a Baixada Santista. E quando digo que desce, não falo (que chega) para a prefeitura. Ele vai para estruturas do próprio Estado”, salientou o cientista de dados.


Ao longo de sua fala, Amaral também mostrou números, que confirmam a tese de que o município fica para trás dos demais quando o assunto é recurso público. Conforme um levantamento do Data Center, de 2013 e 2022, São Vicente recebeu cerca de R$ 25 milhões de verba oriunda do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos (Dadetur). No mesmo período, entraram nos cofres de Santos algo entre R$ 150 e R$ 200 milhões.


Dificuldades no caixa
Diante destas informações, o prefeito vicentino, Kayo Amado (PODE), apontou as dificuldades que enfrenta no dia a dia. “A mim, parece muito desigual ver as dificuldades que temos para finalizar um calçadão, que faz divisa com outra cidade, que vai fazer um chafariz de champagne, porque transborda dinheiro. Eu não termino (minha obra) por falta de recurso”, comparou o chefe da administração municipal.


O prefeito falou de outras situações em que a falta de recursos emperra a administração. Ele entende que há uma distribuição equivocada do dinheiro direcionado à região metropolitana.


“A Dadetur é baseada na arrecadação, ou seja, não tem indicador sócio-econômico nenhum. Isso faz municípios vizinhos ganharam até quatro vezes mais uma verba destinada a infraestrutura turística dentro de uma mesma área”, pontuou o prefeito de São Vicente.


Para ministro, Cidade merece mais atenção
No momento em que as dificuldades orçamentárias do município se tornaram o assunto do evento, o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), lembrou dos problemas que enfrentou quando dirigiu a cidade. Ele, que também ocupou os cargos de governador paulista e deputado federal, afirmou que a tarefa mais complicada de sua vida pública foi ser prefeito de São Vicente.


“Não tem nem comparação. É quase um carma. Você fica angustiado, porque sabe de coisas que poderiam melhorar, mas existe um limite financeiro, que não está compatível com as dificuldades das pessoas. Aqui, as pessoas dependem do poder público”, declarou o político, que chefiou o Executivo local entre 1997 e 2005.


França revelou um dos movimentos que fazia, a fim de honrar os salários da administração municipal. “Várias vezes, em diversos meses, fiquei ligando para empresas da cidade, pedindo para que antecipassem o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), para eu fazer a folha de pagamento”, recordou.


Concordando com o atual prefeito, Kayo Amado, no que diz respeito à necessidade de serem revistos os repasses de verbas das esferas estadual e federal, o ministro evocou uma frase do ex-governador de São Paulo Mário Covas.


“Como ele dizia, ‘governar é escolher, mas, acima de tudo, compensar a desigualdade’. Se algum lugar deveria ter atenção especial, certamente seria São Vicente. Não só por ser a cidade mais antiga (do Brasil), mas por ter menos condições de resolver seus próprios problemas”, afirmou o ministro.


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