Empresários de Santos conhecem processo que une indústria ao porto em Roterdã

Comitiva do Grupo Tribuna é apresentada à rotina que agrega valor aos produtos recebidos

Por: Maurício Martins  -  14/06/22  -  07:36
Comitiva do Grupo Tribuna visita o Porto de Roterdã, na Holanda
Comitiva do Grupo Tribuna visita o Porto de Roterdã, na Holanda   Foto: Maurício Martins/AT

Frutas que chegam de outros países ao Porto de Roterdã, na Holanda, são rapidamente transportadas dos contêineres frigoríficos para amplos galpões refrigerados. Conservadas sob baixa temperatura, elas podem ser selecionadas, embaladas e até certificadas antes de seguirem para o destino. Tudo isso ocorre dentro da área portuária graças ao fato de a indústria ter se unido ao porto e conquistado espaço, agregando valor aos produtos.


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A parceria não fica apenas cadeia de frio, pois outros produtos são processados e beneficiados em Roterdã. Embora uma empresa no Porto de Santos faça esse serviço, ele ainda está muito distante da realidade do porto holandês, o maior da Europa. Para os integrantes da comitiva Porto & Mar, do Grupo Tribuna, que iniciaram no domingo (12) uma agenda técnica na cidade holandesa, Santos poderia ampliar esse sistema.


“Nós já fizemos um laboratório para testar esse conceito em Santos. Foi o laboratório de entrepostagem industrial portuária, num prédio na Avenida Conselheiro Nébias. Testamos o conceito de trazer mercadorias importadas, aproveitar a estrutura dos armazéns e manusear a carga para agregar algum valor”, disse, na segunda-feira (13), o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo, ex-presidente da Autoridade Portuária santista.


Caputo lembra que o dono da carga pagará impostos na reta final, quando a mercadoria sair e o produto for nacionalizado. Porém, se o empresário quiser receber, agregar valor e vender para outro país, não paga tributo.


“Hoje, temos um monte de armazéns alfandegados que ficam com a carga, esperando liberação. Isso vai acabar, porque a carga virá liberada sobre águas. Vai abrir espaço nesses armazéns, o que vão fazer ali?” Ele lembra, porém, que não é preciso trabalhar com refrigeração (atividade mais cara) para fazer isso.


Frutas que chegam ao Porto de Roterdã são transportadas de contêineres frigoríficos para galpões refrigerados
Frutas que chegam ao Porto de Roterdã são transportadas de contêineres frigoríficos para galpões refrigerados   Foto: Maurício Martins/AT

Parceria

O embaixador do Brasil na Holanda, Paulo Roberto Caminha de Castilhos França, recebeu a comitiva do Grupo Tribuna e elogiou a visita ao porto holandês. “Parabéns pela missão, acho estupendo que estejam aqui com uma delegação tão importante. A economia da Holanda tem hoje um PIB de US$ 1 trilhão para 17 milhões de habitantes. Só o Porto de Roterdã corresponde a 15% disso tudo. É uma potência, temos que explorar essa parceria".


Para o embaixador, a diversificação e a infraestrutura tornam o porto local mais eficiente. “Há uma sincronia, não se trata apenas de transporte de mercadoria, é uma infraestrutura logística multimodal associada a um porto fora de série. É uma receita para o sucesso e podemos ter exemplos úteis para o Brasil. Santos pode se beneficiar”.


Programação

Autoridades, representantes de entidades e empresários do setor portuário brasileiro cumprem uma agenda técnica pela comitiva Porto & Mar 2022. A viagem complementa o seminário realizado em março. O objetivo é entender, na prática, como o Porto de Roterdã aplica novas tecnologias e implementa as melhores políticas no setor.


Ainda na segunda-feira, foram visitados uma draga (leia abaixo) e os terminais de curta distância de Roterdã, totalmente automatizados. Não há portões e cabines com funcionários. Um sistema informatizado faz o reconhecimento de caminhões e motoristas e libera a entrada para carga e descarga.


Nesta terça-feira (14), a comitiva terá uma aula sobre portos inteligentes na Shipping and Transport College (STC ou, na tradução do inglês, Faculdade de Transporte e Navegação), localizada às margens do Rio Maas (o canal de navegação do Porto de Roterdã). Todos receberão certificados.


Na programação, há uma visita no Centro de Simuladores do porto europeu, onde pessoas são capacitadas para operar máquinas em modernos equipamentos bem próximos da realidade. O grupo também conhecerá detalhes de um dos mais avançados terminais de contêineres do mundo, com as operações totalmente automatizadas e controladas por computadores. Ele foi construído em Maasvlakte 2, uma área de expansão do Porto de Roterdã, e é operado pela APM Terminals.


Na quarta-feira (15), os integrantes da comitiva do Grupo Tribuna têm um encontro com René van der Plas, diretor internacional do Porto de Roterdã. Além disso, está prevista uma apresentação técnica sobre o projeto do túnel submerso Maas Delta. A comitiva entrará no túnel para ver de perto os detalhes da obra.


A programação termina com a participação da comitiva no TOC Europe, principal evento do mundo para profissionais da cadeia portuária de suprimentos e de carga. O TOC reúne milhares de profissionais do setor, de dezenas de países. O Grupo Tribuna criou um painel exclusivo para a participação brasileira e três integrantes da comitiva vão falar sobre os portos do Brasil, das 15 às 17 horas locais, no complexo de eventos Rotterdam Ahoy.


Os terminais do Porto de Roterdã estão integrados a modernas instalações de indústrias
Os terminais do Porto de Roterdã estão integrados a modernas instalações de indústrias   Foto: Maurício Martins/AT

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