Atuação de startups no Porto de Ashdod estimula soluções

Integrantes da Missão Internacional Porto & Mar Brasil-Israel 2023 conhecem projeto que reúne 70 empresas

Por: Rodrigo Nardelli, enviado especial a Israel  -  31/05/23  -  08:48
Projeto Blue Ocean chama atenção de integrantes da Missão Brasil-Israel
Projeto Blue Ocean chama atenção de integrantes da Missão Brasil-Israel   Foto: Rodrigo Nardelli

A visita ao Porto de Ashdod, um dos mais importantes de Israel e que fica a aproximadamente 30 quilômetros ao sul de Tel Aviv, chamou atenção dos integrantes da Missão Internacional Porto & Mar Brasil-Israel por vários fatores. Entre eles, o projeto Blue Ocean, de startups que atuam dentro do complexo portuário. No total, 70 empresas fazem parte do projeto de inovação.


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Sete delas apresentaram aos empresários e autoridades do Brasil suas soluções tecnológicas para diversos problemas, desde a segurança até a verificação das condições de veículos. O Blue Ocean é focado em obter resultados em três meses, devido aos investimentos em inovação. Para eles, tempo é dinheiro. Uma curiosidade é que o Porto de Ashdod recebe, em média, 8 mil ciberataques por dia. Uma solução inovadora protege o complexo portuário contra esses ataques executados, muitas vezes, por robôs.


Entre os projetos inovadores do Blue Ocean, está o drone ligado a um carro por um cabo. O veículo é de ronda, mas com o drone consegue mapear uma área maior e detectar irregularidades e vulnerabilidades por meio da tecnologia. A vantagem do drone com carro e cabo é a autonomia: pode ficar muito mais tempo no ar. Outra proposta alinha a rota de voo com o controle de tráfego aéreo sem que o operador do drone precise se preocupar.


O amplo campo de possibilidades impressionou de forma positiva os empresários da comitiva brasileira. O diretor de investimentos da Terminal Investment Limited (TiL), Patricio Junior, frisou o diferencial das soluções inovadoras das startups israelenses, que valem para o setor portuários e outras atividades econômicas.


“A TiL tem 70 terminais no mundo e uma noção muito boa de operação. Mas o foco que eles têm procurado, as soluções, enfim, isso é o que faz a diferença. A maneira como eles encaram os problemas. Eles não só trazem as soluções, mas também tentam ajudar as startups a revendê-las. Então, eles obtêm a solução e conseguem também ser os investidores dessas startups. A maneira de fazer negócio, para mim, foi a grande sacada. Pensar na solução é uma das coisas mais fantásticas”.


Para o sócio-fundador da empresa T2S, Ricardo Pupo Larguesa, o empreendedorismo é a chave do sucesso. “Em Israel, há um ecossistema muito grande de startups, com foco em empreendedorismo. É importante entender a dinâmica das startups junto com o setor produtivo, que demanda as soluções tecnológicas, e com o governo, que financia essas startups. Entendendo essa dinâmica, a gente pode levar esse modelo para tentar aplicar no Brasil. Eles têm conseguido excelentes resultados”.


Em relação ao Projeto Blue Ocean, “sabe-se que os investimentos em startpus na maioria das vezes são 'perdidos', então faz todo sentido que o governo seja o grande financiador. Eles apresentaram um número para a gente que impressiona: 98% das iniciativas startups acabam sendo descartadas. Eles chamam de falha, mas veem como algo benéfico, no sentido de buscarem as soluções”.


Para o diretor do Grupo Cesari, Giovanni Borlenghi, Israel “possui o DNA da inovação e toda a estrutura deles é preparada para receber visitantes, seja uma comitiva técnica como a nossa ou estudantes e a população. E isso podemos levar para Santos, apesar de termos maiores volumes, maiores dimensões: abraçar a população e os mais novos, pois a inovação precisa de diversidade”.


O incentivo do governo de Israel às startups agradou ao gerente-geral da Eldorado Brasil Celulose, Flavio da Rocha Costa. “Hoje, Israel está à frente quando se fala em inovação e tecnologia. O mais importante, o que eu senti é que o governo investe muito em tecnologia e inovação. Isso faz com que os mais jovens e pessoas que estão entrando no mercado procurem fazer projetos, montar startups. O governo disponibiliza US$ 50 milhões por ano para incentivar que as empresas busquem tecnologia”.


Luis Floriano, presidente do Concais, empresa que administra o Terminal de Passageiros no Porto de Santos, gostou da tecnologia que simplifica a identificação das pessoas em aeroportos israelenses, pois afirmou que tem trabalhado para convencer operadoras a investirem em um sistema de reconhecimento facial.


“Nós oferecemos aos operadores o reconhecimento facial. Alguns aeroportos já têm. Hoje, o check-in é físico, apresenta-se um cartão, um por um. Agora se você tem o reconhecimento facial, o voucher, é mais ou menos o que a gente faz hoje com o check-in eletrônico no embarque. Aqui, eu cheguei, coloquei o passaporte, saiu um bilhete e fui embora. Isso agiliza”.


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