Satisfeito com o presente para pensar demais no futuro.

Master Class sobre portos o palestrante pergunta: para ser inteligente precisamos primeiro saber qual o nosso problema

Por: Maxwell Rodrigues  -  21/06/22  -  18:07
Satisfeito com o presente para pensar demais no futuro.
Satisfeito com o presente para pensar demais no futuro.   Foto: Imagem google

Na semana passada estive em Rotterdam depois de 4 anos e confesso que ao chegar na cidade a primeira pergunta que me veio a mente foi:


Estou no futuro ou no presente?


Para quem vive na cidade holandesa certamente é o presente, mas para nós, que estamos em Santos, olhamos Rotterdam como futuro.


Em um dos maiores e melhores portos do mundo, quando o assunto é evolução portuária, não existe procrastinação. Para quem está a procrastinar, o resultado é sempre stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos.


Por que estamos procrastinando tanto o que temos de fazer no maior porto da América Latina?


Lá, quando pensam em capacitação, treinam de verdade. Centros tecnológicos, simuladores, mestres em diversos temas e equipamentos de última geração proporcionam a realidade e transferência de conhecimento aos futuros portuários.


Pensando em mobilidade urbana não debatem qual a melhor opção e, sim, como projetar os impactos dos próximos anos e investir em obras que resolvam o problema do futuro e não do presente. Estão fazendo o quarto túnel.


No tocante à tecnologia, é a Disneylândia dos portos, tem de todo tipo, forma e maneira. O tão esperado PCS ( Port Community System) já esta implantado. Não inventam a roda e usam tecnologias já testadas pelo mercado com modelos de negócio que são sustentáveis financeiramente. Por aqui queremos tudo de graça, por lá focam no negócio. Preservam a receita e impulsionam o emprego, sem interesses individuais, mas sim coletivo.


O Plano de governo é arrecadar, gerar empregos, capacitar e dar liberdade para a iniciativa privada investir.


Falando em história, o Futureland é uma opção fantástica que conta como fizeram a expansão do porto holandês.


Já para preservação e sustentabilidade, estas são palavras de ordem. Um exemplo: para quem investe no tema, existe redução de tarifas na ordem de 20%, um incentivo de verdade.


Em uma Master Class sobre portos inteligentes o palestrante nos perguntou: para ser inteligente precisamos primeiro saber qual o nosso problema? Qual o nosso problema?


Fiquei intrigado com isso.


Fazemos um malabarismo enorme para conseguir avançar 1 centímetro em qualquer frente e sempre nos defrontamos com lados que não querem a evolução por não atender certos interesses.


A mudança de mindset é fundamental nesse processo, em que ao invés de impedirmos quem quer fazer, temos de criar oportunidades e deixar quem está fazendo de fato realizar.


Para quem está na gestão o importante é ouvir e atender a todos sem que haja uma “guerra” de interesses. Se existem problemas, existem oportunidades e elas devem se tornar bons e novos negócios para que assim possamos andar para frente e não para trás.


Tudo está sendo previsto para acontecer na desestatização: dragagem, tecnologias, museu do porto, etc.


E se a desestatização não acontecer? Muitos irão comemorar? Outros ficarão com a sensação de que retrocedemos novamente? Até quando estaremos motivados para avançar?


Essa percepção de conformismo com o presente nos impede de pensar no futuro.


A Síndrome de Poliana é a tendência que as pessoas têm de se lembrar mais facilmente de coisas agradáveis do que de coisas desagradáveis.


Quero, sinceramente, olhar para daqui 10 anos e me orgulhar do que nossa geração fez e não do que deixamos de fazer. Será que esta síndrome é somente minha?


Durante a visita em Rotterdam pude perceber da Antaq (representada pelo Sr. Eduardo Nery), do Minfra (representado pelo Sr. Otto Burlier) e da Prefeitura de Santos (representada pelo Sr. Júlio dos Santos e o Sr. Flavio Jordão) que todos estão empenhados em, juntos, deixar um legado para o Porto de Santos.


Um legado em que iremos olhar para trás e ver que fizemos a diferença. Retorno para o Brasil com o sentimento de que não estamos satisfeitos com o presente porque existem pessoas que estão realmente preocupadas com o futuro.


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