Avaliação feita quando os jovens chegam às unidades da Fundação Casa evidencia deficiências básicas

Desafio é resgatar interesse pela escola

Por: Redação  -  03/10/21  -  15:49
Atualizado em 07/10/21 - 18:34
 Manter os jovens na escola é desafiador. Muitos têm defasagem entre idade e série
Manter os jovens na escola é desafiador. Muitos têm defasagem entre idade e série   Foto: Vanessa Rodrigues

Aos internos que afirmaram que não estavam estudando quando foram apreendidos pela polícia foi feita uma outra pergunta: por que abandonaram a escola? As respostas são variadas: “não gostava”, “fui expulso”, “era muito longe”, “não conseguia acompanhar as aulas”, “dei preferência ao crime”, “precisei começar a trabalhar”, “preguiça”, “estava traficando”, “perdi a vontade”, “tinha dificuldade”, entre outras. As respostas eram livres, ou seja, não havia opções para assinalar.


Fernanda Joanin é coordenadora pedagógica da unidade 2 da Fundação Casa em Praia Grande. Nessa unidade, os jovens ficam no máximo 45 dias, e depois podem ser soltos e retornar para casa, com acompanhamento da Promotoria da Infância e Juventude. “Nosso maior trabalho de desenvolvimento aqui é a escolarização. Como eles ficam por pouco tempo, nos desafiamos a entender em que etapa do aprendizado estão para poder oferecer um conteúdo que desperte nele a vontade de voltar para a escola quando estiver livre”. Assim que chegam, é feita uma bateria de avaliações.


“O que percebemos, em geral, é que estão há muito tempo fora da escola e há uma grande defasagem entre idade e a série”, diz Fernanda.


As impressões da educadora correspondem aos números apontados pelo IPAT. Enquanto a maioria dos jovens internados tem entre 15 e 18 anos, seria natural que também a maioria dos que disseram estar estudando estivesse no ensino médio. Porém, o censo apontou que a maior fatia dos que estudam está no 8º ano do ensino fundamental (22,3%), seguido do 7º ano (15,5%). Essa constatação segue o que já havia sido apurado no levantamento anterior, feito em 2017 pelo IPAT.


Ler, escrever, interpretar

E a consequência desse tempo fora da escola e do pouco interesse pela educação é, segundo a educadora, “uma enorme dificuldade no que se refere à alfabetização e letramento. Eles não têm domínio sobre o básico: as quatro operações, raciocínio lógico, leitura e escrita e interpretação de texto. Corrigir isso, minimamente, é o carro-chefe do nosso trabalho aqui”.


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