Último encontro do ano do Agenda ESG debate a importância da governança para empresas

O conceito é tão fundamental que poderia até preceder o ambiental e o social da sigla

Por: Anderson Firmino  -  30/11/23  -  09:49
Ao fixar medidas claras sobre condutas e posturas, governança ajuda a nortear demais segmentos, disseram palestrantes no Grupo Tribuna
Ao fixar medidas claras sobre condutas e posturas, governança ajuda a nortear demais segmentos, disseram palestrantes no Grupo Tribuna   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Um conceito tão importante que poderia até preceder o ambiental e o social. Assim poderia ser descrita a governança, um dos pilares do ESG, que foi debatido na tarde de quarta-feira (29), durante o último encontro do ano do Agenda ESG, no auditório do Grupo Tribuna. É ela que, ao estabelecer regras e procedimentos claros sobre condutas e posturas em uma empresa, ajuda a nortear ações desenvolvidas pelos demais segmentos.


“A governança é o objetivo das empresas. Quando se coloca um processo de ESG iniciado por ela, com diretrizes, boas práticas e regras muito bem definidas, permite colocar os pilares social e ambiental para funcionar de maneira correta”, avalia a professora de ESG do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-SP), Viviane Elias Moreira.


Ela lembra que a governança corporativa respeita cinco preceitos básicos: transparência, integridade, responsabilização, equidade e sustentabilidade. A absorção destes conceitos tem ocorrido, embora ainda esteja em evolução.


“Temos uma mudança cultural, para que os princípios de governança corporativa sejam implementados com maior efetividade. Mas essa construção é diferente de outras do capitalismo, porque é de baixo para cima”, explica.


A diretora de Compliance e Investigações do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac), Maria Cecília Andrade, salienta que o conceito de compliance ficou amplificado. “Quando a gente começou a discutir, o foco era corrupção. Temos que entender o que está acontecendo na minha cadeia de fornecedores. Virou uma cesta muito grande, com várias frentes de atuação.”


A presidente da Comissão de Compliance da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, Flávia Lepique, reforça a importância de deixar de lado o juridiquês, permitindo que mais pessoas em uma empresa compreendam as regras de governança.


“Não é boa uma linguagem que meia dúzia de pessoas entende. Há diferença de cultura. As pessoas precisam entender claramente o que é assédio, que não pode ser aceito, mesmo se feito por um diretor, por exemplo”, salienta Flávia.


Maria Cristina Gontijo, sócia da Lawand Gontijo Advogados, entende que o mundo corporativo não abre mais espaço para quem faz governança sem propósitos claros. “Hoje, existe uma outra visão de mundo”, resume.


Poder público

Superintendente de Governança, Riscos e Compliance da Autoridade Portuária de Santos (APS), Cláudio Bastos acrescenta que, no caso das empresas públicas, os mecanismos de controle têm ganhado eficiência, diminuindo a margem para malfeitos.


“A boa noticia é que a sociedade civil evoluiu, assim como a administração pública, especialmente após a Lei das Estatais. Cada vez mais, os controles estão difíceis de ser burlados, com evolução em tecnologia”, pondera.


Luciana Mendonça, diretora de Riscos e Compliance da EcoRodovias, também avalia que uma boa estrutura de controles internos ajuda na avaliação e na identificação de eventuais erros ou fraudes. “Os donos do controle somos todos nós”, destaca.


Tema ganha espaço e atraiu mais interessados do que no ano anterior
Tema ganha espaço e atraiu mais interessados do que no ano anterior   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Conhecimento e difusão de informações estimula práticas

O encontro desta quarta foi o terceiro da Agenda ESG em 2023. Os outros foram em setembro e outubro. E fechou com êxito a jornada de conhecimento e difusão de informações sobre boas práticas. Tanto que, em 2024, o Grupo Tribuna deve promover novo ciclo de eventos sobre o tema.


“No ano passado, a gente estava trazendo pela primeira vez esses conceitos. Penso que a gente já avançou um pouco mais, trazendo exemplos mais práticos e conceituando melhor. Junto com esse avanço da nossa agenda, também tem um avanço do tema fora do Grupo Tribuna. É um tema que também está ganhando espaço lá fora”, afirma a gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna, Arminda Augusto, que mediou os encontros.


Ela entende que, nesta temporada, houve maior comparecimento de interessados no assunto. “Havia, até, pessoas que não são do setor empresarial, mas buscavam entender do que se estava falando. Sobre como cobrar uma empresa sobre a responsabilidade pelo que produz. É uma contribuição que fazemos, junto com as empresas parceiras, para toda a sociedade.”


Conceitos fortalecidos

Também comandou os debates o economista e presidente da GO Associados, Gesner Oliveira. Para ele, o ciclo 2023 da Agenda ESG foi bastante rico, pelo fortalecimento de conceitos importantes sobre o tema em seus três pilares: ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês).


“Introduzimos grandes questões ambientais e o enorme desafio da mudança climática. E, na parte social, trouxemos sugestões concretas para superar a iniquidade social. E hoje (quarta), vimos que é importante ter um sistema de decisões que elimine, ou minimize, pelo menos, conflitos de interesse”, pondera.


Logo A Tribuna
Newsletter