ONG de São Vicente apoia adoção com responsabilidade e muito amor

Grupo Maternizar prepara e esclarece pretendentes que sonham ter filhos e dar um lar para crianças e adolescentes

Por: Ted Sartori, colaborador  -  19/09/22  -  16:02
Atualizado em 19/09/22 - 18:29
Izabel conta que a entidade realiza reuniões mensais gratuitas, com a participação de pretendentes à adoção e profissionais da área da infância
Izabel conta que a entidade realiza reuniões mensais gratuitas, com a participação de pretendentes à adoção e profissionais da área da infância   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Adotar é um ato de amor. A frase é batida, mas absolutamente verdadeira. Para espalhar e, digamos, organizar esse sentimento, existe o Maternizar – Grupo de Apoio à Adoção de São Vicente. A ONG foi organizada em 1º de fevereiro de 2007 por um grupo formado por técnicas judiciárias, pais e mães adotivos e pretendentes à adoção. A fundação aconteceu em 2012.


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“Pelo seu pioneirismo, o Maternizar incentivou no surgindo de outros Grupos de Apoio à Adoção, como os da Praia Grande, Santos, Cubatão e Guarujá”, conta a vice-presidente Izabel Cristina Santos. O grupo é inscrito nas associações Estadual e Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.


A intenção é atuar no apoio e orientação e preparação de pretendentes à adoção, esclarecendo, divulgando e estimulando a adoção consciente, legal, segura e para sempre, além de promover o direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes. Tudo isso unindo esforços do Poder Público e da comunidade, com o apoio do Juizado da Infância e Juventude da Comarca de São Vicente.


Radiografia

Em todo o Brasil, há cerca de 35 mil inscritos no cadastro nacional à espera de uma criança para adotar e cerca de 5 mil crianças e adolescentes que aguardam uma família. A proporção parece muito boa, mas as pretensões dos interessados fazem com que a realidade não seja da mesma forma que os números indicam.


De acordo com pesquisa deste ano do Observatório do 3º Setor, apurando dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 26,1% dos candidatos a adotantes desejam crianças brancas; 58% almejam crianças até 4 anos de idade; 61,5% não aceitam adotar irmãos; e 57,7% só querem crianças sem nenhuma doença. Quando se fala de crianças um pouco mais velhas, apenas 4,52% das pessoas aceitam adotar maiores de 8 anos.


Do total de crianças e adolescentes cadastrados no sistema, 49,7% são pardos, contra apenas 16,68% brancos. Entre todas elas, 55,27% possuem irmãos e 25,68% têm algum problema de saúde. Além disso, 53,53% têm entre 10 e 17 anos de idade. Em resumo, cerca de 92% delas não possuem as características desejadas pelos adotantes.


“Diante desse quadro, os Grupos de Apoio à Adoção atuam promovendo debates sobre adoções necessárias em eventos e espaços públicos, estimulando e desmistificando a adoção de crianças maiores, a de grupo de irmãos, inter-racial e de crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência”, afirma a vice-presidente do Maternizar.


A entidade realiza reuniões mensais gratuitas, com a participação de pretendentes à adoção, profissionais da área da infância, estudantes e demais interessados no tema. “Recentemente, iniciamos o Pós-Adoção, do qual participam somente os que já estão com o termo de guarda para fins de adoção ou o processo finalizado”, completa Izabel.


O Maternizar também organiza ao longo do ano atividades para as crianças e adolescentes que se encontram nas Instituições de Acolhimento do Município, como Campanha da Mochila Escolar, Festa de Páscoa, Noite do Pijama, Festa do Dia das Crianças e passeio ao cinema.


Nova sede

Com uma diretoria composta de voluntários, o Maternizar inaugurou em maio sua nova sede, no Centro de São Vicente. O atendimento é agendado. “Os recursos para manter o trabalho vêm da realização de bazares, bingos beneficentes, rifas e outras iniciativas. Os simpatizantes podem se tornar Sócios-Amigos e fazerem suas contribuições”, explica a vice-presidente.


Nova sede de atendimento do Maternizar fica no Centro de São Vicente
Nova sede de atendimento do Maternizar fica no Centro de São Vicente   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Os próximos passos do grupo concentram-se na finalização da montagem da sede e a obtenção de patrocínio para continuar com os projetos atuais e dar início a outros.


Casal adota menina e o próprio projeto

O casal Felipe Vieira, auxiliar de logística de 39 anos, e Mariane Teixeira, analista de exportação de 38, tinha vontade de adotar uma criança desde os tempos de namoro. Eles estão casados há uma década e moram no Bairro Encruzilhada, em Santos.


Felipe Vieira e Mariane Teixeira, com Flavia e Rodrigo, além da cachorra Bela: família transborda felicidade
Felipe Vieira e Mariane Teixeira, com Flavia e Rodrigo, além da cachorra Bela: família transborda felicidade   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A espera foi de 1 ano e 8 meses: Flavia chegou na vida deles aos 4 anos – atualmente ela tem 8 – e, depois, veio Rodrigo, agora com 2 anos e que é filho biológico. “Sempre digo que o pai precisa adotar o filho, pois a mãe tem todas as sensações e ligações afetivas, mas o pai é quem adota no dia a dia”, comenta Felipe.


Flavia estava em Santa Catarina e foi necessária uma semana de aproximação. A idade que a menina tinha, conta Felipe, já era tardia para os padrões geralmente estabelecidos pelos interessados em adoção.


“Depende muito (o tempo de espera) que é preenchido, pois são ‘escolhidas’ cor, idade, se tem doenças ou não e se a pessoa aceita ir para outros estados, caso apareça uma criança. Mas a maioria dos pretendentes quer até 3 anos, branco e sem doenças. Aí pode demorar até cinco, seis anos. O perfil que escolhemos abrangia o Brasil inteiro, enquanto as pessoas costumam restringir ao próprio estado ou algum estado vizinho”, explica.


O casal conheceu o Maternizar no curso obrigatório que o município fornece. Os pretendentes necessitam disso porque é uma exigência para entrar no Cadastro Nacional da Adoção (CNA), a chamada fila. São tiradas dúvidas e passadas informações de como funciona o processo.


“Vimos que o grupo seria importante na nossa preparação para a adoção. Eram muitas dúvidas e até hoje elas existem, mas sabemos que podemos contar com o Maternizar. Tanto que foi nesse curso em que decidimos a idade da criança que iríamos mencionar no perfil que é preenchido”, afirma Felipe.


A ligação com o Maternizar foi tanta que Felipe Vieira foi convidado a integrar a diretoria, sendo nomeado para cuidar da comunicação. “Aceitei de imediato por todo esse trabalho que é feito em prol das famílias pretendentes e para as crianças que estão à espera de um lar, de uma família”, justifica.


PERFIL

Maternizar - Grupo de Apoio à Adoção de São Vicente

O que é? Organizado em 2007 e fundado em 2012, o Maternizar - Grupo de Apoio à Adoção de São Vicente atua no apoio e orientação e preparação de pretendentes à adoção, esclarecendo, divulgando, estimulando a adoção consciente, legal, segura e para sempre. Atua também na promoção do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes.

Onde? Avenida Capitão-mor Aguiar 697, sala 1, Centro, São Vicente

Contatos (13) 98860-9345 e maternizar@maternizar.com.br


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