Inclusão é a base de projeto esportivo na Encruzilhada em Santos

Programa, gerido pela Associação Nacional de Desenvolvimento Esporte e Educação, é ministrado na Unimes

Por: Ted Sartori  -  16/09/22  -  14:45
Atualizado em 18/11/22 - 14:32
A pandemia atrasou o início do projeto, que teve início em outubro do ano passado
A pandemia atrasou o início do projeto, que teve início em outubro do ano passado   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Incluir é um verbo que precisa ser conjugado diariamente às pessoas com deficiência. E é exatamente a intenção do Projeto Esporte & Inclusão, gerido pela Associação Nacional de Desenvolvimento Esporte e Educação e ministrado nas dependências da Fefis-Unimes, no Bairro Encruzilhada, em Santos.


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Uma equipe multidisciplinar coordena a oferta de aulas para, em especial, pessoas com síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista de prática desportiva (futebol de 7 e tênis de mesa) e atividades culturais (artes e teatro). A intenção é melhorar as condições físicas – sistema cardiovascular, coordenação motora, equilíbrio, percepção espacial e outros itens – e a socialização.


A implantação seria em 2020, mas foi adiada pela pandemia para outubro do ano seguinte e começou efetivamente nos primeiros meses de 2022. As atividades são de segunda a quinta-feira, divididas em dois períodos (distribuídos entre 13h30 e 18 horas).


“Vamos atender até 80 crianças. Estamos, no momento, com 60”, detalha o presidente Marcelo Camargo dos Santos. A idade mínima é de 10 anos. “Temos de todas as idades. Só precisa ter uma avaliação por parte da equipe técnica para que a gente possa dividir dentro das turmas”.


O público atendido

Setenta e um por cento dos alunos são do sexo masculino. A faixa etária dos 21 aos 30 anos é a mais representativa (38,5%). Pessoas com síndrome de Down representam 45% dos assistidos


“Ninguém paga nada. Eles recebem uniformes e alimentação, além de termos duas vans que fazem o transporte, mas não de todos os alunos. Há pontos que são de parada para que os pais possam levar ou pegá-los”, explica Marcelo.


A Associação Nacional de Desenvolvimento Esporte e Educação também fechou parceria com o Santos FC e, no planejamento deste segundo semestre, terá a equipe de pessoas com síndrome de Down de futsal para representar a Cidade nos eventos estaduais.


Pessoas com Síndrome de Down representam o maior grupo do projeto
Pessoas com Síndrome de Down representam o maior grupo do projeto   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Evolução

Os resultados nas atividades propostas têm sido muito bons. É visível a evolução de alguns alunos no pouco tempo de participação no projeto, de acordo com a coordenadora Silvia de Carvalho Queiroz.


“Há casos em que os alunos tinham uma postura de retração no início das atividades: olhavam para o chão, escondiam o rosto com as mãos, dificuldade de se expressar/vocalização, falta de interação com os colegas. Mas, através das práticas, tanto esportivas como culturais, já modificaram seu padrão de comportamento apresentando-se mais soltos, desinibidos, interagindo com os colegas e professores, ao ponto de termos recebido vários retornos positivos dos pais quanto à mudança observada em sala de aula na escola regular”.


Idades diferentes, a mesma alegria de participar

As idades de Gabriel Conrado (25 anos) e Anderson Gomes Mariano (41 anos) são diferentes, mas a alegria por participar das atividades do projeto Esporte & Inclusão é do mesmo tamanho.


Morador do Macuco, em Santos, Gabriel é formado em Educação Física justamente na Fefis-Unimes e tem síndrome de Noonan. Trata-se de uma doença genética causada por alterações de um dos genes da via RAS/MAPK – portanto, a pessoa já nasce com ela, causando características como baixa estatura e pescoço alargado, por exemplo.


“Antes, eu ficava ocioso. Agora, não mais. É importante também para fazer novos ciclos de amizade e, assim, a gente se desenvolver. É uma troca. Ajudo meus amigos e eles me ajudam”, conta. “Das atividades, gosto mais de futebol porque é da minha área, a Educação Física. Também gosto de tênis de mesa. De artes, prefiro o teatro”, emenda.


Agenda cheia

A agenda de Anderson, morador do São Jorge, em Santos, é cheia. E um dos importantes compromissos é com as atividades do Esporte & Inclusão. Ele, que tem síndrome de Down, participa de atividades físicas há muitos anos.


“Uma amiga minha me avisou do projeto. Achei interessante, pois tudo que é novo e diferente sempre traz bons resultados”, revela Valdenice Gomes Mariano, mãe de Anderson. “Ele faz teatro, tênis de mesa, artes, futebol e música. Tem uma interação boa com os profissionais que lá estão, além da parte social com os amigos, sendo que alguns novos e outros de longa data. Posso ter esquecido de alguma atividade, mas o Anderson gosta muito de estar no Esporte & Inclusão”, lista.


Não bastasse isso, Anderson pratica basquete, faz natação (ambos no Complexo Esportivo Rebouças, na Ponta da Praia) e ainda joga futsal na Associação Atlética dos Portuários (no Marapé), além da escola. “É uma correria danada, mas é o que o faz feliz. E isso é o que interessa”, afirma a mãe. (TS)



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