Mudança climática não é pauta exclusiva dos governos

Assunto foi abordado no último encontro do Região Em Pauta

Por: Arminda Augusto  -  05/06/22  -  16:05
  Foto: Adobestock

Me ocorre começar este texto com aquela antiga história do velho senhor que plantava tâmaras no deserto e, certo dia, foi abordado por um jovem:

- Por que o senhor planta tâmaras se não vai colhê-las?


O senhor virou a cabeça e, calmamente, respondeu:

- Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras.


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No tempo em que o ditado “Quem planta tâmaras não colhe tâmaras” foi cunhado, as nobres frutas levavam de 80 a 100 anos para germinar - o que não ocorre hoje, com as modernas técnicas de plantio existentes.


Em alguma medida, a velha história ‘conversa’ com o tema deste caderno, mudanças climáticas e a Baixada Santista. Diante dos números aqui apresentados e das projeções para 2050 e final do século, alguém poderá dizer: “mas por que vou me preocupar com isso se nem estarei mais aqui em 2100?”.


O pensamento é pequeno e mesquinho, claro, porque se hoje nos vacinamos, usamos celulares, tratamos da saúde com medicamentos modernos e eficientes, é porque alguém, lá no passado, olhou por nós e pelas gerações que nem sabia como seriam.


Pensar nos extremos do clima e nas consequências nefastas que as mudanças trarão para a humanidade é pensar na sobrevivência da espécie humana, da qual viemos, a qual pertencemos, na qual estamos deixando nossos filhos e netos.


Mas para os mais racionais, que vivem para o hoje e o daqui a pouco, as notícias também não são boas: todos viveremos o suficiente para sentir as consequências da falta de ações, programas e iniciativas que minimizem os impactos de anos e anos de letargia. A Ciência nos diz que já estamos ao menos 1,1 grau mais quente que antes da Revolução Industrial. É pouco? É o suficiente para provocar mudanças na biodiversidade, na temperatura dos oceanos, no ecossistema animal, no ar que respiramos, na saúde humana.


Falar em mudanças climáticas não é tema apenas para governos e entidades não-governamentais. É tema que precisa estar inserido no dia a dia das famílias, das escolas, das empresas. Em maior ou menor grau, todos podem adotar medidas e práticas que interferirão, de forma positiva, no curso do que a humanidade vai viver daqui para frente.


O Grupo Tribuna se sente parte desse debate, e responsável por inseri-lo no seio da sociedade, ao reunir quem produz ciência, quem representa os governos, e a sociedade civil. De posse do conhecimento, fica mais fácil incorporar novos hábitos e, mais que isso, engajar-se em movimentos e discussões maiores, que exijam tomada de decisões por parte das autoridades, dos executivos e legislativos.


O resultado desse movimento será, com certeza, uma colheita de tâmaras mais saudáveis. E um sentimento legítimo de que todos fomos parte desse processo.


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