Impacto negativo na indústria derruba emprego na Baixada Santista

É o que se constata entre 2010 e 2020; análise das características de cada cidade pode ajudar a abrir postos

Por: Ted Sartori  -  28/06/22  -  19:34
Atualizado em 29/06/22 - 12:07
Baixada Santista sofreu queda importante na quantidade de empregos formais
Baixada Santista sofreu queda importante na quantidade de empregos formais   Foto: Matheus Tagé/AT

A Baixada Santista sofreu queda importante na quantidade de empregos formais no espaço de uma década. A redução torna-se ainda mais significativa quando o assunto refere-se a essas vagas na indústria da região.


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Levando em conta o período de 2010 a 2020, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), repassadas anualmente pelas empresas dos setores público e privado, a queda total foi de 4.843 postos (de 374.414 para 369.571).


Nos empregos formais relacionados às indústrias na Baixada, baseando-se no mesmo recorte, a queda chegou a 15.741 lugares (de 55.340 para 39.599).


“Temos o exemplo clássico do Polo Industrial de Cubatão. Esse segmento foi impactado e havia presença preponderante. Por força de Cubatão, a Baixada Santista, evidentemente, sofreu esse impacto”, afirma Rodolfo Amaral, jornalista especializado em Gestão Pública e analista de dados.


Amaral, do escritório Data Center Brasil, foi um dos convidados do fórum A Região em Pauta, realizado na tarde de ontem no auditório do Grupo Tribuna. O tema foi Geração de Empregos na Baixada Santista.


O jornalista integrou o primeiro painel, em que os dados apresentados serviram de base para o debate, mediado pela jornalista Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna.


Vagas e vocação

Os outros convidados da primeira parte do evento foram Rosângela Gibelato, diretora regional de Trabalho e Empreendedorismo da Baixada Santista (órgão ligado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico), e Ricardo Serra, coordenador do Centro Público de Emprego de Santos.


“Nosso cadastro é muito amplo. Atualmente, temos 52 mil pessoas. Temos essa quantidade de desempregados? Não. Até porque muitas pessoas que conseguem recolocação não vão lá para nos avisar disso. Não é algo automático que muda no sistema”, argumenta Serra.


Geração de Empregos na Baixada Santista foi o tema de A Região em Pauta neste mês
Geração de Empregos na Baixada Santista foi o tema de A Região em Pauta neste mês   Foto: Matheus Tagé/AT

Dentro disso, o trabalho de Rosângela é, justamente, acompanhar o trabalho dos postos de Atendimento ao Trabalhador (PATs, denominação do Centro Público de Emprego em outras cidades da Baixada Santista), além de fornecer aconselhamento dentro desse processo de identificação das cidades.


“Sempre que tenho oportunidade de conversar com os outros secretários, digo para que analisem qual é a vocação de seu município, de acordo com as características. Não podemos estar pensando apenas nas petroquímicas de Cubatão e no Porto de Santos”, afrima a diretora regional do Trabalho e Empreendedorismo da Baixada.


Porto

Na tarde desta segunda (27), estivadores protestaram sobre a redução de vagas da categoria, quando passaram na frente do prédio do Grupo Tribuna. Ao mesmo tempo, acontecia o fórum A Região em Pauta, que tratava a respeito de geração de empregos na Baixada. Bruno José dos Santos, presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, foi chamado a falar no evento. “É importante ampliar os campos de trabalho, mas também manter os que temos. Integro um sindicato em que não entra um trabalhador há 12 anos. Quantas pessoas morreram, se aposentaram e quanto o Porto de Santos cresceu neste período?”


Quantidade de MEIs aumenta

Se a quantidade de vagas formais caiu de maneira significativa em 11 anos, o aumento de microempreendedores individuais (MEIs) atingiu níveis estratosféricos no mesmo período, segundo dados apresentados por Rodolfo Amaral, da Data Center Brasil.


Em 2010, a quantidade de MEIs era de 7.369. Em 2021, o número chegou a 153.959 — crescimento de 146.590, mais de 20 vezes.


“Muitos enxergam o MEI como forma de sustento da família porque não veem como se empregar novamente”, analisa o gerente do Sebrae-SP na Baixada Santista, Marco Aurélio Rosas. Em 2021, segundo o Data Sebrae, 59% abriram negócio por necessidade, e os demais, por oportunidade. “O melhor seria o inverso, mas não é de todo ruim.”


Ele foi um dos convidados do segundo painel do A Região em Pauta. Além do empreendedorismo, o objetivo foi discutir as oportunidades que surgem, as exigências dos empregadores, habilidades e características dos profissionais que ingressam nessas vagas, assim como a formação dos jovens nas universidades e escolas técnicas.


“Uma cidade como a nossa precisa ter gente interesada em falar um segundo idioma, usar o pacote Office, saber usar a internet e se posicionar nas plataformas de comunicação. Precisamos acordar pensando nisso”, recomenda Hudson Carvalho, especialista em Gestão de Pessoas e Estratégia Organizacional.


“Quando houve a massificação do Ensino Superior, também teve queda de qualidade”, emenda Vitor Cavalcanti, diretor-geral do Instituto ItMídia. (TS)


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