Evasão escolar e alfabetização ainda são desafios no setor educacional da Baixada Santista

A Região em Pauta discutiu a Educação na Baixada Santista em encontro realizado no Grupo Tribuna

Por: Michael Santos - Colaborador  -  28/02/23  -  09:05
Foi o primeiro encontro deste ano do projeto A Região em Pauta, promovido ontem e dividido em dois painéis, no Auditório do Grupo Tribuna
Foi o primeiro encontro deste ano do projeto A Região em Pauta, promovido ontem e dividido em dois painéis, no Auditório do Grupo Tribuna   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Um ano após a reabertura das escolas, os dois principais desafios ainda enfrentados são evasão escolar e alfabetização. Esta é a conclusão de autoridades e educadores que participaram do primeiro encontro deste ano do projeto A Região em Pauta.


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Tratando de Educação, o evento ocorreu nesta segunda-feira (27), no Auditório do Grupo Tribuna.


Dividido em dois painéis, o fórum abordou, inicialmente, o tema Um Ano de Escolas Reabertas: Resgate do Aprendizado?. Em sua explanação, Valéria Mhui, da equipe técnica da Coordenadoria Pedagógica e do Departamento de Avaliação Educacional da Secretaria Estadual de Educação, afirmou que a falta de aulas presenciais foi determinante para que crianças não tenham desenvolvido a habilidade de ler e escrever.


“Nos anos iniciais, a alfabetização ficou prejudicada por causa da ausência do professor”, disse, depois de ressaltar que “não dá para fazer mediação sem a presença do professor. Nada o substitui”.


Valéria citou, ainda, a saída de alunos das unidades educacionais, mencionando que boa parte do abandono de estudantes se concentrou nos anos finais do Ensino Médio. “Muitos precisaram sair para trabalhar.”


A secretária de Educação de São Vicente, Nívea Marsili, confirmou que, dos dois problemas levantados, a saída de alunos da rede municipal é o que mais incomoda. “Quanto à alfabetização, no meio de 2022, avançamos. Mas qual o recorte trazemos do Fundamental 2? É que o aluno que não era o público de evasão desapareceu. É desesperador”, admitiu, citando um dado: de 2019 a este ano, cerca de 3 mil alunos deixaram escolas vicentinas.


Conquistas


Apesar dos reflexos negativos, os convidados foram unânimes ao dizer que a pandemia trouxe evoluções. Valéria lembrou que, anteriormente, “não se podia levar celular à sala de aula. Era proibido”. Porém, como enfatizou Daniela Faquim, diretora do Centro de Formação dos Gestores da Educação Básica (Cefog), que órgão ligado à Secretaria Estadual de Educação, os “alunos gostam de aulas interativas. A tecnologia faz parte da realidade. Então, precisamos fazer uso dela. Sem isso, não avançamos”.


Este pensamento foi compartilhado pelo prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), que apontou melhorias na Cidade. “A pandemia mostrou que precisamos estar preparados. Começamos este ano com todas as salas de aula com tablets. E mais: todas as escolas têm acesso ao wi-fi, e usamos lousas digitais.”


Os professores


Os dois estudantes que, ano passado, estiveram no A Região em Pauta e falaram sobre a escola na pandemia marcaram presença novamente.


Sarah Almeida, de 15 anos, que finalizou em 2022 o Ensino Fundamental na UME 28 de Fevereiro, revelou o que mais a marcou. “Os professores estavam diferentes, pois sentaram no lugar dos alunos. Estão mais preocupados com o aprendizado dos alunos.”


Matheus Antunes, que finalizou o Ensino Médio na EE Prefeito Domingos de Souza, falou sobre seu desejo para a escola do futuro. “Que haja mais investimento nos professores. Qualificando-os, vão transmitir melhor o conhecimento.”


Jovens na docência
A queda de ingressantes em cursos de licenciatura foi assunto no segundo painel, sob o tema Apagão de Professores: o Desafio de Atrair Jovens para a Carreira.


Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), na região, em 2019, 7.015 entraram em cursos do tipo. Em 2021, foram 5.876.


Em 2011, 46,1% das matrículas eram de pessoas de até 29 anos. Dez anos depois, este grupo representava 41,3% do total. No período, indivíduos de 40 anos ou mais foram de 21,5% a 30,9%.


Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que reúne mantenedoras e instituições responsáveis por estabelecimentos de Ensino Superior, disse que “os jovens não são atraídos pela licenciatura. Suas famílias e a sociedade os desestimulam”.


João Bosco Guimarães, dirigente de ensino da rede estadual em Santos, concordou. “Há glamour quando se fala que o filho é médico, mas não falo com boca cheia: ‘Meu filho é professor’”.


Para a vereadora santista Audrey Kleys (PP), que preside a União dos Vereadores da Baixada (Uvebs), “o salário (pesa). Há concorrência na palma da mão: os youtubers”.


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