
A professora Carol Porto é criadora da Turma do Longinho, que tem personagens que estimulam a inclusão, cada um com uma característica ( Foto: Alexsander Ferraz/AT )
Mestre em Neurologia, especialista em Práticas Inclusivas e Gestão das Diferenças, Carolina Videira considera que o Brasil ainda está muito atrasado em termos de política de educação inclusiva. Tanto que considera a pauta ultrapassada e, por consequência, urgente.
[Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios! rel:noreferrer](https://assine.atribuna.com.br/" aria-label="Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!" target="_blank)
“De todos os grupos da diversidade, o da pessoa com deficiência aparece como o que ainda precisa de mais espaço. É o que a gente ainda precisa explicar e formar as pessoas sobre o que isso significa”, afirma Carolina.
Escolas e o próprio sistema educacional, lembra Carolina, não favorecem a inclusão dessas pessoas. “Não é apenas culpa dos professores e da má formação. Existem razões arquitetônicas, atitudinais e pedagógicas. É necessário compreender que a educação inclusiva faz bem para todos os alunos. É, majoritariamente, uma dificuldade de ensinar e não de aprendizagem”, explica.
Em outubro, Carolina Videira foi premiada na ONU, na categoria Redução de Desigualdades, pela Turma do Jiló, criada em 2015 a partir da inspiração do filho João, que é hipotônico – condição que diminui o tônus muscular da criança. É uma associação sem fins lucrativos que oferece educação inclusiva às escolas públicas de São Paulo por meio de programas de diversidade.
“Precisamos rever o conceito de inclusão. A luta não deveria ser apenas de quem tem alguma deficiência ou quem é pai ou mãe de uma pessoa com deficiência. Todos nós vamos nos tornar pessoas com deficiência, vamos envelhecer e ter a mobilidade, acuidade visual e auditiva diminuídas. Por sorte, alguns não terão nenhuma questão intelectual”, analisa.
Turma especial
A professora Carol Porto criou um grupo muito especial para estimular a inclusão: a Turma do Longinho. Trata-se de um projeto pedagógico para desenvolver o empoderamento infantil, potencializando seus talentos e habilidades, trabalhando a alfabetização, fonemas, brincadeiras, novos objetos, artes plásticas, matemática, trava-língua e outros aspectos.
É o caso do personagem que dá nome ao grupo, que tem braços longos. Também tem o Jonas, que é deficiente visual, e Spike, seu cão-guia, a Leca, a Princesa Careca, e Bella, que tem Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), dentre outros que viraram bonecos que fazem parte da contação de histórias.
“Cada um tem sua característica, mas todos estão em grau de igualdade, porque as crianças querem brincar e se divertir. Não importam as diferenças”, afirma Carol.
Assuntos relacionados