Ele só decidiu trocar as chuteiras pelo tênis de corrida quando os primeiros sinais no joelho esquerdo começaram a aparecer. Era um aviso: se quisesse manter a atividade esportiva, teria que mudar a modalidade. E assim foi para Antônio Augusto Poço Pereira, um português de 68 anos que tem o esporte na veia “desde que se conhece por gente”, como ele mesmo diz.
Neste domingo (15), ao participar de mais uma edição dos 10 KM
Poço é formado em Administração de Empresas, com especialização em RH, e tem a história parecida com a de milhares de portugueses que migraram para o Brasil naquelas décadas de 1950 e 1960, quando a economia brasileira carecia de mão de obra para quase todas as atividades. O menino de 3 anos, nascido na pequena Vila Nova de Cerveira, Distrito de Viana do Castelo, chegou a bordo do vapor
Sem estudos, o pai seguiu a trajetória de outros tantos ‘patrícios’ que por aqui chegaram naqueles tempos: foi trabalhar de garçom em um bar do José Menino, depois na Bittencourt, e tão logo o filho cresceu, foi ajudá-lo no balcão.
Poço conta que, de tempos em tempos, ele e amigos subiam até o topo do palácio, onde havia um campo improvisado. O time adversário era composto pelos detentos, e a harmonia entre os times era perfeita. “Nessa época, eu era goleiro”, conta.
O futebol também esteve presente na vida corporativa de Poço quando trabalhava na Cosipa (hoje Usiminas). “Eu não perdia nenhum torneio”, diz, referindo-se ao Torneio Cosipão, que durante anos foi organizado pela siderúrgica. Também esteve presente na I Olimpíada do Ministério da Indústria e Comércio, em Volta Redonda (RJ).
Nos guardados do executivo, há dezenas de lembranças dessa época, como as carteirinhas de clubes e fotos dos times em que atuou. Um, em especial, ele guarda com carinho: a carteirinha do ‘glorioso’ Samburá Praia Clube, que ainda hoje resiste ao tempo.
“Nas primeiras provas dos 10 KM, eu fazia o percurso em 48 ou 50 minutos. Me desafiava todo ano para reduzir o tempo”, lembra.
Nos últimos anos, a corrida nos 10 KM foi substituída pela caminhada ao lado da esposa Neuzeli, e a preocupação com o tempo do percurso foi embora. “A gente vai parando para conversar com os amigos, a Neuzeli espera o churrasquinho, toma café na padaria... E eu paro pra fazer foto com os personagens, com os amigos. É uma grande festa”.
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