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Vladir Lemos

A Copa de Trump

Já não sei ao certo que lugar a Copa do Mundo guarda no imaginário das pessoas

Vladir Lemos

13 de março de 2025 às 06:44Modificado em 14 de março de 2025 às 13:12
(Gerada por IA)

(Gerada por IA)

Já não sei ao certo que lugar a Copa do Mundo guarda no imaginário das pessoas. Que peso tem para as novas gerações. Uma cena que se fez muito presente no meu cotidiano ao longo dos anos é aquela que, vez ou outra, nos faz topar com alguém que confessa seu desinteresse pelo futebol, mas se apressa em se definir como um torcedor de Copas. É compreensível. Mas o que talvez as pessoas ainda não tenham se dado conta é que o modelo de Copa que conhecíamos já era. É passado. Como também não devem ter se dado conta, tamanho se faz o frenesi cotidiano, do quanto estamos perto da próxima.

Será a primeira edição com 48 seleções. Disso se conclui que, se nas últimas a qualidade técnica não foi um primor, se o novo modelo vier a nos seduzir não será nesse quesito. Desculpe o termo. É esse Carnaval que não sai de mim. E talvez seja pensando nisso que a Fifa tratou de dias atrás anunciar que pela primeira vez na história o torneio mundial de futebol terá no intervalo da final um espetáculo musical. E foi logo convocando o Coldplay. Afinal, alguém precisa garantir o show.

A Copa terá também um quê de volta ao mundo, já que será disputada em 16 cidades de três países: Estados Unidos, México e Canadá. E é essa combinação de nações que a essa altura me faz coçar a cabeça, já que o recém-eleito presidente norte-americano vem jogando duro, inclusive, com os parceiros dessa empreitada. Num primeiro momento pensei que Gianni Infantino, o presidente da Fifa, não deveria estar dormindo. Mas talvez ainda esteja, já que foi justamente quando Donald Trump exercia seu primeiro mandato que tudo foi tramado.

Vale lembrar que na ocasião o presidente dos EUA não fugiu das divididas para derrotar a candidatura de Marrocos. Lances que se não teriam feito de Infantino e Trump amigos íntimos, certamente serviram para torná-los mais próximos. Na época, o mandatário da Fifa esteve na Casa Branca. E pouco mais tarde não só esteve na posse como foi um dos primeiros líderes de entidades com peso mundial a felicitar Trump pela vitória nas eleições.

É fato que a Fifa está mais do que escaldada com relação a situações desconfortáveis. Basta lembrar que precisou lidar - talvez o certo fosse dizer driblar - com um sem fim de denúncias sobre direitos humanos. E minimizar declarações escabrosas feitas por entidades e veículos de imprensa que acusavam o Catar, país-sede da última Copa, pela morte de milhares de trabalhadores, vitimados pelas condições inadequadas e as altas temperaturas do país.

Não havendo mudanças nas táticas impactantes de Trump, é de se imaginar que Infantino terá de se revelar um verdadeiro craque nas costuras políticas. A abertura no Estádio Azteca, na Cidade do México, deverá soar um tanto nostálgica para muitos de nós, mas tem tudo pra se dar envolta numa realidade que já não nos permite sonhar tanto.
Podemos duvidar que Dorival nos faça chegar ao Mundial prontos a encenar um papel digo da história que o nosso país construiu nesse que é um dos maiores eventos do planeta. Como podemos a essa altura, também, duvidar que Dorival lá chegue a depender do que se dará nos jogos contra a Colômbia e a Argentina nos próximos dias. Dois adversários de respeito.

Só não dá pra duvidar que o presidente americano não fará questão de explorar bem ao estilo dele tão midiático acontecimento. Na última sexta-feira, anunciou a criação de uma força-tarefa pra cuidar da Copa que será, claro, presidida por ele, Trump. É por essas e outras que me despeço dizendo: te cuida, Infantino.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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