
Preservação do meio ambiente e mudanças climáticas são assuntos recorrentes na COP ( Foto: Vanessa Rodrigues/AT )
Já foi em uma reunião de condôminos? Há quem, quando ouve falar, já se esconde. É compreensível. No intenso cotidiano em que vivemos, por vezes é difícil assumir novos compromissos.
Goste ou não, todos sabemos a complexidade que é lidar com opiniões diversas, conflitantes. Imagine, então, reunir milhares de pessoas e buscar consenso – em muitos casos, necessariamente por unanimidade.
É o que acontecerá no final do mês, quando teremos mais de 170 países discutindo os rumos da nossa qualidade de vida. Trata-se da 28ª reunião da Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28). A primeira foi em 1995.
A reunião será em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O Brasil e algumas cidades, como Santos, estarão presentes. Aliás, há um fórum específico sobre o papel das cidades, enfatizando o valor das ações locais para as soluções globais.
As cidades, apesar das limitações, reúnem uma representatividade única, graças a maior capacidade de transformar diagnóstico em ação.
Agir é fundamental e esta COP, em particular, estará sendo vista por aquilo que conseguir transformar, efetivamente, em ações locais.
Ao longo desses anos, foi possível obter avanços significativos, como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, por exemplo. Mas é inegável, também, que há um desgaste diante de vários recuos e adiamentos.
Ainda aguardamos a efetivação do fundo de US$ 100 bilhões para limitar o aquecimento, criado na COP21, e os avanços em transição energética, segmento que o Brasil apresenta grande potencial.
Por isso, há uma crescente cobrança por resultados que possam fluir das reuniões para os países, destes para estados e municípios, o cidadão.
Da mesma forma que as emergências climáticas afetam toda a sociedade, o seu reflexo final é na comunidade em que cada um de nós vive. É no bairro, na rua, na porta e até mesmo dentro de nossas casas, seja com verões cada vez mais tórridos ou com persistentes doenças.
A COP tem a obrigação de gerar respostas nessas esferas, proporcionando uma governança cada vez mais vertical.
Hoje, há muitos bons projetos que não se transformam em benefícios sociais pelas dificuldades em acessar linhas de fomento. Ao facilitar esse acesso, estamos também reconstruindo modelos de desenvolvimento que são, no mínimo, absurdos. Atualmente, por exemplo, plantamos mais para alimentar a criação animal do que para a produção diversificada de alimentos. Nada menos do que 75% das terras aráveis são ocupadas pela pecuária. E isso em uma agricultura que depende fundamentalmente dos humores climáticos.
Adaptar-se é sobreviver. Mas é também criar oportunidades. E elas estão aí, com a expansão das energias alternativas e uma compreensão cada vez maior sobre a nossa relação de dependência com a natureza, a biodiversidade de onde a humanidade obtêm a maior parte de todos os seus fármacos.
Daqui a dois anos, a COP será realizada no Brasil. Que até lá, sejamos capazes de superar as frustrações e avançar objetivamente rumo a uma sociedade sustentável.
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