Novas tecnologias na Educação

Lúcia Teixeira. Presidente do Semesp, da Metared TIC Brasil e da Unisanta

Por: Lúcia Teixeira  -  29/06/23  -  06:07
  Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay

Em muitas conversas com educadores e gestores no meio universitário, tenho sentido o impacto que as novas tecnologias ligadas à inteligência artificial estão causando. São dúvidas, insegurança e falta de padrões de procedimentos que podem comprometer a criatividade, o talento e a ética e gerar um cenário de incertezas quanto à autoria das produções acadêmicas. Nesse contexto, o futuro da escrita acadêmica e da inteligência artificial no ensino está no centro dos debates. Textos criados a partir do ChatGPT em versões quase perfeitas assustam em mais um novo desafio para a linguagem, que é dinâmica e se transforma também com a tecnologia.


As produções científicas, literárias, ficcionais para todos os níveis de ensino são uma realidade e virar as costas não é a solução. Inclusive bem sabemos que o futuro irá aprimorar essas ferramentas e atuais versões. O ChatGPT e as tecnologias de automação viraram tema de teses, longas entrevistas em jornais, artigos e comentários nas redes sociais. O setor educacional não pode ficar de fora desse debate e muito menos não trazer as novidades, com orientação precisa e muito respeito à propriedade intelectual que deve ser valorizada sempre.


Se por um lado é assustador e motivo de alerta constatar que escritas acadêmicas podem ser criadas a partir dessas ferramentas, por outro é preciso entender que os benefícios para ampliar o conhecimento devem ser avaliados. Na vida, tudo tem dois lados, sabemos bem. O grande problema que tem sido apontado pelos especialistas em educação e tecnologia é a falta de letramento digital de nossos estudantes. Sem base e sem orientação é difícil compreender e selecionar um mundo de informações que chegam por todos os lados.


O letramento digital é urgente em nossas instituições. Eu diria, inclusive, que deve ser objeto de políticas públicas em todos os níveis. Como ficam os professores diante de um panorama que parece excluí-los da aprendizagem? O interesse pelos cursos on-line só aumenta. Continuo acreditando que o ser humano tem potencial maior que as máquinas que ele cria. A mudança de cultura nas instituições de ensino passa pelo uso da tecnologia de maneira mais convergente, no administrativo e no acadêmico, a serviço das pessoas, da aprendizagem, da agilidade da gestão e com mais dados para a tomada de decisões.


Professores e gestores precisam se informar sobre as novas plataformas, definir o uso em sala de aula, orientar os estudantes para falarem sobre suas dúvidas, mostrar a realidade com ônus e bônus que a tecnologia traz. Os gestores podem criar espaços de debates e compartilhamento entre os professores nas universidades para troca de experiências e definição de códigos de uso.


Há muitas tecnologias educacionais no mercado, mas cada instituição deve procurar as mais adequadas ao perfil de seus estudantes e de seus conteúdos, avaliando resultados, riscos e necessidades. É necessário pensar em uma política de integridade acadêmica, estabelecendo critérios éticos para o uso das ferramentas e um glossário comum. Diante de tantas transformações e curiosidades, a universidade mais do que nunca deve liderar o debate de uma forma qualificada, estudar os desafios e propor seu uso de forma organizada e transparente para atender às demandas dos professores, alunos, gestores e a própria sociedade. Para isso, a Metared TIC Brasil, Semesp, Universia e Unisanta realizam o 5º Encontro Anual da MetaRed TIC Brasil - o Impacto da Inteligência Artificial na Educação Superior, hoje e amanhã, na Unisanta, com a presença de representantes da Unesco, especialistas e educadores ibero-americanos.


Precisamos nos preparar para a educação do futuro sem medo, mas com cautela, usando mecanismos de proteção de dados, com a inteligência humana das universidades participando ativamente do processo.


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