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Roberto Teller

Investimento em infraestrutura no Brasil

Ao longo dos anos, a falta de um planejamento de Estado resultou em investimentos inconsistentes

Roberto Teller

28 de março de 2025 às 06:23
Investimento em infraestrutura no Brasil

( Foto: Unsplash )

(Unsplash)

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O investimento em infraestrutura no Brasil tem sofrido sucessivas quedas desde a década de 1980, impactando diretamente a competitividade do País, especialmente no setor portuário. Ao longo dos anos, a falta de um planejamento de Estado resultou em investimentos inconsistentes e na deterioração da infraestrutura essencial para o crescimento econômico.

Na década de 1980, o Brasil registrou uma taxa de investimento em infraestrutura próxima a 5% do PIB (produto interno bruto), sendo o país com o maior nível de investimentos nesse setor no mundo entre 1980 e 1988. Esse período foi marcado por grandes projetos de infraestrutura, impulsionados por um forte papel do governo no financiamento e execução das obras.

Na década de 1990, a taxa de investimento caiu para menos de 3% do PIB, sendo a redução mais intensa na primeira metade da década. Essa retração ocorreu em meio a um cenário de crise econômica, ajustes fiscais e mudanças no modelo econômico do País, com uma maior abertura para a participação privada. Contudo, a falta de um planejamento de longo prazo fez com que os investimentos não acompanhassem o crescimento da demanda, resultando em gargalos logísticos significativos.

No ano de 2020, o Brasil atingiu um dos menores níveis de investimento em infraestrutura de sua história, com apenas 1,6% do PIB. Esse valor está muito abaixo da média mundial e de outros países emergentes, comprometendo o desenvolvimento econômico e a competitividade do País no cenário global. No setor portuário, essa baixa aplicação de recursos contribuiu para a persistência de entraves operacionais, como a insuficiência da capacidade de armazenamento e dificuldades na movimentação de cargas.

Para 2024, estima-se que o investimento em infraestrutura alcançou pouco mais de R$ 200 bilhões, um aumento de 11% em relação a 2023. Ainda assim, esse nível de investimento continua abaixo do necessário para que o Brasil supere seus desafios logísticos.

O Porto de Santos, maior da América Latina, destaca-se por sua eficiência operacional e evolução tecnológica, tornando-se comparável aos melhores portos da Europa e da América do Norte. No entanto, esse avanço não impede que o complexo portuário esteja à beira do colapso. O crescimento orgânico na movimentação de cargas, estimado em 3% ao ano, deve levar o porto a um gargalo crítico até 2030, quando a capacidade deverá ser insuficiente para atender à demanda crescente.

Como parte das soluções para evitar esse colapso, a licitação do Tecon Santos 10 prevê um novo terminal de contêineres com capacidade para movimentar 3,5 milhões de TEU por ano. Esse terminal deve entrar em operação entre cinco e oito anos após sua licitação prevista ao final deste ano, proporcionando um alívio parcial para a sobrecarga prevista. Além disso, a construção da terceira via da Rodovia dos Imigrantes, com previsão de conclusão em aproximadamente dez anos, será fundamental para melhorar o acesso terrestre ao Porto, reduzindo os congestionamentos e melhorando a logística de escoamento da produção.

A infraestrutura brasileira, especialmente os portos, sofre há décadas com investimentos insuficientes e falta de planejamento estratégico. A instabilidade nos aportes reflete a ausência de uma visão de longo prazo, onde cada governo implementa suas próprias prioridades, sem continuidade nos projetos estruturantes, mesmo vendo avanços importantes e significativos no Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), executando um trabalho excelente capitaneado pelo ministro Silvio Costa Filho, a secretária-executiva, Mariana Pescatori, e o secretário nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila.

Para superar esses desafios, é essencial fortalecer um modelo de governança eficiente, atrair mais investimentos privados e garantir políticas que promovam o desenvolvimento sustentável da infraestrutura. Somente assim o Brasil poderá evitar o colapso logístico e manter sua competitividade no comércio global.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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