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Roberto Paveck

O debate necessário sobre a inovação portuária

Portos que se posicionarem apenas como consumidores de tecnologia enfrentarão maiores dificuldades, particularmente na manutenção de empregos

Roberto Paveck

29 de agosto de 2024 às 06:30Modificado em 29 de agosto de 2024 às 06:32
Compreender as tendências de mercado é essencial para a economia (Divulgação/Antaq)

Compreender as tendências de mercado é essencial para a economia (Divulgação/Antaq)

No último dia 27, participei como painelista da 5ª edição do Inova Portos, o maior evento de inovação portuária do Brasil, organizado pelos Portos do Paraná. Durante o encontro, tivemos a oportunidade de debater formas de impulsionar a inovação no setor e explorar as tendências globais que estão moldando o futuro da indústria portuária.

Compreender as tendências de mercado é essencial para a economia, especialmente devido ao impacto significativo que seus resultados podem ter. Um extenso estudo realizado em 2023 pela Universidade de Gdansk, na Polônia, com profissionais de 49 países, revelou que as inovações portuárias estão alinhadas com quase todas as grandes tendências globais. Como destaque, estão os projetos que visam aumentar a produtividade por meio de inteligência artificial e automação, além da adoção de tecnologias sustentáveis.

Esses avanços proporcionam um aumento sem precedentes na produtividade e uma melhor relação com o meio ambiente. No entanto, também trazem desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao impacto sobre o emprego. Nesse contexto, um relatório da McKinsey prevê que, até 2030, cerca de 16 milhões de empregos no Brasil poderão ser eliminados pela automação, representando 14% da força de trabalho atual.

Esse cenário desafiador também afetará o setor portuário e ressalta a importância do posicionamento estratégico dos portos em relação à inovação. Portos que se posicionarem apenas como consumidores de tecnologia enfrentarão maiores dificuldades, particularmente na manutenção de empregos. Em contraste, aqueles que abraçarem a inovação, investindo em qualificação e desenvolvimento tecnológico, poderão mitigar esses impactos e criar oportunidades.

Todavia, o panorama atual demonstra que o setor ainda está longe de alcançar o posicionamento estratégico desejado em relação à inovação. Como exemplo, em 2023, as startups, que desempenham um papel fundamental na promoção de novas tecnologias, captaram quase 2 bilhões de dólares. No entanto, quase nada desse montante foi direcionado ao setor portuário. Um estudo da Wilson Sons revelou que, em 2022, das mais de 12 mil startups no Brasil, apenas 22 estavam focadas no setor marítimo e portuário, representando apenas 0,18% do total.

Essa situação é preocupante, pois as startups têm o potencial de gerar milhares de empregos, inclusive em áreas fora da tecnologia, oferecendo uma alternativa valiosa frente a um cenário de transformação no mercado de trabalho. Essa falta de atratividade pode ser atribuída a diversos fatores, como o ambiente regulatório complexo dos portos, que frequentemente exige a consulta e aprovação de múltiplas autoridades para a implementação das inovações.

Diante desse cenário, fica claro que, para construirmos um futuro próspero, precisamos colocar a inovação no centro das discussões do setor. Um passo essencial é entender como o setor portuário pode evoluir para se tornar mais atraente para empreendedores e startups, criando um ambiente que incentive a inovação e o investimento. Nesse sentido, o esforço dos Portos do Paraná em promover esse debate é um excelente exemplo de como os portos podem liderar o caminho para um futuro mais inovador.

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