Perder do Al Ain não é vexame se você não é o Real Madrid

Por pior que pareça, o equilíbrio de forças é uma realidade evidente

Por: Heitor Ornelas  -  21/12/18  -  17:49
Al Ain empatou jogo no tempo normal e, nos pênaltis, eliminou o River
Al Ain empatou jogo no tempo normal e, nos pênaltis, eliminou o River   Foto: Giuseppe Cacace/AFP

O Al Ain chegou à decisão do Mundial de Clubes e fez mais do que muitos esperavam ao eliminar o River Plate, que dias antes havia conquistado o tetracampeonato da Libertadores de forma brilhante diante de ninguém menos que o Boca Juniors. Enquanto os árabes comemoraram, os argentinos e os demais sul-americanos encararam o resultado como vexame. Mas a derrota de um time quatro vezes campeão da América do Sul para um adversário sem expressão nada mais é do que um sinal dos tempos que temos de aceitar.


Por mais tradicional que seja o River, em campo ele não se fez tão superior. E isso não chega a ser demérito. Os argentinos, que perderam um pênalti no tempo normal, não fizeram uma partida bisonha, cujo resultado tem a cara de castigo merecido. Por outro lado, os árabes não jogam como há 40 anos, quando iam às Copas do Mundo como meros sparrings. Somando tudo, chegamos ao equilíbrio que possibilitou ao Al Ain encarar o Real Madrid – escrevo o texto antes da decisão deste sábado. Se os árabes conseguirem derrotar os espanhóis, aí sim é zebra, com Z maiúsculo. Mas não creio.


Com a globalização, que acelerou o intercâmbio de jogadores, e a predominância do preparo físico sobre o técnico em campo, as distâncias no futebol se encurtaram demais. À exceção de gigantes como Real Madrid, Barcelona, Manchester City e mais uma ou outra potência europeia em boa fase, como o Paris Saint-Germain, o equilíbrio de forças é evidente. Sem falar que, desde que o Mundial passou a ser disputado nesse formato, as semifinais são sempre páreo duro para os sul-americanos. São Paulo e Corinthians, os últimos campeões de fora da Europa, passaram a duras penas para a decisão, enquanto Atlético-MG e Internacional provaram do mesmo veneno que derrubou o River Plate nas semifinais.


Os mais saudosistas, não sem razão, podem torcer o nariz para esse equilíbrio duro de engolir. Mas ignorá-lo é fechar os olhos para o que está à frente.


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