Ninguém se supera como o Santos

Quando tudo parece que vai dar errado, o time faz o impossível

Por: Heitor Ornelas  -  18/01/21  -  20:00
Com Cuca, o Santos foi longe em uma temporada que tinha tudo para acabar em tragédia
Com Cuca, o Santos foi longe em uma temporada que tinha tudo para acabar em tragédia   Foto: Vanessa Rodrigues

O Santos está em mais uma final de Libertadores. Surpreendendo até o mais otimista dos torcedores, o time de Cuca e Marinho deixou problemas e adversários de peso para trás e se classificou para enfrentar o Palmeiras no próximo dia 30, no Maracanã. A vitória vai valer o sonhado - inesperado - tetracampeonato continental.


Para ficar a um passo de comemorar a façanha, o Santos se valeu principalmente de sua capacidade única de surpreender. Assim como em 1978, quando venceu o Paulista com um time cheio de garotos; ou em 2002, quando Diego e Robinho acabaram com o jejum de títulos; ou ainda como em 2010 e 2011, com Neymar e Ganso fazendo história, o time de 2021 derrubou todos os prognósticos. É claro que será preciso bater o Palmeiras para fechar a caminhada com chave de ouro. Contudo, ainda que o título não venha, a campanha será sempre lembrada.


Na temporada 2020/2021, o Santos viveu uma crise sem precedentes – e olha que crise é o que não falta na Vila Belmiro. Dívidas com Deus e o mundo, punição da Fifa, brigas políticas, impeachment do presidente e um surto de covid-19 desenharam um cenário apocalíptico. Mas, com um técnico que conhece a alma do jogador, e com um atacante inspirado como nunca, o time passou por tudo e todos até chegar a um ponto inimaginável.


Vivendo sempre no limite, levantando taças quando o normal seria brigar para não cair, o Santos se firma como uma força da natureza. Assim, acaba de vez com essa conversa de que não é grande por estar fora de uma capital ou por ter uma torcida ausente. A grandeza do Santos não pode ser medida pela régua dos rivais.


Entretanto, uma hora o clube vai ter de entrar na linha em matéria de gestão. Afinal, a próxima crise pode vir em um momento no qual as peças não encaixem dentro de campo. A forma como o clube cuida da base e lança jogadores é um dos exemplos a serem seguidos no restante da administração.


Com pouco menos de um mês de gestão, o presidente Andres Rueda ainda não pode ser avaliado. Ele ganhou a eleição com ampla vantagem, num claro sinal de confiança por parte do associado. Na campanha, apresentou um discurso consciente e condizente com quem conhece o tamanho da encrenca e pretende encará-la com seriedade antes de tudo.


Que assim seja, pois, se mantiver a rotina de desmandos e trapalhadas nos bastidores, o Santos uma hora vai acabar pagando a conta. A camisa é pesada, mas convém parar de abusar da sorte.


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