A inesperada derrota do Santos para a Chapecoense, segunda (12), no Pacaembu, foi mais do que um balde de água fria no ânimo do torcedor. Empolgado com a possibilidade de ver o time assumir a sexta colocação na tabela, posição que leva a equipe à pré-Libertadores 2019, o santista assistiu de novo o velho e manjado filme.
Produção em que Baleinha e Baleião saem de cena para dar lugar ao Robin Hood praiano, que adora ajudar os fracos e remediados da zona da degola a saírem do caixão ou terem um sopro de esperança de se salvar da Série B.
Mas passada a decepção do resultado negativo, que pode, daqui a cinco rodadas, influenciar a não classificação à fase preliminar da Libertadores, uma questão pertinente fica no ar: até que ponto vale a pena o desejo de jogar a Libertadores?
OK, indiscutivelmente é o torneio mais importante de nosso continente, onde o título confere ao vencedor um status muito maior do que ser campeão brasileiro.
Na prática, no entanto, a realidade é bem diferente. A começar pelos escândalos de bastidores da atual edição do torneio promovido pela Conmebol, onde o Santos não caiu diante do Independiente no gramado do Pacaembu, mas no tapetão da entidade.
Pode-se argumentar que algum departamento ou funcionário do Alvinegro tenha sido incompetente no “caso Sánchez”, mas a Conmebol mostrou parcialidade no episódio. Como o fez quando Cruzeiro e Grêmio também se viram prejudicados posteriormente (e não coincidentemente) diante de times argentinos.
A frustrante eliminação santista nas oitavas de final, com o circo armado pelo tribunal da Conmebol, anunciando a decisão horas antes do jogo decisivo contra o Independiente, por si só já seria suficiente para o Santos mandar a Libertadores e a entidade sul-americana às favas em 2019.
Olha a Copa do Brasil aí...
Mas, além disso, ainda há a questão da premiação paga ao campeão sul-americano. Este ano, Boca Juniors ou River Plate embolsarão US$ 6 milhões (cerca de R$ 24 milhões). Menos da metade do que o Cruzeiro viu na sua conta bancária (R$ 50 milhões) ao ser campeão da Copa do Brasil deste ano, sobre o Corinthians. Isso sem contar com os cerca de R$ 17 milhões embolsados pelo time mineiro nas fases preliminares do torneio nacional.
Em 2019, a Conmebol acena com um prêmio de cerca de R$ 80 milhões ao campeão da Libertadores, que passará a ser decidida em jogo único (no dia 23 de novembro, na bela Santiago do Chile), mas isso ainda depende de acerto com patrocinadores.
Pesando tudo na balança, ainda há o aspecto competitivo, pois não há dúvida de que ganhar a Copa do Brasil é mais fácil do que vencer a Libertadores ou o Brasileirão, onde o clube precisa ter um elenco recheado e de primeira linha. E fôlego para ser o melhor após 38 rodadas.
Portanto, santista, ficar fora da Libertadores 2019 (caso isso aconteça) não seria, nem de longe, uma catástrofe. Serviria para o Santos focar em um objetivo mais próximo e palpável como a Copa do Brasil, que o clube não conquista desde 2010. Para isso, a permanência de Cuca e a chegada de uns quatro ou cinco reforços de qualidade seriam um ótimo primeiro passo.