Enfim, o fim

Chegamos a mais um final de história. Hoje o Guma termina de montar os móveis lá em casa

Por: Renê de Moura  -  23/04/21  -  11:05
  Hoje o Guma termina de montar os móveis lá em casa
Hoje o Guma termina de montar os móveis lá em casa   Foto: Mylene2401 por Pixabay

Quase tudo na vida é passageiro. Emprego, problemas, alegrias. Tudo passa. Não escreva nos comentários que até “uva passa” ou que “tudo é passageiro, exceto o cobrador”. O assunto é sério. Bom, tudo sempre passa. É preciso ter um alto grau de compreensão para entender esses ciclos. Hoje é um dia difícil. Chegamos a mais um final de história. Guma. Sim, hoje Guma termina de montar os móveis lá em casa.


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Depois de um começo avassalador com o rompimento de um cano hidráulico, no primeiro furo que fez, ele se encontrou e pudemos dividir harmonicamente aqueles 60m² com madeiras, dobradiças, parafusos, gato, 25 caixas de papelão. Nos demos bem, e ele entendeu minhas necessidades. Tanto que logo no terceiro dia pudemos deixar de dormir no box do banheiro e fomos para o chão da cozinha, graças ao seu trabalho. Só a cozinha que atrasou um pouco. Eu pedi para ser a primeira parte, mas até hoje estou cozinhando em cima da máquina de lavar.


Foram 10 dias acordando com o interfone anunciando sua chegada. Um café rápido, um comentário sobre o dia anterior e os planos que ele não iria cumprir naquele dia. Não acertou uma vez sequer. Mas sempre foi muito otimista e teve um bom poder de convencimento. “Hoje faremos a cozinha”, ele dizia. No final do dia, quando eu chegava em casa, cansado de 12 horas na agência, era recebido com a sala ainda em andamento – muito longe de terminar – e a cozinha intacta. No dia seguinte, interfone, café, novos planos e o porquê de não ter nem começado a cozinha. “Repensei e defini um outro plano de voo”, dizia ele.


Guma é daqueles caras metódicos e com uma memória impressionante. Tudo o que eu perdi durante esse holocausto, ele sabia exatamente onde estava guardado. De cafeteira ao carregador de celular, de Air Fryer à comida do Romeu. “Eu vi seu relógio dentro da gaveta de meias. Do lado direito”, disse ele quando precisei. E eu nem sabia tinha uma gaveta de meias.


Olha só: Guma leva um aspirador de pó para dar um trato. Sensacional. Eu não tenho um aspirador de pó. Ele tem. Um Electrolux vermelho e prata que eu deixaria no meio da sala para decorar se fosse meu. Lindo.


Romeu aceitou bem ele. Foram raras as vezes em que o atacou. Acho que é porque ele ameaçava furar o olho do bicho com a furadeira.


Mas, é o fim. Hoje, quando saí, enquanto ele planejava como terminaria a cozinha – que ainda não está pronta – senti como se estivesse apertando um parafuso no meu peito. Disse para ele que em breve penso em comprar algum móvel para que possamos colocar a conversa em dia entre porcas, serragem e cola. Talvez um aparador, um mancebo. Nada demais. Apenas uma peça que exija apenas uma tarde. E abrimos um grupo no whatsapp. Eu, minha mulher, Guma e Niverton. Niverton tinha que estar. Foi ele que interfonou todos os dias para anunciar a chegada de Guma. Se quiser, passe seu número inbox que coloco você no grupo. Sou administrador.


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