Não é uma crônica.
É um pouco down.
Não sei se você deve ler.
E se?
E se a vacina não tivesse sido descoberta?
E se não combinaram com novas cepas e variações do vírus que eles devem sucumbir a esse imunizante?
E se?
Quanto tempo a gente iria ficar em casa? Pra sempre?
E se de onde saiu esse maldito, sair outro? Porque onde passa um boi, passa uma boiada.
E se o que vier, se vier, disser que não vai aceitar que uma vacina pare com sua missão biológica?
Nunca mais iremos ao show do Iron Maiden no Allianz Parque? Nunca mais vou poder comer num restaurante, andar sem máscara ou abraçar as pessoas?
E se a economia não conseguir subir os degraus que desceu? E se o empresário perceber que não vale investir num mundo que não vai consumir do mesmo jeito e decidir parar, demitir, aposentar?
Vou viver do que? E você? Porque por mais que seu emprego não tenha sido extinto, se isso continuar por mais um tempo, ele vai ser engolido pelo ostracismo do mercado.
Eu não sei se devemos voltar a rotina.
Eu não sei se devemos ficar em casa.
Eu não sei.
O Doria não sabe.
O Bolsonaro não sabe.
O Silvio Santos não sabe.
O Papa, o chefe da OMS e o Bill Gates não sabem.
Você não sabe.
Ninguém sabem.
O que temos é uma ala que defende que temos que ficar de lockdown. Esses, ainda não perderam emprego, a dispensa não está vazia por enquanto e, comer ou não, ainda é algo que ele decide. Nesse grupo você não achará nenhum ser desesperado para colocar alimento na boca de seus passarinhos que esperam no ninho.
E temos a ala que defende o “bora voltar ao normal”, que precisa pôr a barriga no balcão e torcer para que alguém compre o que ele vende porque, só assim, ele vai acreditar que ainda dê para continuar.
Talvez não dê. Mas ele precisa tentar. Aqui, você não vai encontrar quem perdeu filho, pais, esposa ou ficou dias entubado. Neste grupo, as pessoas não receberam um atestado de óbito com um sobrenome e endereço igual ao dele.
Os dois lados estão certos.
Os dois estão errados.
Os dois não sabem qual a solução.
Então, quando você ouvir uma ordem de “fique em casa” ou um “isso só mata 0,1% da população”, lembre-se que o que existe por traz dos dois discursos são interesses, sem respostas. Porque elas não existem. Só existem as perguntas. Tipo “e se?”.